ANDREW THOMSON
Ensaio
"Alarme aos não convertidos."
"Alarme aos não convertidos."
Existem dois principais modos de
persuadir os homens a se arrependerem e crerem no Evangelho. Um deles
consiste em representar para eles o "amor de Deus", definindo diante deles todas as bênçãos que o
amor está pronto para conceder. A outra consiste em dar-lhes uma exposição
clara e honesta do "terror do Senhor", em apontar-lhes a ira do
Todo-Poderoso contra aqueles que cometem pecado, fazendo-lhes ver as terríveis
consequências de continuar a ser
"inimigo de Deus “, criando assim, um alarme em suas consciências para
fazê-los abandonar seus maus caminhos, e" fugir para o refúgio que está em
Cristo e no seu Evangelho.
Para este último modo, há alguns que têm uma aversão tão forte, que quando alguém fala a respeito da ira de Deus, é tido por um fanático sombrio, cuja imaginação se deleita em meditar sobre as imagens de miséria e desespero, ou por um impiedoso, que não tem em conta o conforto de seus semelhantes, mas tem prazer em torturá-los com alarme desnecessário.
Estamos dispostos a admitir que é errado dar muita ênfase sobre o terror do Senhor, sem falar também do grande amor que Ele tem pelos homens, admitimos, ainda, que pode haver o perigo de assustar as mentes de alguns, se este tema não for ministrado com cuidado e clareza, mas como este assunto está na bíblia, precisa ser ensinado, pois não há doutrina dentro da palavra que seja proibida de ser ensinada.
Em primeiro lugar, o terror do Senhor constitui uma parte óbvia e essencial da verdade divina.
Erram aqueles que ensinam que esta doutrina é uma mera ficção, criação de uma mente fantasiosa ou a invenção de um ministério despreparado.
É justo e zeloso , mas também ele é bom e compassivo
Que
ele odeia os que praticam a iniquidade, como também que ele ama aqueles que o
temem e o servem.
Que
ele ordenou um inferno para os incrédulos, como também que ele preparou um
paraíso para os que creem.
Que,
no dia do juízo, ele vai pronunciar uma sentença de condenação sobre os ímpios,
como também que ele vai pronunciar uma sentença de absolvição sobre os justos.
Que
o primeiro deve ir para o castigo eterno, enquanto que o último deve entrar na
vida eterna.
Que
a angústia do pecador condenado é absolutamente certa e inconcebivelmente
grande, como também que a felicidade dos santos glorificados nunca terá fim.
Há
algumas coisas na Bíblia que não são muito claras e há outras coisas que parecem ser cheias de
mistérios, mas não é o caso da doutrina do terror do Senhor.
Este
ensino se encontra revelado em todas as partes do registro sagrado. Nós
não passamos do terceiro capítulo do livro de Gênesis, e já vemos nossos primeiros
pais sendo expulsos do Paraíso, e a própria "terra sendo amaldiçoado por
causa deles." Quando chegamos à conclusão do. Apocalipse, somos tomados
de assalto com um terrível aviso: Que se alguém tirar alguma palavra do
livro desta profecia, Deus tirará a
parte dele do livro da vida.
"E
desde o início até o final da palavra de Deus há uma série de
AMEAÇAS
FORMAIS, IMPOSIÇÕES E MALDIÇÕES para aqueles que são rebeldes e desobedientes.
Em segundo lugar, o evangelho é um
esquema de libertação. Seu objetivo é resgatar os homens do
império das trevas em que vivem, uma vez que se fizeram reprováveis por
transgredirem a lei divina.
Mas
quando olhamos a extensão dos males que devem ser removidos do coração do homem,
não podemos reprovar os métodos mais severos, pois muitas vezes a alma humana
está tão imersa na escuridão que somente um forte impacto pode acordá-la.
Então que o Evangelho seja pregado sem rodeios, sem tentarmos esconder as duras palavras de reprovação que a escritura dá ao pecador que caminha pelo vale da sombra e da morte.
que
haja um imagem fiel da malignidade do
pecado e da justiça vingadora de Deus com relação a esse pecado, da condenação que receberão aqueles que não
correrem para a cidade de refúgio, para dentro da arca, para a porta da
salvação, que é Jesus.
E
como poderia ser diferente? Se Evangelho é fundado no princípio da santidade
imaculada de Deus e da justiça retributiva, e no fato de que o homem, como um
transgressor da vontade de Deus em sua lei, tornou-se sujeito a grave pena, e de
que Deus criou um plano infalível para tirá-lo
do estado de culpa e miséria em que ele está mergulhado, e que esse plano é o EVANGELHO DE SEU FILHO.
E se isto é uma descrição correta do
Evangelho, como podemos pregá-lo pela metade, sem revelar aos homens o terror do Senhor? Como vamos alertar as pessoas a fugir da ira
vindoura se não pregarmos o evangelho em sua total revelação?
Se
os ouvintes não souberem que estão irremediavelmente condenados, separados para
sempre da presença de Deus como eles vão temer quando ouvirem que “ terrível
coisa é cair nas mãos do Deus vivo” ?
Para
julgar o valor e a eficácia de qualquer receita médica, deve ser informado ao paciente sobre a
natureza e os efeitos da doença, que se pretende curar, e que se paciente não
seguir o orientação médica, o quadro só vai se agravar e as consequências se
tornarão irremediáveis.
Portanto,
toda crítica feira a doutrina bíblica do terror do Senhor é como um boicote ao
evangelho, uma tentativa de se lhe tirar a força e o poder de persuasão e como
está escrito, seja anátema, seja amaldiçoado, todo aquele que tentar pregar
outro evangelho ( Gl 1. )
Em terceiro lugar, desde os tempos antigos, homens cheios do Espírito Santo, trovejam esta
doutrina. Temos o exemplo dos profetas inspirados de
Israel para justificar-nos em recorrer
ao terror do Senhor.
os profetas que Deus antigamente comissionados para chamar nações ou indivíduos ao arrependimento, davam muita ênfase sobre o horror do pecado, e nos julgamentos desoladores com a qual ele iria visitar aqueles que obstinadamente persistissem neles.
os profetas que Deus antigamente comissionados para chamar nações ou indivíduos ao arrependimento, davam muita ênfase sobre o horror do pecado, e nos julgamentos desoladores com a qual ele iria visitar aqueles que obstinadamente persistissem neles.
Eles
nunca hesitaram em apresentar o assunto do pecado e das suas terríveis
consequências em todas essas ocasiões,
ou tiveram qualquer receio de ofender ou de fazer mal, para aqueles a quem
a mensagem foi entregada. Pelo
contrário, eles apresentaram a palavra profética sem rodeios, eles vestiram
suas palavras com uma linguagem mais forte, com ilustrações mais impressionantes, e cada vez
que o ímpio ouvia, tremia e fraquejavam
as suas pernas.
É verdade, eles falaram também da misericórdia
de Deus e de seu perdão, de sua vontade de salvar, da ternura e da compaixão que sentia pelo seu
povo ingrato e desobediente. Mas em cada comunicação que eles fizeram com os homens, os
trovões da indignação divina ameaçavam a
consciência dos filhos de Abraão.
A mesma
coisa é inequivocamente vista na condução dos Apóstolos, e mesmo com eles o terror
do Senhor é um tema de recorrência frequente, de momento indispensável, de advertência
séria e incessante. Eles estavam
ocupados, divinamente ocupados em
publicar as boas novas da salvação
- Em
declarar os propósitos e os planos de Deus, em "pregar as insondáveis riquezas de
Cristo", em difundir o bálsamo da
consolação celestial, mas não se esqueciam de apelar para a consciência de cada
pessoa que os ouvia, alertando-as sobre o juízo vindouro e a justiça perfeita
de Deus, que só se realiza com a morte expiatória de Cristo.
Mas ainda podemos apelar para aquele que é maior do que os profetas ou os apóstolos. O terror do Senhor foi proclamado pelo próprio Jesus Cristo. - Ele foi "ungido para pregar boas novas aos mansos, para curar os quebrantados de coração, a consolar todos os que choram", e esse caráter amável e cativante foi por ele plenamente vivido. Ele falou tranquilamente ao seu povo, e, compassivamente para os seus inimigos, e a misericórdia adornava a sua vida. Mas ele estava o tempo todo em silêncio no que diz respeito a ira de Deus contra os ímpios? Será que ele se absteve de dar testemunho da severidade da justiça divina?
Alguém já ouvir falar
de Cristo evitando ou atenuando qualquer
parte da verdade, fugindo de temas como a "perdição dos homens ímpios", cuidando
com o que falava para não ofender as mentes mais sensíveis, como ensinam hoje
os críticos polidos e liberais?
Não meus
leitores, nunca foi assim com Jesus, ele
sempre soube que era melhor entrar sem um braço no reino do que com os dois
braços ser lançado no fogo do inferno. Ele sempre soube o que significava para
o homem os terrores da "segunda morte".
Nosso
bendito Salvador, que também é Mestre e autor da palavra, nunca cessou de exortar os homens e a trabalhar com os medos e
apreensões do coração humano. E
ao fazê-lo, ele fez uso de declarações tão fortes, e de termos tão duros como nenhum
de seus apóstolos ou de seus profetas no
Antigo Testamento.
JESUS nunca deixou de anunciar sobre
"a ira que foi revelada do céu contra toda a injustiça e impiedade dos
homens",
- Que Deus
"não inocenta o culpado", que "os ímpios serão lançados no
inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.
- Que
"indignação e ira, tribulação e angústia, cairá sobre toda a alma do homem
que desprezar o evangelho e que os
hipócritas, como os escribas e fariseus , não poderão "escapar da
condenação do inferno".
- Que aqueles que não estão preparados para o céu,
por não crerem na palavra do Senhor “ serão lançados nas trevas exteriores,
onde haverá choro e ranger de dentes"
- Que "a ira de Deus permanece sobre
eles" que não acreditam, - - Que "a não ser que os pecadores se
arrependam, eles devem todos perecer,
-Que, no último dia, os ímpios ressuscitarão
para" vergonha e desprezo eterno "
-Que" não subsistirão no juízo ", nem
farão parte" na congregação dos justos "
-Que fugirão os descrentes para as montanhas e
rochas e elas cairão sobre eles que
tentarão se esconder da face daquele que
está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro "
- Que quanto aos que não creem serão enviados
para o lugar de castigo ", preparado para o diabo e seus anjos" - que
será "lançado no lago que arde com fogo e enxofre" - e que "a
fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre. "
Estas declarações são, de fato, terríveis , e podem muito bem fazer com que o
coração rebelde venha a tremer.
De maneira que , depois de sabermos de tudo
isso, não mais poderemos afirmar que quem prega essa mensagem sobre o TERROR DO
SENHOR está inventando fábulas para assustar as pessoas com pouco conhecimento
da palavra ou aterrorizar os leitores mais simples, fazendo-os sofrer sem necessidade.
Queridos estudantes da palavra de Deus, amados
professores da escola dominical e pregadores
do evangelho, o que nós queremos é que se deixe de brincar com a verdade.
.
- Seria talvez mais fácil para nós evitar este assunto por completo, ou tirar de nossa pregação todo tom mais ameaçadora,e sussurrar palavras suaves no ouvido do mundano descuidado, ou do transgressor endurecido, para dizer "Paz, paz, para eles, quando não há paz".
- Seria talvez mais fácil para nós evitar este assunto por completo, ou tirar de nossa pregação todo tom mais ameaçadora,e sussurrar palavras suaves no ouvido do mundano descuidado, ou do transgressor endurecido, para dizer "Paz, paz, para eles, quando não há paz".
- Seria igualmente cômodo falar somente sobre as
bênçãos, sobre os direitos e privilégios dos filhos de Deus sem nunca tocar no
assunto das penalidades que aguardam o malfeitor, mas como faríamos isso se
eles estão caminhando a passos largos até as moradas do inferno, Como
poderíamos lidar mais suavemente com as
suas consciências? Se uma cobra está ao
lado de teu amigo para morde-lo, você o avisaria com sussurros ou com
grande alarido?
Servos de Cristo, existe o tempo e o lugar de
se cantarem "lindas canções sobre a
bondade de Deus”, mas quando uma alma está morta pelo pecado, precisamos
tirá-la deste sonho ilusório de que tudo está bem.
Estamos convencidos de que os evangelistas
serão sábios se usarem estes dois métodos de persuasão em conjunto, não se
esquecendo nem da bondade, nem da
severidade de Deus e com ousadia anunciar-lhes a palavra de Deus, que de muitas
maneiras prepara o caminho para a salvação:
"ouvi, e a vossa almas viverá", e em
outro momento, "toda alma que não ouvir a esse profeta, será exterminada
dentre o povo"
- E em outro lugar, "Arrependei-vos e
convertei , para que os vossos pecados sejam apagados ",
Ou nas próprias palavras de Jesus:" Se não
vos arrependerdes, todos pereceremos "
-Ou nas palavras de Marcos," aquele que
crê e for batizado, será salvo ", têm a coragem de acrescentar: "quem
não crê será condenado"
-Ou nas palavras do apóstolo, dando a entender
que, quando "o Senhor Jesus será revelado do céu", ele "vem para
ser glorificado nos seus santos e admirado por todos os que acreditam , " não
deixando de declarar, que ele virá " em chama de fogo, tomando vingança
dos que não conhecem a Deus, e;. não obedecem ao Evangelho "
Mas pode-se dizer que, embora não pode haver objeção ao terror o Senhor sendo proclamado para os incrédulos e pecadores, esta doutrina não se aplica aos que creem.
Mas pode-se dizer que, embora não pode haver objeção ao terror o Senhor sendo proclamado para os incrédulos e pecadores, esta doutrina não se aplica aos que creem.
Mas nós
mostraremos algumas razões do porque dos crentes também meditarem sobre o
terror do Senhor:
- Essa meditação vai mostrar-lhes,
sob uma luz mais clara, o valor do Evangelho que lhes revelou o método de
libertação da culpa e miséria.
- Vai dar-lhes uma visão mais justa e consistente dos
atributos de que Deus , os quais são obrigados a temer, assim como o amor.
- Vai preenchê-los com uma estima maior para Jesus,
percebendo de quão terrível destino eles foram salvos
- Vai fazê-los ver grandeza do sacrifício de Cristo na cruz e
o lugar de onde eles vieram
Vai servir para
mantê-los humildes, lembrando-os do poço de onde foram tirados, e a rocha da
qual eles foram assentados
- Vai enchê-los de gratidão, ao verem a punição que eles
mereciam, e a graça ao qual foram destinados
- Vai fazê-los ver a sutileza do diabo em enganar as pessoas,
tentando falar de paz, onde nçao há paz
- Vai dar mais calor e
mais na atividade evangelística, pois trataremos com mais seriedade a nossa
missão de evangelizar.
Portanto, amados irmãos, exposto isto, agora nada mais me
resta a não ser exortar a todos os ensinam ,que o façam de forma honesta e verdadeira,
sem nada a esconder dos ouvintes, pois não pregamos para agradar as pessoas,
mas para salvá-las e edificá-las, fazendo qualquer coisa para levar todos ao
pleno conhecimento de Cristo.
Andrew Thomson Edimburgo maio 1823.
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