“Deus amaldiçoe teu descanso e a tranquilidade que buscas para estudar, se diante de uma necessidade tão grande te retiras e te negas a prestar socorro e ajuda” – Guilerme Farel.
Esta frase foi dita por um homem chamado Guilherme Farel, chefe do grupo de missionários protestantes que saíram da cidade de Berna e estavam em Genebra, ambas na Suíça durante a Reforma Protestante no século 16.
Esta frase foi dirigida a João Calvino, um dos gigantes da Reforma Protestante.
Não se espante, vamos ver o contexto da situação nas palavras de Justo Gonzalez, no volume 6, página 113 do livro A Era dos Reformadores (de onde extraí a imagem acima):
Calvino não tinha a menor intenção de dedicar-se à vida ativa de seus muitos correligionários que em diversas partes levaram a cabo a obra reformadora. Mesmo que sentisse para com eles profundo respeito e admiração, estava convencido de que seus dons não eram os de pastor, ou um “cabo de guerra”, mas sim os de estudioso e de escritor.
Depois de uma breve visita a Ferrara, e outra à França, decidiu estabelecer seu domicílio em Estrasburgo, onde a causa reformadora havia triunfado e onde havia uma grande atividade teológica e literária que lhe parecia oferecer um ambiente propício para seus trabalhos.
Mas o caminho mais direto para Estrasburgo estava fechado por razões de uma guerra, e Calvino teve que se desviar e passar por Genebra. A situação nessa cidade era confusa. Algum tempo antes, a cidade protestante de Berna havia enviado missionários a Genebra, e estes tinham conseguido o apoio de um pequeno núcleo de leigos instruídos que ansiavam pela reforma da igreja e de um forte contingente de burgueses cujo principal desejo parece ter sido o de ganhar certas vantagens e liberdades que não tinham sob o regime católico. O clero, em geral de escassa instrução e menor convicção, simplesmente havia seguido ordens do governo de Genebra quando este decidiu abolir a missa e optar pelo protestantismo. Isto tinha ocorrido poucos meses antes da chegada de Calvino a Genebra e, portanto, os missionários procedentes de Berna, cujo chefe era Guilherme Farel, se encontravam à frente da vida religiosa de toda uma cidade e carentes de pessoal necessário.
Calvino chegou a Genebra com a intenção de não passar ali mais que um dia e prosseguir seu caminho para Estrasburgo. Porém alguém avisou a Farel que o autor das Institutas se encontrava na cidade, e assim se produziu uma entrevista inolvidável, que o próprio Calvino nos conta.
Farel, que “ardia com um maravilhoso zelo pelo avanço do evangelho”, apresentou a Calvino várias razões pelas quais precisava de sua presença em Genebra. Calvino escutou atentamente seu interlocutor, uns quinze anos mais velho que ele, porém se negou a aceitar seu rogo, dizendo-lhe que tinha projetado certos estudos e que não lhe seria possível terminá-los na situação em que Farel descrevia. Quando por fim, Farel tinha esgotado todos seus argumentos, sem conseguir convencer ao jovem teólogo, apelou ao Senhor de ambos e insurgiu contra o teólogo com voz estridente: “Deus amaldiçoe teu descanso e a tranquilidade que buscas para estudar, se diante de uma necessidade tão grande te retiras e te negas a prestar socorro e ajuda”.
Diante de tal imprecação, nos conta Calvino: “essas palavras me espantaram e me quebrantaram e desisti da viagem que tinha empreendido”. E assim começou a carreira de João Calvino como reformador de Genebra.
Entendeu as circunstâncias da frase acima?
Esta passagem da história da igreja é de alguma valia para nós hoje? SIM!
Quantos estão acomodados, com seus dons enterrados, sem fazer nada. Criando uma fortaleza na mente dizendo que o que estão fazendo para o Reino de Deus é o suficiente! Está bom assim, pensam eles!
“Este é o meu dom, orar pelos outros!” Dizem alguns, e acabam orando sofrivelmente!
Ou ainda “Este é o meu dom, contribuir”. E acaba dando algumas migalhas para Missões.
Outros não fazem nada, esquentam o banco com a sua temperatura morna.
Missões também é ser Enviador! Também é ir com orações e com dinheiro, mas não exime as pessoas de testemunharem de Cristo!
Ficam em uma profunda sonolência. Dormem na luz! Acordarão no lago de fogo?
Vamos ler a frase novamente e tirar dela algumas lições:
“Deus amaldiçoe teu descanso e a tranquilidade que buscas para estudar, se diante de uma necessidade tão grande te retiras e te negas a prestar socorro e ajuda”.
Necessidade de descanso e de tranquilidade para fazer algo – Jesus nos disse que no mundo passaríamos por tribulações, logo, não existirá real e duradouro descanso para os servos de Deus!
Estudar – o estudo é bom! É necessário! Contudo, lemos em Coríntios que a ciência (conhecimento) incha e o amor edifica. O amor é mais importante que o conhecimento. O amor precisa do conhecimento para ter equilíbrio. O conhecimento precisa do amor para manter-se relevante.
Diante de uma necessidade – as necessidades do corpo de Cristo existem, quer a gente queira ver ou não!
Retirar-se – fugir das obrigações, enterrar seu talento! Como Jonas! Você esperará ser engolido por um peixe? Não há aposentadoria para os cristãos! Se a pessoa está viva, tem de trabalhar!
Negar a prestar socorro e ajuda – Lembre-se que Jesus disse que o amor de muitos se esfriaria nos últimos tempos. Você está incluído nesta turma?
Vamos nos arrepender dos nossos desejos de descanso e da nossa preguiça ou indiferença. Que venhamos a nos comprometer mais com a obra de Deus!
O que você está fazendo para o Reino de Deus?