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promissor

Seu primeiro campo de ação foi a cidade de Goa,
principal colônia portuguesa no Oriente, onde os europeus esquecidos de sua
missão civilizadora, dedicavam-se a um lucrativo comércio e se deixavam
arrastar pela sensualidade e pelos vícios do mundo pagão.
Em poucas semanas, fizeram-se sentir naquela cidade
o benéfico efeito da ação de presença, das pregações e do ativo zelo do novo
missionário.




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Certo dia, estando na cidade de Malaca,
apresentaram-lhe um homem de olhos oblíquos e mirada inteligente, que havia
percorrido centenas de milhas tendo por único intuito encontrar-se com o
célebre e venerável ocidental que falava de
um Deus que perdoava os
pecados... Seu nome era Hashiro e sua terra natal, o Japão.

Lutando contra adversidades de toda ordem, mais de
dois anos passou Francisco no remotíssimo Império do Sol Nascente, fundando
igrejas, anunciando a verdadeira fé a príncipes e nobres, a pobres camponeses e
inocentes crianças. Em carta de novembro desse mesmo ano, declarou a seus
irmãos: "Pela experiência que temos do Japão, faço-lhes saber que seu povo
é o melhor dos descobertos até agora".

Depois de ter percorrido o Extremo Oriente em todas
as direções durante dez anos e levantado o nome daquele que morreu na Cruz no
arquipélago nipônico, o coração de Francisco, insaciável da glória de Deus,
lançou- se a conquistar novos povos para seu Rei e Senhor: a China seria agora
sua grande meta. Pela importância do império chinês, por sua incalculável
população e, sobretudo, seu prestígio e riqueza cultural, compreendeu que, se tornasse
ali conhecido o nome de Jesus, a Ásia inteira se prostraria aos pés do Divino
Redentor.
"Este ano espero ir à China, pelo grande
serviço a nosso Deus, que lá se poderá obter", escreveu em janeiro de 1552
a seu pai. No mesmo ano, referindo-se a esta nação, comunicou a seus irmãos de
vocação os anelos e esperanças de sua alma de missionário: "Vivemos com
muita esperança de que, se Deus nosso Senhor nos der mais dez anos de vida,
veremos grandes coisas nestas regiões. Pelos méritos infinitos da Morte e
Paixão de Deus nosso Senhor, espero que Ele me dará a graça de fazer essa
viagem à China".
Retornando do Japão, pouco tempo se deteve Francisco na Índia. Apenas o suficiente para
atender as necessidades da tão desejada viagem à China.
Um dedicado amigo do infatigável missionário,
chamado Diogo Pereira, empregou toda a sua fortuna fretando um navio,
carregando-o com esplêndidos presentes para o imperador da China e adquirindo
magníficos paramentos de seda e de damasco, e todo tipo de ricos ornamentos a dar aos chineses noção da grandeza da
verdadeira religião que lhes seria anunciada.
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Antes de viajar, o Santo escreveu ao Rei de
Portugal, em abril de 1552: "Parto daqui a cinco dias para Malaca, que é o
caminho da China, para ir dali, em companhia de Diogo Pereira, à corte do
imperador da China. E da parte de Vossa Alteza levo um que nunca foi enviado
por nenhum rei nem senhor a esse imperador: a Lei verdadeira de Jesus Cristo nosso
Redentor e Senhor". Assim, no dia 17 de abril de 1552, embarcou na nave
Santa Cruz para conquistar o império de seus sonhos
No entanto, poucos dias de navegação haviam
transcorrido, quando desencadeou- se terrível tempestade. A tripulação do
navio, espantada com a violência dos elementos e tendo perdido qualquer
esperança de salvação, pedia com grandes clamores o livramento da morte.
Francisco Xavier, imperturbável, recolheu-se em profunda oração. E
imediatamente - assim como outrora à voz do Divino Salvador as águas do Lago de
Genezaré haviam- se acalmado - o vento cessou de soprar e as ondas tornaram-se
suaves e calmas pela fé e pelas preces desse humilde conquistador de impérios.
Mas a partir deste momento, não cessaram os
infernos de levantar obstáculos e contrariar a viagem. "Tende por certo e
não duvideis que de modo algum que o demônio tudo fará para evitar que o nome
de Jesus entrem na China" - escreveu ele em novembro de 1552.
Chegando à cidade de Malaca, última escala antes de
penetrar em águas chinesas, inopinadamente, o capitão português desse porto -
que, aliás, devia seu cargo aos bons ofícios e recomendações de Francisco -
impediu a continuação da viagem, alegando que só a ele caberia o comando de uma
expedição à China...
A ambição e
a cobiça desse infeliz levaram-no ao extremo de insultar e maltratar aquele
peregrino da glória de Deus.
Finalmente, após várias semanas de espera, a nave
Santa Cruz pôde singrar as águas em direção à China, mas sob o comando de
homens nomeados pelo capitão português, o qual morreu pouco tempo depois, corroído
pela lepra.
Com o coração partido, Francisco revelou em julho
de 1552: "Não podereis acreditar quanto fui perseguido em Malaca. Vou para
as ilhas de Cantão, no império da China, desamparado de todo humano
favor".
Sancião era o nome dado pelos portugueses à
inóspita ilha de Shangchuan, situada a 180 quilômetros da cidade de Cantão.
Nessa ilha, onde os navios europeus costumavam aportar para comerciar com os chineses,
desembarcou o santo missionário em outubro de 1552.
Esforçaram-se ali os portugueses por encontrar,
entre os numerosos mercadores chineses, algum que se prontificasse a levá-lo a
Cantão. Todos, porém, se escusavam, pois isso era vedado pelas leis imperiais,
e os transgressores expunham- se a perder todos os haveres e até a própria
vida. Por fim, um deles, decidido a correr o risco, se dispôs a transportar Francisco
numa pequena embarcação, mediante o pagamento de 200 moedas.
"Os perigos que corremos neste empreendimento
são dois, segundo a gente da terra: o primeiro é que o homem que nos leve,
depois de receber os duzentos cruzados, nos abandone numa ilha deserta ou nos
jogue no mar; o segundo é que, chegando a Cantão, o governador nos mande para o
suplício ou para o cativeiro" - escreveu Xavier.
Esses perigos, porém, o infatigável apóstolo não os
temia, pois seguro estava de que "sem a permissão de Deus, os demônios e
seus asseclas nada podem contra nós".
Acompanhado de apenas dois auxiliares, um indiano e
um chinês, ficou na Ilha de Sancião à espera do retorno do comerciante que se
comprometera a transportá-lo, olhando sem cessar para o continente pelo qual
com tanto ardor suspirava. Mas os dias e as semanas se passaram, e em vão
aguardou Francisco a volta do chinês: este infelizmente nunca retornou.
As forças físicas do ardoroso missionário chegaram
então ao termo. Uma altíssima febre o obrigou a recolher- se em sua improvisada
cabana, onde, desamparado dos homens e padecendo frio, fome e toda classe de
privações, deveria passar os últimos dias de sua heróica existência nesta terra
de exílio.
Àquele
varão que não conhecera o cansaço, àquele apóstolo que com sua palavra arrastava
multidões, àquele taumaturgo que havia ultrapassado grandes obstáculos operando
milagres portentosos, o Senhor do Céu e da Terra reservava a mais heróica e
gloriosa das mortes: a exemplo de seu Mestre Divino, Francisco Xavier morreria
no auge do abandono e da aparente contradição.
Alguns dias antes de entregar seu espírito, entrou
em delírio, revelando então a magnitude do holocausto que a Providência lhe
pedia: falava continuamente da China, de seu veemente desejo de converter esse
império e da glória que adviria para Deus se esse povo fosse atraído para
Cristo.
E nas primeiras horas da madrugada de 3 de dezembro
de 1552, Francisco Xavier expirou docemente no Senhor, sem uma queixa ou
reclamação, divisando ao longe aquela China que não conseguira conquistar e que
tanto havia desejado depositar aos pés de seu Rei, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Suas derradeiras palavras foram estas frases de um
cântico de glória: Em Ti espero, Senhor. Não me abandones para sempre!
À primeira vista, sobretudo para quem não tem seu
olhar habituado a contemplar os horizontes infindos da Fé, a vida de São
Francisco Xavier parece, em certo sentido, frustrada.
Quantas almas não se teriam salvo e quanta glória
não haveria recebido o Senhor se o imenso e super povoado império chinês
houvesse sido evangelizado por este apóstolo de fogo! Entretanto, quando se
encontrava ele, finalmente, às portas desta nação, depois de haver passado por
dificuldades e combates de toda ordem, o chamado de Deus se fez ouvir:
"Francisco, meu filho, cessa tua luta e vem a Mim!" E o intrépido
conquistador respondeu, sem hesitar, como Jesus no Horto das Oliveiras:
"Senhor, faça-se a vossa vontade e não a minha. Sim, Redentor meu,
cumpram-se, antes de mais nada e sobre todas as coisas, vossos perfeitíssimos
desígnios e assim, e só assim, Vos será dada a eternidade!" maior glória
nesta terra e por toda a eternidade.
(Revista Arautos do Evangelho,
Nov/2005, n. 47, p. 20 a 23
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