Mas qual era o conteúdo e o tema da pregação que
produziu efeito tão maravilhoso?
A pregação deles era ‘simples,
zelosa, fervorosa, verdadeira, amável, corajosa e viva, mas também era
eminentemente doutrinária, positiva, dogmática e distinta. As fortalezas do pecado no século passado nunca
teriam sido subjugadas meramente por zelo e ensinos superficiais. As trombetas
que derrubaram os muros de Jericó não eram trombetas que emitiam sons incertos.
Os evangelistas ingleses do século passado não eram homens de credo incerto.
Mas o que era então que eles pregavam?
1- A
suficiência e supremacia das Sagradas Escrituras era seu ponto principal. A Bíblia, toda e não mutilada, era a sua única
regra de fé e prática. Eles aceitavam todas as suas afirmativas sem
questioná-las ou colocá-las em dúvida. Eles não sabiam nada a respeito de
porção alguma das Escrituras que não fosse inspirada. Nunca admitiram algum texto não inspirado. Eles
nunca se esquivaram de asseverar que não pode haver erro na Palavra de Deus e
que, quando não podemos entender ou conciliar algumas partes do seu conteúdo, a
falta está no intérprete e não no texto.
2-Eles
ensinavam constantemente a total corrupção da natureza humana. Eles nada sabiam da idéia moderna de que Cristo
está em todos os homens, e de que todos possuem algo de bom dentro de si, que
precisa apenas ser despertado e usado para poder salvá-los. Eles nunca
agradaram a homens ensinando isso. Eles lhes diziam claramente que estavam mortos e
que precisavam viver; que se encontravam culpados, perdidos, desamparados,
desesperados e em perigo iminente de destruição eterna. Por mais estranho e paradoxal que possa parecer a alguns, o primeiro
passo deles no propósito de tornar bom o homem, era mostrar-lhes que eles eram
completamente maus.
3-Além
disso, os reformadores do século passado ensinavam constantemente que a morte
de Cristo na cruz era o único meio de expiação para o pecado do homem, e que, quando Cristo morreu, Ele morreu como
nosso substituto - ‘o Justo pelo injusto'. Este, na verdade, era o ponto
cardinal em quase todos os seus sermões. Eles
nunca ensinaram a doutrina moderna de que a morte de Cristo foi apenas um
grande exemplo de auto-sacrifício. Eles
viam nela algo muito mais elevado, maior e mais profundo do que isto. Viam nela o pagamento do assombroso débito do homem
para com Deus.
4-Além
disso, os reformadores do século dezoito ensinavam constantemente a grande
doutrina da justificação pela fé.
Eles anunciavam aos homens que a fé era a coisa necessária a fim de obterem,
para suas almas, benefício na obra de Cristo; que antes de virmos a crer,
estamos mortos e não temos benefício nenhum em Cristo e que a partir do momento
em que cremos, passamos a viver e ter pleno direito a todos esses benefícios.. Tudo,
se você crer e a partir do momento em que crê; nada, se você não crer - era a
própria essência da pregação deles.
5-Eles
também ensinavam constantemente a necessidade universal de conversão do coração
e uma nova criação pelo Espírito Santo.
Eles proclamavam em todo lugar às multidões a que se dirigiam: ‘Vocês precisam nascer de novo'. Filiação a Deus através do batismo, filiação a Deus
ao mesmo tempo em que fazemos a vontade do diabo, eles nunca admitiram. A regeneração que eles pregavam não era algo
dormente, apático e inerte. Era alguma coisa que podia ser vista, discernida e
conhecida através de seus efeitos.
6-
Eles também ensinavam constantemente a ligação inseparável entre verdadeira fé
e santidade pessoal. Eles nunca aceitaram por um só
momento, que estar arrolado como membro de igreja ou a simples profissão de fé
eram provas de que um homem era crente, se
ele não vivesse uma vida piedosa. Um verdadeiro crente, eles sustentavam, deve
sempre ser reconhecido por seus frutos e estes frutos devem ser plena e
inequivocamente manifestos em todas as áreas da vida. ‘Ausência de frutos, ausência de graça,' era o teor
invariável da pregação deles.
7-Finalmente,
os reformadores do século dezoito ensinavam constantemente as doutrinas
igualmente verdadeiras do ódio eterno de Deus pelo pecado e o amor de Deus
pelos pecadores.. Eles usavam, tanto a respeito do céu
como a respeito do inferno, a linguagem mais clara possível. Nunca recuaram em
declarar, nos termos mais claros, a certeza do julgamento de Deus e da ira
porvir, se os homens persistirem na impenitência e incredulidade; e apesar
disso, nunca cessaram de magnificar as riquezas da bondade e compaixão de Deus
e de conclamar todos os pecadores a arrependerem-se e voltarem-se para Deus
antes que fosse tarde demais.
Estas eram as principais
verdades que os evangelistas ingleses do século passado pregavam
constantemente. Estas foram as doutrinas através das quais eles viraram a
Inglaterra de cabeça para baixo, e fizeram homens do campo e trabalhadores de
minas de carvão chorarem até que suas faces sujas ficassem marcadas pelas
lágrimas; cativaram a atenção de nobres e filósofos, tomaram de assalto as
fortalezas de Satanás, arrancaram milhares como que tições do fogo, e mudaram o
caráter da época. Você pode chamá-las de doutrinas simples e elementares se
desejar. Diga, se lhe agradar, que você não vê nada de grande, surpreendente,
novo ou peculiar nesta lista de verdades. Mas é inegável o fato de que Deus
abençoou estas verdades, a ponto de reformar a Inglaterra há cem anos atrás. O que
Deus abençoou não despreze o homem.
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