20 de agosto de 2014

ORAÇÃO QUE PREVALEÇE CHARLES FINNEY

ORAÇÃO QUE PREVALEÇE

CHARLES FINNEY


Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Mat 7:7,8
Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Tiago 4:3
O tema sobre o qual falei ontem à noite é o mesmo que vos quero falar  hoje também: As condições para que as orações possam prevalecer. Fiz referência a várias condicões ontem e esta noite vou-me entregar ao comentário do mesmo assunto. Fiz referência àquela perseverança como condição para que se prevaleça com Deus. Às vezes porém, as condições são de tal caráter que não existe tempo para perseverar no sentido de se prolongar por muito sobre um qualquer assunto com o qual se quer lutar com Deus em oração como Jacó. Deus está sempre esperando alguém entrar na brecha para interceder e sempre disposto em atender as súplicas do angustiado, muito para benefício de quem pede, muitas vezes para benefício de terceiros, ou mesmo as duas coisas juntas. Há casos destes registrados nas Escrituras, onde Deus não atendeu de pronto, para que se desenvolvesse no espírito um desejo de lutar. Fiz referencia sobre Jacó ontem à noite, de como ele se fez um exemplo de perseverança em luta, persistindo até ao fim (para ele, fim de sua própria vida, pois nada teria a perder se Deus não viesse em seu auxílio) e, de como assim fez prevalecer a sua súplica. Também fiz referencia aos casos de Moisés e de Elias.


Elias tinha expressamente a promessa de chuva sobre a terra. Quando ele fez aquele altar, quando matou todos os profetas de Baal que ali se encontravam, se bem se recordam, entregou-se intensamente àquela oração que apenas os santos serão capazes de fazer sem nunca desistirem (mandando o seu servo ir ver por sete vezes se alguma nuvem havia nos céus). Elias começou a orar! Mas o servo foi e voltou com a triste notícia de que os céus estavam limpos e não havia nenhuma nuvem; tudo estava igual, só vento e pó. Quando Elias ora sobre uma promessa feita, ele diz "vai lá ver de novo!" Acho que ele só quis dizer vai sempre lá até que vejas algo, pois não posso sair daqui até que venha a bênção. Ele tinha dentro de si uma forte ansiedade santa para beneficiar aquele povo que sofria com a seca, mas também tinha outras razões para dali não sair até que viesse a prevalecer inquestionavelmente bem. Deus expressamente lhe havia prometido. Elias determinara em seu coração que aquela demora estranha não lhe serviria de razão para desistir, tropeçando assim em si mesmo. Ele continuou defendendo a sua causa fielmente, até que, depois de muito suplicar, a chuva veio refrescar a seu espírito angustiado. Ele por certo iria continuar a manter o seu caso diante de Deus se aquela chuva persistisse em não vir. De repente apareceu uma pequena nuvem como a mão de um homem. Ele não foi leviano ao ponto de se levantar dali até que Deus o houvesse atendido como muitos fariam na sua presunção!


Os presunçosos pressupõem erradamente que apenas porque Deus prometeu, estarmos recordados daquilo que prometeu, será o suficiente para se vir a concretizar a promessa! Aquele profeta tinha um espírito dentro dele mesmo repleto de urgência e, instigado por ela, não se atreveu a abandonar desnecessariamente aquele trono de graça que será a face real de Deus. O seu servo teve de ir e voltar sete vezes e na última delas apenas disse que aparecia uma pequena nuvem como uma mão dum homem. Observem como exemplo o que é a perseverança e aprendam com quem estava sempre diante de Deus: não se teve por leviano trazendo desonra ao Seu nome que carregava pesadamente consigo.


Vejamos de novo o caso de Daniel em Daniel 10. Deveras um caso seguramente muito pertinente diante de Deus. Lemos assim: "Naqueles dias eu, Daniel, estava pranteando por três semanas inteiras. Nenhuma coisa desejável comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas completas." Dan.10:2,3. Assim chegou aquela resposta inesperada. Daniel arriscou aqui a própria vida, pois acho e temo que não se levantaria dali até que houvesse prevalecido na sua singela oração. Não vou ler os versículos todos, por essa razão irei saltar para o v.12: "Então me disse: Não temas, Daniel; porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras, e por causa das tuas palavras eu vim logo". Parece-nos que um mensageiro foi mandado para servir Daniel com uma resposta. Também nos parece que algum agente estranho se entrepôs no caminho da resposta que aquele mensageiro lhe trazia. De fato, um espírito vindo do próprio inferno subiu de lá para que perturbasse e turvasse a resposta trazida a Daniel. Mas como em Deus sempre saímos vencedores, aquele anjo prevaleceu sobre o tal príncipe da Pérsia infernal, havendo sido ajudado pelo anjo Miguel, um dos principais, como se houvesse sido o próprio Messias; alguns acham que simbolicamente é. Mas aquilo que conta, aquilo que é de grande realce, é que Daniel pressionou o seu caso até aos vinte e um dias sem cessar. Nada o faria parar, com a exceção de uma resposta.


No caso da mulher Cananita vemos mais um pormenor de grande importância. Por certo se recordarão das circunstâncias em que tal coisa se deu. A mulher não era de linhagem de sangue santo, muitos anos antes havia sido condenada à extinção e existia apenas porque os Israelitas não haviam sido obedientes a Deus em anteriores séculos de existência humana; sua filha estava a ser afligida por um espírito imundo que a atormentava noite e dia; e foi nessas circunstâncias que ela se aproximou de Cristo para ser ajudada. Nada, para ela, levava a crer qual o desfecho de tal ousadia, duma mulher se aproximar dum homem santo, sendo impura e leviana. Mas Cristo veio para que esses tenham vida. Ela caiu diante dele, e disse-lhe algo como "tem misericórdia de mim, Filho de David; a minha filha está violentamente atormentada por um espírito imundo". Os discípulos lá estavam com Ele. Vendo estes que Cristo aparentemente não se movia em favor dela, disseram-Lhe: "despede-a logo, porque ela não nos deixa!" Ele respondeu, se bem se recordam, "não fui mandado senão às ovelhas perdidas de Israel". Esta mulher Siro-Finícia, não se sentiu minimamente desencorajada pelo desenlace da reação de quem ela achava teria poder e santidade suficientes para ajudá-la, nem que fosse apenas pela fama que tinha, ela creu. Jesus respondeu-lhe a ela já que "não é licito dar o pão dos filhos aos cães" Ao que esta respondeu "é verdade Senhor; mas não peço tal coisa, que me dês do pão dos filhos (pois ela reconhecia sem rancor contra os judeus quem era). Aceito ser comparada a um cão esfomeado. Não me sinto magoada contigo nem assim; aceito que tudo aquilo que dizes seja verdade; considero-me vil, mas posso comer das tuas migalhas, daquelas que caem no chão e já ninguém as aproveita?"


Amigos, que espírito é este, o desta mulher verdadeira e nobre? Até Jesus a enalteceu dizendo-lhe: "mulher, grande é a tua fé! Vai, e seja feito conforme o teu desejo!" Cristo, atuando sobre ela, aparentemente negando-lhe o seu primeiro pedido e o segundo e sabe-se lá quantos mais, construiu a fé desta mulher sobre a rocha da verdade! Até para os discípulos havia sido um exemplo de perseverança e de fé. Se não houvesse sido trabalhada até aquele ponto de verdade e aceitação interior de reconhecer quem e porque era, ter-se-ia confundido, houvesse Cristo aceite seu pedido antes. Mas esta mulher não desistiu, e mesmo sobre forte pressão para se desencorajar, ela persistiu e venceu.

Recordemo-nos que ela já vinha com imensa mágoa no seu coração, com a qual muitos nem se atrevem a pensar em Deus a não ser que seja para o acusarem de algo. Maior se tornou seu dilema por saber que não pertencia às ovelhas perdidas de Israel; maior ainda se tornou quando isso se confirmou da boca de Cristo, em quem ela depositava sua confiança. Mesmo assim arranjou forças para não se entregar a todos os muitos motivos para se sentir desencorajada e desistir de algo que sabia Cristo poderia dar-lhe. Precisamente o oposto de tudo isto sucedeu, pois muitas vezes devemos permitir e entender tudo aquilo que o Senhor faz, sabendo Quem é Ele.

Parecia até que Ele a tratava com despeito, como se ela nada valesse para Ele; mas o Senhor apenas testava o seu mau feitio. A reação dela poderia ter sido, "já que me tratas assim, eu não falo mais contigo. Não vim atrás daquele pão dos filhos e tratas-me assim!" Esta é uma bonita história de perseverança e não só, mas principalmente do poder dela, de como prevalece sempre com Deus.

Um caso curioso deu-se quando fui a Inglaterra. Um senhor cujo nome já me esqueci, em Birmingham, pediu para falar comigo para relatar algo sobre ele. Havia ouvido muita coisa muito diferente sobre a oração que prevalece, coisas demais até e sentia-se naquele dever de me exortar e revelar quão grande seria a fidelidade de Deus! Este caso foi de caráter tal que desde então parei muitas vezes para pensar nele, tão fortes eram os princípios daquele homem.

Relatou-me a seguinte história: "um vizinho meu perdeu a sua esposa. Quando ela estava enferma e à beira da morte, a minha esposa foi cuidar dela. Permaneceu ao seu lado até ao seu último fôlego se haver despedido dela. Depois de ela voltar para casa, notei que algo de errado se passava, algo entre o viúvo e ela. Falei com ela sobre os meus temores, os quais ela mesmo confirmou, confessando a sua culpa e comprometendo-se a ir viver com ele!

 Que mais poderia dizer? Ela desistira de mim por outro homem solitário! Não tinha como reavê-la, de como convencê-la. Pois havia jurado deixar-me e entregar-se a outro homem. Nada mais podia fazer! Desesperado fui ter com Deus. Clamei dia e noite pedindo que atendesse a minha causa, que vingasse meu dilema. Por mais de duas semanas nem dormir direito conseguia. Não me entreguei senão à oração clamando a Deus incessantemente. Neste ponto deixei clarificado à minha esposa que a receberia de braços abertos e que lhe perdoaria o passado. Mantive-me nessa posição fielmente. Chorei e clamei diante de Deus. Depois de duas semanas ela voltou para mim com um coração quebrantado e dorido, confessando seus muitos pecados, humilhando-se diante de Deus. E desde então se tornou naquela esposa ideal que eu sempre ansiara".

Que caso tão reconfortante é este! Em vez de a desterrar e a ignorar para sempre, este homem ele foi antes reclamar diante de Deus dizendo "ó Deus, este homem tirou minha esposa do meu lado, averigua o meu caso e faz-me justiça!" Caso haja outro caso mais flagrante para nos levar a orar do que este, do qual podemos tornar alvo de oração persistente, nada mais antagônico que este caso de adultério flagrante ; não só salvou o seu casamento, mas a vida de sua esposa e quem sabe do seu próprio inimigo!


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