A GLÓRIA DO FILHO
Alexander Maclaren (1910)
“[Cristo], o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos Céus e na Terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo da Igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência.” (Cl 1:15-18)
Os
gregos de Colossos acreditavam que havia uma multidão de seres sombrios para
ligar o Céu com a Terra e também acreditavam que a parte material da criação foram
criadas por esses seres, pos imaginavam que Deus criara somente a realidade
espiritual.
Nesse
texto vemos que Jesus Cristo é o criador tanto da matéria como de todo o mundo
espiritual. Ele é a cabeça e a fonte da criação; Ele é a cabeça e a fonte da
vida para a Sua Igreja. Portanto, Ele é primeiro em todas as coisas, para ser
ouvido, amado e adorado. Nós superamos o erro que afligia a Igreja em Colossos,
mas as verdades que estão aqui colocadas contra eles são eternas e são
necessárias hoje no nosso conflito de opiniões muito mais do que então, a
proclamação triunfante de Sua supremacia sobre tudo, em todos os aspectos.
Temos
a relação de Cristo e Deus colocada em importantes palavras: “Imagem
do Deus invisível.”. Uma imagem é uma semelhança ou
representação, como a da efígie do rei sobre uma moeda, mas aqui é aquela que
torna o Invisível visível. O
Deus que habita na espessa escuridão, afastado da compreensão e acima do
pensamento, veio e fez-Se conhecido, e de uma forma muito real veio para o
alcance da nossa compreensão na forma humana de Jesus Cristo.
O
primeiro pensamento envolvido nessa declaração é que o Ser Divino em Si mesmo é
incompreensível e inacessível. “Ninguém
jamais viu a Deus, nem pode vê-Lo.” Ele não somente está além da compreensão, mas acima
da percepção do entendimento. Ele é “o Rei invisível”, o “Pai das luzes” que
habita na gloriosa privacidade da luz, na qual não há trevas de modo algum.
Então, a próxima verdade é que Cristo é a
manifestação perfeita de Deus. NEle temos o
invisível tornado visível. Por meio Dele conhecemos tudo o que sabemos de Deus,
como algo distinto daquilo que supomos ou imaginamos ou suspeitamos dEle.
Os
mesmos pensamentos estão envolvidos nas palavras de nosso Senhor: “Aquele que Me vê a Mim vê o Pai.” NEle a natureza divina aproximou-Se numa forma que
pudesse ser compreendida em parte pelos sentidos, pois era “a Palavra da Vida”
que eles viram com os olhos e as mãos tocaram, e que é hoje e para sempre uma
forma que pode ser compreendida pela mente, pelo coração e pela vontade.
No
entanto, desejaria que dependêssemos de Cristo para todo o verdadeiro
conhecimento de Deus. Suposições não são conhecimento. Especulações não são conhecimento.
O que nós, pobres homens, precisamos é a certeza de um Deus que nos ama e tem
cuidado por nós, tem um braço que nos pode ajudar e um coração que o deseja.
O
inacessível. “Ninguém jamais
viu a Deus, nem pode vê-Lo.” Ele não somente está além da compreensão,
mas acima da percepção do entendimento. O conhecimento direto e imediato dEle é
impossível. As nossas limitações e os nossos pecados nos impedem. Ele é “o Rei
invisível”, o “Pai das luzes” que habita na gloriosa privacidade da luz, na
qual não há trevas de modo algum. Então, a próxima verdade é que Cristo é a manifestação perfeita de Deus.
Nele temos o invisível tornado visível. Por meio dEle conhecemos tudo o que
sabemos de Deus, como algo distinto daquilo que supomos ou imaginamos ou
suspeitamos dEle.
A
única certeza firme o suficiente para encontrarmos poder sustentador contra as
tentações da vida está em Cristo. Não há calor suficiente de amor para nós a
fim de descongelar nossos congelados lábios à parte de Cristo. Nele e somente
Nele, o distante e tremendo Deus se torna um Deus muito próximo, de quem
podemos estar seguros de que nos ama e está pronto para ajudar, purificar e
salvar. A grande palavra com que Paulo se opôs à teia da especulação dos
gnósticos é a palavra para nosso próprio tempo com todas as suas perplexidades:
“Cristo é a
imagem do Deus invisível”.
Temos
o relacionamento de Cristo com a criação publicada neste grande título: “O primogênito da criação.” À primeira vista, isso parece incluí-Lo na grande
família de criaturas como a mais antiga e tratá-Lo como uma delas. Esse significado foi atribuído às
palavras, mas não é o que podemos depreender da linguagem do próximo verso, que
foi adicionado para provar e explicar o título. O título encerra a prioridade
em existência e em supremacia. Ele substancialmente significa o mesmo que a
outra proclamação do “Filho primogênito”, com a diferença de que a posterior
destaca a relação do Filho com o Pai, enquanto a primeira enfatiza Seu
relacionamento com a criação. Mais adiante deve ser notado que essa
menção se aplica à Palavra eterna e não à encarnação da Palavra, ou, para
colocar de outra forma, a divindade e não a humanidade do Senhor Jesus é que o
apóstolo tem em vista.
Uma
série de cláusulas se seguem colocando mais plenamente a relação do Filho
primogênito com a criação, assim confirmando e explicando o título. Todo o Universo está colocado numa
classe e somente Cristo à sua frente. Nenhuma linguagem poderia ser mais
abrangente. Quatro vezes numa frase temos “todas as coisas”: todo o Universo,
mencionado várias vezes e direcionado para Ele como Criador e Senhor; onde quer
que essas criaturas estejam e o que quer que sejam, Ele fê-las. Paulo agrupa
todo o universo dos seres criados, reais ou imaginários, e, então, acima e
separado dEle, o seu Senhor e Criador, o seu princípio e fim. Paulo aponta para
a pessoa majestosa do único Filho primogênito de Deus, o Seu primogênito, mais
alto do que todos os governantes da Terra, quer sejam humanos ou sobre-humanos.
A
linguagem empregada dá um forte destaque aos muitos relacionamentos que o Filho
sustenta com o Universo. A
primeira dessas palavras, “nEle”, considera-O como o centro criativo, e
pode ser comparada àquela no prefácio do Evangelho de João: “NEle estava a vida.” O erro dos gnósticos foi colocar o ato da criação
e a coisa criada tanto quanto possível distantes de Deus, e elas são ajuntadas
por essa notável expressão que conduz a criação e a criatura a um senso íntimo
muito real do restringir da natureza divina, como manifestado na Palavra.
Os
perigos possíveis dessa profunda verdade são prevenidos pela próxima proposição
usada: “Todas as coisas
foram criadas por Ele.” Ele
é a imagem do Deus invisível e por meio dEle todas as coisas foram criadas. A
mesma conexão de ideias é encontrada na passagem paralela na Epístola aos
Hebreus, onde a expressão “pela
qual Ele fez o universo” se coloca em conexão imediata com “o
Filho é o resplendor da glória de Deus.”
Mas
ali resta ainda outra relação entre Ele e o ato da criação. “Por Ele” todas as coisas
foram feitas. Todas as coisas vêm dEle e tendem para Ele. Ele é o Alfa e o Ómega, o princípio
e o fim. Todas as coisas emergem de Sua vontade, extraem a sua existência
daquela fonte e retornam para Ele. Essas relações que são aqui declaradas em
relação ao Filho são, em mais de um lugar, ditas em relação ao Pai. A Sua
existência antes de toda a criação é repetida com uma força nas palavras “Ele
é” que mal pode ser apresentada na nossa língua. A primeira é enfática, “Ele
mesmo”, e a segunda enfatiza não somente a preexistência, mas a absoluta
existência. “Ele era antes de todas as coisas” não diria tanto quanto: “Ele é antes de todas as coisas.”
Somos informados pelas Suas próprias palavras: “Antes que Abraão existisse, Eu sou.”
“Nele subsistem todas as coisas”
ou “são mantidas juntas.” Ele é o elemento no qual tem lugar e pelo qual é
causada essa criação contínua que é a preservação do Universo, por ser Ele o
elemento no qual o ato criativo original teve lugar no passado. Todas as coisas
vieram a ser e formam uma unidade ordenada nEle. Ele é “o vínculo da
perfeição”, a pedra fundamental da abóbada, o centro de rotação.
Tal
então é o ensinamento do apóstolo sobre a Palavra eterna e o Universo. Que pensamento maravilhoso é que
todo o curso dos acontecimentos humanos e os processos naturais era e é dirigido por Aquele que morreu
na cruz! O leme do Universo é segurado pelas mãos que foram perfuradas por nós.
O Senhor da natureza e motor de todas as coisas é aquele Salvador sobre cujo
amor podemos repousar a nossa cabeça dorida. Em todos os lugares podemos
ver o nosso Salvador, e do lado de fora de toda a tempestade podemos ouvir a
Sua voz através da escuridão dizendo: “Sou Eu, não temas!”.
A
última relação nessa importante porção é aquela entre Cristo e a Sua Igreja. “Ele é a cabeça do corpo, da Igreja; é o princípio, o primogênito dentre os mortos.”
Claramente
é pretendido que um paralelo seja traçado entre a Sua relação com a criação
material e com a Igreja, a criação espiritual. O que a Palavra de Deus antes da
encarnação é para o Universo, assim é o Cristo encarnado para a Igreja. Como
Ele é o primeiro no tempo e superior em dignidade na primeira ordem, assim Ele
é na segunda ordem. Como no Universo Ele é a fonte e a origem de todo o ser,
assim na Igreja Ele é o princípio, tanto como o primeiro quanto como à origem
de toda vida espiritual. Como as palavras incandescentes que descreveram a Sua
relação com a criação começam com o importante título “o Primogênito”, assim
aquelas que descrevem a Sua relação com a Igreja encerram-se com o mesmo título
numa diferente aplicação.
Temos
aqui Cristo, a cabeça, e a Igreja, o Seu corpo. No reino mais baixo, a Palavra
eterna era o poder que mantinha todas as coisas juntas, e similar, porém mais
elevada em forma, é a relação entre Ele e toda a multidão de almas crentes. O Senhor é a fonte da vida
espiritual misteriosa que flui dEle para todos os membros, Ele é a visão no
olho, o fortalecimento no braço, a ligeireza nos pés, o rubor na face, sendo
abundantemente variado em Suas manifestações, mas um em natureza e tudo dEle.
A mesma misteriosa derivação da vida dEle é ensinada na Sua própria metáfora da
vide, na qual cada ramo, mesmo que distante da raiz, vive pela vida comum
circulante por todos, a qual se apega às gavinhas e se avermelha nos cachos, e
não é delas embora esteja nelas.
O conceito de fonte da vida guia
necessariamente para o outro: que Ele é o centro da unidade, por quem os
“muitos membros” se tornam “um corpo”, e o emaranhado de ramos, uma vide. A
cabeça naturalmente vem a ser o símbolo para autoridade, e essas três ideias de
base da vida, de centro da unidade e de emblema do poder absoluto parecem ser
essencialmente aquelas indicados aqui.
Cristo
é o princípio para a Igreja. No mundo natural Ele era antes de tudo e fonte de
tudo. A mesma ideia dupla está contida neste título: “o Princípio.” Isso não significa
apenas o primeiro membro de uma série que a inicia, como a primeira ligação
numa cadeia, mas significa o poder que causa o início da série.
Ele
é a cabeça e o princípio para a Sua Igreja por meio da Sua ressurreição. Ele é
o primogênito da morte, e a Sua comunicação de vida espiritual para a Sua
Igreja requer o fato histórico da Sua ressurreição como base, pois um Cristo
morto não poderia ser a fonte da vida, e que a ressurreição complete a
manifestação da Palavra encarnada, pela nossa fé nela, para a Sua vida
espiritual fluir para o nosso espírito. A menos que Ele ressuscitasse da morte, todas essas
reivindicações seriam nada mais que um sábio ensinamento e um caráter integro
desintegrado, e pensar nEle como uma fonte de vida seria impossível.
Ele
é o princípio por meio da Sua ressurreição também com respeito a Ele
levantar-nos da morte. Ele é as primícias daqueles que dormiram e levaram a
promessa de uma poderosa colheita. Ele ressurgiu da morte e, dessa maneira, não
temos apenas uma demonstração para o mundo de que há vida depois da morte, mas
a certeza para a Igreja de que, porque Ele vive, nós também vivemos. Não pode
haver um corpo morto e uma cabeça viva. Ele ressurgiu para que pudesse ser o
primogênito entre muitos irmãos.
Assim o apóstolo conclui que em todas as
coisas Ele é o primeiro, e todas as coisas são para que Ele seja o primeiro.
Quer seja em natureza ou em graça, a Sua preeminência é absoluta e suprema. O
fim de toda majestade da criação e de todas as maravilhas da graça é que Sua
figura única esteja em pé claramente como centro e Senhor do Universo, e o Seu
nome seja exaltado acima de todo o nome.
Assim
a questão das questões para todos nós é: “O que pensas de Cristo?” Os nossos
pensamentos têm de se voltar para o objeto que pode parecer abstrato e remoto,
mas essas verdades que estivemos tentando tornar claras e apresentar nas suas
conexões não são meros termos ou proposições de uma teologia meio mística
distante de nossa vida diária, mas ostentam grave e diretamente a maioria dos
nossos mais profundos interesses. “O que é Cristo para nós?” O nosso coração salta com um alegre ámen quando lemos as
importantes palavras desse texto? Estamos prontos para coroá-Lo Senhor de tudo?
É Ele a nossa cabeça, para nos encher com vitalidade, para nos inspirar e nos
comandar? É Ele o alvo e o fim da nossa vida individual? Podemos cada um de nós
dizer: “Vivo por Ele, nEle e para Ele”? Somos bem-aventurados se damos a Cristo
a preeminência.
http://elescreram.blogspot.com.br/2011/08/alexander-mclarem-o-principe-dos.html
http://elescreram.blogspot.com.br/2011/08/alexander-mclarem-o-principe-dos.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário
SE VOCÊ LEMBRA DE ALGUM HERÓI DA FÉ QUE NÃO FOI MENCIONADO, POR FAVOR MANDE UM E-MAIL PARA Gelsonlara@sbcglobal.net