J. Oswald Sanders
J. Oswald
Sanders foi diretor
consultivo da Overseas Missionary Fellowship ((então conhecido como China Inland
Mission ) na década de 1950 e 1960. Ele é autor de mais de quarenta livros sobre a vida cristã. Ele se tornou um estadista e
conferencista em todo o mundo. Recentemente
foi agraciado com a Ordem do Império Britânico por serviço cristão e escritos
teológicos.
“Olhos que olham são comuns. Olhos que vêem são raros”
Os perigos comuns de uma liderança
(Peculiar Perils of
Leadership)
Embora existam perigos e desafios em todos os chamados de Deus, os perigos daqueles que são chamados para serem líderes são sempre maiores. Por isso, o líder cristão deve sempre lembrar que cada centímetro que ele conceder a satanás em qualquer área de sua vida, pode mais tarde lhe custar muito caro.
Vou listar aqui os principais perigos que o líder
pode encontrar
A- Orgulho
O simples fato
do líder ser levantado a uma posição de destaque já é suficiente
Para gerar um desejo secreto de gratificação
própria e orgulho, que se não for eliminado, mais tarde irá tornar o líder
inadequado para qualquer trabalho no reino de Deus.” Cada um que tiver orgulho em seu
coração é abominação ao Senhor”(Prov. 16:5). Fortes são essas palavras! Nada é mais
detestado pelo Senhor do que alguém que admira a si mesmo. Este foi o primeiro
e fundamental pecado que iniciou a ruína de toda a raça humana. Foi o orgulho,
o querer ser maior que os outros, que jogou o querubim ungido, o guardião do
trono de Deus ao abismo eterno. Foi o orgulho de Lúcifer que o transformou em
um diabo. Este mesmo orgulho também fará de um grande homem de Deus uma
marionete das trevas, caso ele se afaste da humildade e simplicidade que estão
em Cristo.
De todas as formas que o pecado assume, nenhuma é tão
maligna como o orgulho espiritual. Ter orgulho dos dons espirituais que que o
Espírito Santo graciosamente nos concedeu é não entender a graça de Deus de que
tudo o que temos nos foi dado sem merecimento algum, mas pela graça do Senhor.
A pior parte do orgulho é que este pecado é
raramente detectado pela sua vítima, mas existem, no entanto, três testes que
podem ajudar a descobrir se o orgulho espiritual
já tomou conta do coração:
1-
O TESTE DA
PREFERÊNCIA
Como você reage
quando outra pessoa é designada para assumir um cargo que nós sempre cobiçamos ?
Quando outro é promovido e nós somos esquecidos? Quando outro nos supera em
dons e habiblidades?
2-
O TESTE DA SINCERIDADE
Em nossos momentos de
honesto auto- exame, nós reconhecemos falhas em nosso caráter e em nosso
procedimento, mas como nós nos sentiríamos se ouvíssemos estas mesmas coisas de
uma outra pessoa, especialmente se fosse uma pessoa a qual não gostamos?
3-
O TESTE DO CRITICISMO
As críticas que
recebemos despertam hostilidade e ressentimento em nosso coração e nos levam a
correr para rapidamente encontrarmos
uma boa desculpa? Nós corremos para a defesa sempre que somos criticados?
Se nós formos
honestos, quando nós nos medimos pela vida de Nosso Senhor que a si mesmo se
humilhou até a morte e morte de cruz, não podemos fazer outra coisa a não ser
nos envergonhar da corrupção e vileza de nosso coração.
B- CIÚME
Ciúme é um parente
próximo do Orgulho. Uma pessoa ciumenta sempre está suspeitando dos outros.
Essa tentação veio para Moisés através da tocante lealdade de seus próprios
amigos. -"Eldad and Medad estão profetizando no arraial." O raivoso
Josué disse para seu mestre, "Moisés meu senhor, não permita eles
fazerem isso" (Num. 11:28). Os dois assistentes estavam
profetizando e os leais seguidores de Moisés ficaram com ciúmes, pois queriam
que somente Moisés profetizasse da parte do Senhor.
Mas o ciúme e a inveja não encontram lugar de
descanso na regenerada natureza de quem fala com Deus face a face e Moisés
lhes respondeu "Vocês estão com ciúmes por
minha causa? " Tomara todos aqueles que
são do Senhor fossem profetas." O LÍDER QUE É CIUMENTO PELA GLÓRIA DO SENHOR NÃO PODE LIGAR PARA O SEU
PRÓPRIO PRESTÍGIO.” Ele está sempre segura nas mãos de Deus.
C- POPULARIDADE
Sempre existirá
na igreja, aqueles cuja falta de sabedoria tem preferência exagerada pelos seus
líderes e conselheiros espirituais e não raras vezes os exaltam acima dos
limites do evangelho de Cristo.
Essa prática já
era encontrada na igreja de Corinto e levou Paulo a escrever: "Quando um diz eu sou de Paulo e outro eu sou de Apolo, não é evidente
que andais segundo os homens? Quem é
Apolo? E quem é Paulo? Servos pelos quais vocês vieram a crer e isto
conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, mas o
crescimento veio de Deus . . .Porque de Deus somos COOPERADORES" (I Cor.
3:4-6,9).
Uma exagerada
diferença de líderes em uma igreja, onde uns são muito procurados e outros muito
esquecidos é uma marca certa de IMATURIDADE ESPIRITUAL E CARNALIDADE. E a aceitação passiva dessa diferença
pelo líder é também evidência de uma liderança fraca. Paulo ficou estarrecido
com a preferência de alguns por ele e repudiou isso com muito rigor, pois
sabia, que estava competindo com o próprio ESPÍRITO SANTO se levasse em frente esse desejo por preferência de homens dentro da
igreja de Cristo.
Não é errado ser muito amado por aqueles que
devemos servir, mas sempre haverá o perigo da devoção que deve ser sempre a
Jesus, ir um pouco para o líder, principalmente se ele permitir e pior ainda se
ele gostar disso.
Líderes espirituais devem ser grandemente amados
pelo trabalho que fazem, mas o amor nunca pode se degenerar para a adulação e a
veneração.
O líder sempre
terá grande sucesso quando atrair a afeição de seus liderados mais para Cristo
do que para ele mesmo. Ele pode corretamente se firmar no fato de ter um
serviço frutífero e apreciado, mas ele precisa recusar veementemente todo tipo
de idolatria ou admiração doentia.
Qual líder que
não deseja ser popular e bem falado pelas pessoas? Certamente não há virtude alguma em ser impopular e medíocre,
mas a popularidade pode cobrar um preço muito elevado. Jesus tornou isso claro
como o cristal, quando Ele disse, "Cuidado quando todos os homens falarem
bem de você."Lc 6.26 e quando também falou: “Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e,
mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso
galardão nos céus” Mt 5.11
O bispo Stephen Neill disse: "Popularidade é o mais perigoso estado spiritual
que se possa imaginar, porque facilmente nos leva ao orgulho espiritual, que
arrasta o homem a perdição.”
A popularidade precisa ser cuidadosamente observada
e o líder que se tornar popular deve se cercar, imediatamente de pessoas
humildes e centradas na palavra para lhe darem um feedback contínuo e em caso
de perigo, se afastar do centro das atenções e buscar o isolamento o mais
rápido possível, pois a cobiça, uma vez concebida, dá a luz ao pecado, que
certamente irá matar a alma desapercebida.
Spurgeon disse certa
vez:
“O sucesso
pode vir até mim e ele certamente virá a menos que eu me lembre que Deus é quem
faz todo o trabalho e que ele pode continuar fazendo sem a minha ajuda, pois o
que fiz ou farei não fiz por mim, mas pela graça que me foi dada em Cristo Jesus.”
D- INFALIBILIDADE
Espiritualidade
não é igual a infalibilidade. O fato de uma pessoa ser guiada pelo Espírito Santo
pode fazê-la pensar que ela cometerá menos erros que alguém que anda na carne,
mas enquanto ela estiver nesta terra, dentro deste corpo e desta mente humana
limitada, essa pessoa nunca será infalível.
Até mesmo os apóstolos da bíblia, divinamente chamados e cheios do Espírito Santo
cometeram erros e foram advertidos. (Gl
2.11-15.)
O líder que
conhece a Deus e provavelmente conhece o Senhor mais do que seus colegas está
sempre em grande perigo em cair inconscientemente na cilada de ser infalível. Geralmente,
esse tipo de tem dificuldade de aceitar conselhos ou reconhecer algum tipo de
erro identificado por alguns de seus irmãos.Por isso, o líder que busca muito
ao Senhor, precisa estar sempre disposto a ouvir os outros com muita atenção e
estar preparado para ser confrontado e até reprovado por um irmão de menor
posição, pois Deus quem ele quer.
Profeta ou
líder?
Um pregador que
possui o chamado para estar a frente na Casa de Deus, mais cedo ou mais tarde
teráde escolher entre ser um líder popular das pessoas ou um impopular profeta
de Deus.
Este dilema foi muito bem explicado nas palavras do
Dr. A. C. Dixon, que foi pastor da Moody
Church em Chicago, Illinois e depois no Spurgeon's Tabernacle em Londres:
"Todo pregador
tem de ser primariamente um profeta de Deus que prega assim como Deus determina,
sem ligar para ao opinião dos homens, e sem buscar resultados visíveis. Quando
ele se torna consciente de que ele é um líder em sua denominação, ele então alcançou a maior crise de seu
ministério.
Ele agora precisa escolher uma das duas opções:
OU SERÁ UM PROFETA DE DEUS
OU UM POPULAR LÍDER DE HOMENS
“Se ele
escolher ser um líder popular e um profeta ao mesmo tempo, ele certamente fracassará
nas duas funções. Se ele escolher ser um profeta o mais que puder,mas não abrir
mão de sua liderança popular ele se tornará um diplomata e deixará de ser um
verdadeiro profeta. Se ele decidir manter a liderança e a popularidade a todo o
custo, ele se tornará um político daqueles que fará tudo para se manter no
poder. "
Quando o excepcional pregador escocês Robert Murray McCheyne experimentou grandes
bênçãos em seu ministério, no caminho de volta para a casa, ele dobrava o
joelho e simbolicamente colocava a coroa do sucesso aos pés do Senhor, a quem
por direito pertencia esta coroa. Esta prática o ajudou a salvá-lo do perigo de
receber a glória devida somente ao Deus Altíssimo.
Dr. Dixon também escreveu sobre Dr.
Reuben A. Torrey, homem que o Senhor usou para trazer o avivamento a metade do
mundo em sua época:
"os milhares
que ouviram Dr. Torrey conheciam o homem
e a sua mensagem. Ele amava a bíblia e acreditava ser ela a infalível palavra de
Deus e assim a pregava com grande fervor e convicção. Ele escolheu ser um
profeta de Deus ao invés de um mero líder de homens e esse era o segredo de seu
exuberante ministério.” Importa agradar a Deus do que aos homens”
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