A. W. Tozer e Suas Mensagens Sempre Atuais!
A. W. Tozer nasceu na Pensilvânia, no final do
século 19. Conhecido e considerado um grande pensador, e além disto, alguém que
contribuiu grandemente para a literatura cristã.
Mesmo nunca frequentando um seminário, Tozer
era um grande estudioso da Bíblia, e seu conhecimento e vivência da Palavra,
lhe rendeu conteúdo para escrever mais de 40 livros.
Falecido em 1963, este grande pastor, pelo que
podemos ler no artigo abaixo, pode vivenciar algo que muito temos vivido em
nossos dias, a saber, a pregação de um evangelho “defeituoso”.
Será que temos vivido e pregado o antigo (porém
atual) Evangelho da Cruz? Ou temos moldado as verdades bíblicas à novos
conceitos deste século?
Na postagem de hoje veremos um paralelo
entre; A VELHA CRUZ E A NOVA . Este é um artigo antigo, mas ao
lê-lo, sentirá que seu autor ainda está entre nós, vivendo cada momento das
igrejas de nosso país! Uma ótima leitura!
—
O evangelismo de confrontos amistosos
entre os caminhos de Deus e os do homem falsifica as Boas-Novas e
apresenta ao mundo uma nova cruz, sem ação e sem poder.
Sem fazer-se anunciar, e em grande
parte despercebida, entrou nos meios evangélicos populares uma nova cruz.
Parece-se com a velha cruz, porém é diferente: as semelhanças são superficiais;
as diferenças, fundamentais.
Dessa
nova cruz nasceu uma nova filosofia de vida cristã; dessa nova filosofia, uma
nova técnica evangélica: um novo tipo de reunião e de pregação do evangelho.
Esse novo evangelismo emprega a mesma linguagem do antigo; seu teor, porém, não
é mais o mesmo, e sua ênfase também difere da anterior.
A
velha cruz não transigia com o mundo. Constituía o fim da linha para a altiva
carne de Adão, ao executar a sentença imposta pela lei do Sinai. A nova cruz
não tem qualquer conflito com a raça humana; antes, é considerada bem camarada.
E fonte de abundância de divertimento sadio e prazeres inocentes. Deixa o nosso
Adão viver sem opor-lhe obstáculo, sem modificar-lhe a razão de viver. Ele
continua vivendo para seus interesses egoístas, com a diferença de que, agora,
em lugar de entoar canções indecentes e tomar bebidas fortes, se deleita em
cantar corinhos e assistir a filmes religiosos. A motivação continua sendo o
divertimento, embora o prazer, agora, esteja em plano moralmente mais elevado.
A nova cruz dá preferência a uma
orientação inteiramente diferente. O evangelista já não exige o abandono da
velha vida para que se possa receber a vida nova. Não prega os contrastes, e,
sim, as semelhanças. Procura adaptar-se ao gosto do público, insinuando que o
cristianismo não faz exigências desagradáveis, e dizendo que, pelo contrário,
ele oferece as mesmas coisas que o mundo, só que em nível mais elevado. Tudo
que o mundo em seu pecado e insensatez esteja procurando no momento, é
exatamente o que procuram provar que o evangelho oferece, com a diferença de o
produto religioso ser melhor.
A nova cruz não aniquila o pecador:
dá-lhe nova orientação. Entrosa-o com um modo de vida mais limpo e divertido.
Poupa-lhe o amor próprio. Ao indivíduo que gosta de se impor, diz: “Venha
impor-se para Cristo.” Ao jactancioso diz: “Venha vangloriar-se no Senhor.” Aos
que gostam de emocionalismo diz: “Venha gozar as emoções da comunhão cristã.” A
mensagem cristã é adaptada aos modismos do momento, a fim de torná-la aceitável
ao público.
Pode ser bem intencionada a filosofia
em que se baseia essa orientação, porém as boas intenções não a tornam menos
falsa. É falsa porque é cega. Foge completamente ao verdadeiro sentido da cruz.
A
velha cruz é símbolo de morte. Representa o fim abrupto e violento da criatura
humana. No tempo dos romanos, o homem que tomava sua cruz e partia estrada fora
já tinha dado adeus aos amigos. Não pensava voltar. Não partia para reorientar
sua vida, mas para vê-Ia liquidada. A cruz não transigia; nada modificava, nada
poupava: acabava com o homem, completa e permanentemente. Não se esforçava para
manter boas relações com sua vítima: atacava de rijo e sem misericórdia;
terminado seu trabalho, o homem não existia mais.
A raça adâmica está sob sentença de
morte. Não há esperança de atenuação de pena, nem por onde fugir. Deus não pode
aprovar nenhum fruto do pecado, por mais inocente ou belo que pareça aos olhos
humanos. Deus recupera o homem liquidando-o, para então ressuscitá-lo em
“novidade de vida”.
O evangelismo que apresenta confrontos
amistosos entre os caminhos de Deus e as veredas dos homens, falsifica o ensino
bíblico e demonstra falta de amor ao pecador. A fé cristã não segue o mesmo
caminho que o mundo; vai em direção oposta. Ao chegarmo-nos a Cristo, não
elevamos nossa velha vida para um plano superior: deixamo-la na cruz. O grão de
trigo precisa cair na terra e morrer.
Quem
prega o evangelho, não pode se imaginar agente de relações públicas enviado
para estabelecer a boa vontade entre Cristo e o mundo. Não somos encarregados
de tornar Cristo aceitável ao alto comércio, à imprensa, ao mundo esportivo ou
à cultura moderna. Não somos diplomatas e sim profetas; a mensagem que nos foi
entregue não é de transigência: é um ultimato.
O que Deus oferece é uma nova vida e
não a velha vida melhorada. Ela brota da morte. Fica sempre do lado de lá da
cruz. Quem quiser possuí-Ia há de passar sob a vara. Há de repudiar a si mesmo
e aceitar a justa sentença divina contra si.
Em termos práticos, o que significa
isso para o pecador que quer encontrar a vida em Cristo Jesus? Significa
simplesmente que ele precisa de arrepender-se e confiar. Tem que abandonar seus
pecados e parar de tentar defender-se. Não ocultar cousa alguma: nada de
justificativas nem desculpas. É preciso que o pecador não procure impor
condições a Deus; antes curve a cabeça diante do desagrado divino e se
reconheça digno de morte.
Se você já fez tudo isso, contemple
agora com confiança singela o Salvador ressurreto, pois que dele virá vida,
renascimento, purificação e poder. A cruz que pôs fim à vida terrestre de
Jesus, agora faz morrer o pecador; e o poder que ressuscitou a Cristo dentre os
mortos, agora o ressuscita para uma nova vida junto de Cristo.
Aqueles
que têm objeções a esta mensagem, considerando-a questão de ponto de vista ou
interpretação pessoal, devem lembrar-se de que ela vem recebendo a aprovação
divina desde o tempo de Paulo até o presente. Quer exposta nesses termos exatos
ou não, tem sido esse, através dos séculos, o teor da pregação que vem trazendo
vida e poder ao mundo. Os místicos, os reformadores, os avalistas têm dado
ênfase a esse aspecto da verdade, e o testemunho da aprovação de Deus tem sido
os sinais, as maravilhas e operação do Espírito Santo.
Caberia
a nós, herdeiros de semelhante legado de poder, bulir com a verdade? Ousaríamos
tomar de nossos toquinhos de lápis para alterar a planta ou modificar o modelo
que nos foi mostrado no monte? De modo nenhum! Preguemos a velha cruz e
conheceremos o velho poder.
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