31 de dezembro de 2016

SERMÃO DE ANO NOVO / SPURGEON

SERMÃO DE ANO NOVO
Sermão pregado na manhã de Domingo, 1º de Janeiro de 1860,
por Charles Haddon Spurgeon.
Em Exeter Hall, Strand, Londres.
 “Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo, depois que tenhais padecido um pouco de tempo, ele mesmo os aperfeiçoe, confirme, fortaleça e estabeleça.” 1 Pedro 5:10.
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Existem situações especiais quando o ministro de Cristo deve pronunciar uma bênção incomum sobre seu povo. Quando um ano de tribulação passa e outro ano de misericórdia começa.
Esta manhã, tomei este texto como uma bênção de ano novo. Vocês sabem que um ministro da Igreja da Inglaterra sempre gosta de pregar sobre o  novo ano. Que bênção maior poderia implorar ele para os milhares de Israel, que esta bênção que em seu nome pronuncio sobre vocês neste dia: “Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo, depois que tenhais padecido um pouco de tempo, ele mesmo os aperfeiçoe, confirme, fortaleça e estabeleça.”
Ao pregar sobre este texto, terei que explicar: primeiro o que o apóstolo pede ao céu; e logo, em segundo lugar por que espera recebê-lo. A razão de sua esperança, de receber o que pede, está contida no título que utiliza para se dirigir ao Senhor seu Deus: “MAS O DEUS DE TODA A GRAÇA, que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo”.
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I. Então, em primeiro lugar, O QUE O APÓSTOLO  PEDE PARA TODOS AQUELES A QUEM ESCREVEU ESTA EPÍSTOLA. Ele pede para eles quatro joias resplandecentes colocadas sobre um negro pano de realce. As quatro joias são estas: Perfeição, Confirmação, Fortalecimento e Estabelecimento. O negro pano de realce sobre o qual estão colocadas é este: “Depois que tenhais padecido um pouco de tempo.” As lisonjas do mundo valem pouco, pois como observa Chesterfield: Não custam nada exceto tinta e papel.” Devo confessar que creio que inclusive este pequeno gasto é um grande desperdício. As lisonjas mundanas geralmente omitem toda a ideia de aflição. “Um feliz Natal! Um próspero Ano Novo!” Não há nenhuma suposição de algo que se pareça ao padecimento. Mas as bênçãos cristãs apontam a verdade dos assuntos. Sabemos que os homens devem padecer. Cremos que os homens nascem para serem acumulados de dores da mesma maneira que a faísca nasce para voar ao alto; e por isso em nossa bênção incluímos o padecimento. E mais, vamos mais além, cremos que nossa tristeza nos ajudará a alcançar a bênção que invocamos sobre nossas cabeças. Entendam então que, conforme eu mostre cada uma destas quatro joias, devem observá-las e considerar que são desejadas para vocês, “depois que tenhais padecido um pouco de tempo”.

1. Agora a primeira joia resplandecente neste diadema é a Perfeição. O apóstolo ora para que Deus nos aperfeiçoe. Certamente, ainda que esta seja uma oração para um longo período de tempo, e a joia seja um diamante de belas águas e de tamanho excepcional, é absolutamente necessário que um cristão em última instância chegue à perfeição. Acaso nunca tiveram um sonho em suas camas, quando seus pensamentos vagavam livremente e a boca de sua imaginação corria sem freio, e sua alma abria suas asas e flutuava por todo o infinito, agrupando coisas estranhas e maravilhosas, de tal maneira que o sonho se desenvolvia em algo como um esplendor sobrenatural? Mas, subitamente foram despertados, e lamentaram durante horas que o sonho não tivesse chegado a uma conclusão. E o que é um cristão, que não chega à perfeição, senão um sonho não concluído? Um sonho majestoso de todas as maneiras, e certamente, cheio das coisas que a terra não conheceu antes, porque são reveladas pelo Espírito à carne e ao sangue.
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Mas suponhamos que a voz do pecado nos espantasse antes que o sonho se concluísse, e como cada um se desperta, perdêssemos a imagem que começou a se formar em nossas mentes, o que seria de nós então? Remorsos eternos e uma multiplicação do tormento eterno seriam o resultado de haver começado a sermos cristãos, se não alcançássemos a perfeição. Se pudesse existir tal coisa como um homem em quem se começou a obra da santificação, mas em quem Deus no Espírito cessou de operar; se pudesse existir um ser tão infeliz como para ser chamado pela graça para ser abandonado antes de ser aperfeiçoado, não haveria entre os condenados no inferno desventurado mais infeliz. Não seria uma bênção que Deus começasse a abençoar se não levasse à perfeição. Seria a maior maldição que a ira Onipotente poderia pronunciar: dar para um homem a graça, mas que essa graça não o conduzisse até o fim e não o pusesse com segurança no céu.
Eu devo confessar que preferiria suportar os tormentos desse terrível arcanjo, Satanás, por toda a eternidade do que ter que sofrer como alguém a quem Deus uma vez amou, mas a quem depois reprovou. Mas isso não acontecerá jamais. A quem uma vez escolheu, Ele não o rejeitará. Sabemos que onde Ele começou uma boa obra, aperfeiçoa-la-á até o dia de Jesus Cristo. Grandiosa é a oração, então, na qual o apóstolo pede que sejamos aperfeiçoados. O que seria de um cristão se não fosse aperfeiçoado? Nunca viram um painel sobre o qual a mão do pintor tenha esboçado com atrevido pincel alguma cena maravilhosa de grandeza? Veem onde a viva cor foi pintada com uma habilidade quase sobre-humana. Mas o artista caiu morto repentinamente e a mão que desenhou milagres de arte ficou paralisada e o pincel caiu. Acaso não é fonte de lamentos no mundo que alguma vez se tenha começado uma pintura que não pôde jamais ser terminada? Não viram o humano semblante divino em um relevo talhado em mármore? Viram a elegante habilidade do escultor e disseram a vocês mesmos: ‘Isto será algo maravilhoso!’ Que demonstração sem par de habilidade humana! Mas, Ah! Nunca foi completada, não se pôde terminar. E poderiam imaginar, qualquer um de vocês, que Deus começará a esculpir um ser perfeito e que não o terminará? Pensam que a mão da sabedoria divina esboçaria o cristão sem completar seus detalhes? Acaso Deus nos tomou da pedreira como uma pedra sem lavrar, e começou a esculpir em nós, e a mostrar Sua arte divina, Sua maravilhosa sabedoria e graça, para logo nos lançar fora? Acaso Deus falhará? Deixará, por acaso, que Suas obras sejam imperfeitas? Leitores, mostrem se podem, algum mundo que Deus haja abandonado sem poder terminar. Há alguma partícula em Sua criação na qual Deus tenha começado a construir algo, mas que tenha sido incapaz de concluir? Acaso deixou incompleto algum anjo? Há, por acaso, uma só criatura da qual não se possa dizer: “É muito boa?”
E se dirá da criatura formada duas vezes: do eleito de Deus, do comprado com sangue, acaso se dirá: “O Espírito começou a operar no coração deste homem, mas o homem foi mais poderoso que o Espírito, e o pecado venceu a graça; Deus teve que fugir e Satanás triunfou, e o homem nunca foi aperfeiçoado?” Oh, meus queridos irmãos, a oração será ouvida. Depois que tenhais padecido um pouco de tempo, Deus os aperfeiçoará, se Ele começou a boa obra em vocês.
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Mas, amados, deve ser depois que tenham padecido um pouco de tempo. Não poderão ser aperfeiçoados, exceto pelo fogo. Não há outra forma de lhes tirar a sua escória e suas impurezas senão por meio das chamas da fornalha da aflição. Filhos de Deus, vossa insensatez está tão ligada a seus corações, que nada senão a vara pode extirpá-la. É através das marcas de seus ferimentos que seu coração é melhorado. Devem passar pela tribulação para que, por meio do Espírito, possa funcionar como fogo purificador para vocês; para que uma vez purificados, santos, acrisolados, e lavados, compareçam diante da face de Deus, isentos de toda imperfeição, e livres de toda corrupção interna.
2. Prossigamos agora para a segunda joia de bênção: Confirmação. Não é suficiente que o cristão tenha recebido um aperfeiçoamento proporcional, se não é confirmado. Vocês já viram um arco-íris no céu quando se faz visível pela planície: suas cores são gloriosas e suas nuances são excepcionais. Ainda que o tenhamos visto muitíssimas vezes, nunca deixa de ser “algo belíssimo e um gozo constante.” Mas que lástima do arco-íris, não está confirmado. Se desvanece e aqui já não está. As belas cores cedem passo às nuvens carregadas e a abóbada celeste já não brilha com as tinturas do céu. Não está confirmado. Como pode ser isto? Algo que está feito de raios passageiros do sol e gotas instáveis da chuva, como poderia permanecer? E fixem nisto, quanto mais bela é a visão, mais desconsolada é a reflexão quando essa visão se desvanece, e não fica nada senão escuridão.
Então, ser confirmado é algo extremamente desejável para o cristão. De todas as concepções conhecidas de Deus, junto ao Seu Filho encarnado, não duvido em pronunciar ao cristão a mais nobre concepção de Deus. Mas se esta concepção fosse apenas um arco-íris pintado na nuvem, para depois desaparecer para sempre, não valeria nada o dia em que nossos olhos foram atraídos para ver o inatingível, como uma sublime visão que logo se vai derreter. O cristão não é melhor que a flor do campo, que hoje está e que se seca quando se levanta o sol com calor abrasador, a menos que Deus o confirme. Qual é a diferença entre o herdeiro do céu, o filho de Deus comprado com sangue, e a erva do campo?
Oh, que Deus lhes outorgue esta rica bênção, para que não sejam como o fumo de uma chaminé, que é rapidamente dispersado pelo vento: que sua bondade não seja como a nuvem da manhã, nem como o orvalho temporão que se evapora; mas que sejam confirmados, e que cada bem que tenham seja um bem permanente. Que seu carácter não seja como as letras escritas sobre areia, mas uma inscrição na rocha. Que sua fé não seja como a onda do mar, mas que esteja construída com material de pedra que aguentará esse horrível incêndio que consumirá a madeira, o feno e a ninhada do hipócrita. Que estejamos cimentados e arraigados no amor, que suas convicções sejam profundas. Que seu amor seja real. Que seus desejos sejam sinceros. Que sua vida inteira esteja estabelecida, fixada e confirmada, para que todos os fortes ventos do inferno e todas as tormentas da terra sejam incapazes de lhes perturbar.
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Vocês não devem estar sujeitos agora a essas dúvidas que maltratam os bebês na graça. Não se lhes deve estar ensinando sempre os primeiros rudimentos: devem prosseguir para algo mais elevado. Certamente suas titubeações não combinam com os cabelos grisalhos. Nós que somos jovens buscamos um exemplo em vocês, que são cristãos bem confirmados; e se os vemos duvidar, e os ouvimos falando com lábios temerosos, então nos abatemos em alto degrau. De fato oramos por todos, independentemente de sua idade, para que nossa esperança esteja posta unicamente no sangue e na justiça de Jesus, e que esteja tão firmemente arraigada, que não seja sacudida jamais, senão que sejamos como o monte Sião, inabalável e que permanece para sempre.
Mas, lembrem-se, não podemos obtê-la senão depois de haver padecido um pouco de tempo.. Não esperemos que o jovem carvalho lance suas raízes tão profundamente como o carvalho velho. Esses velhos laços nas raízes, essas estranhas quebras dos galhos, todos falam das muitas tormentas que açoitaram a antiga árvore. Mas são indicadores também das profundezas a que se submergiram as raízes; e todos dizem ao lenhador que espere partir primeiro uma montanha que arrancar esse carvalho de raízes. Devemos padecer um pouco de tempo, para logo sermos confirmados.
3. Agora vamos comentar a terceira bênção, que é o Fortalecimento. Ah, irmãos, esta é uma bênção muito necessária para todos os cristãos. Há alguns que parecem estar fixados e confirmados. Mas, todavia, carecem de força e de vigor. Permitam-me lhes dar um retrato de um cristão sem forças? Ali o têm. Ele tem apoiado a causa do Rei Jesus. Vestiu-se com sua armadura; alistou-se no exército celestial. Podem observá-lo? Está perfeitamente armado da cabeça aos pés, e leva consigo o escudo da fé. Podem ver também quão firmemente está confirmado? Mantém seu lugar, e não será movido dali. Mas, vejam-no, Quando usa sua espada, golpeia com pouquíssima força. Seu escudo, ainda que o sustenha tão firmemente como sua debilidade o permita, treme em seu punho. Ali está e não se moverá. Sem dúvidas, quão oscilante é a sua posição. Seus joelhos se chocam com espanto quando ouve o som e o ruído da guerra e do tumulto. Do que precisa este homem? Sua vontade é correta, e seu coração está posto plenamente nas coisas boas. O que precisa? Necessita força. O pobre homem é fraco e se assemelha a uma criança. Seja porque foi alimentado com comida mal temperada e insubstancial, ou por conta de algum pecado que o perseguiu, não tem força nem a vitalidade que deveria habitar um cristão. Mas uma vez que a oração de Pedro seja respondida para ele, quão forte se tornará. Em todo o mundo não há uma criatura tão forte como um cristão quando Deus está com ele.
Fale de Leviatan! Que faz que o abismo seja branco! Ele não é o chefe dos caminhos de Deus. O verdadeiro crente é mais poderoso que ele. Nunca viram o cristão quando Deus está com ele? Cheira a batalha desde longe, e clama em meio do tumulto: “Vamos! Vamos! Vamos!” Se ri de todas as hostes inimigas. Ou se compara com Leviatan: se é arrojado em um mar em tribulação, dá chicotadas por todos os lados e faz que o abismo se torne branco com bênçãos. As profundezas não lhe surpreendem, nem teme as rochas; tem a proteção de Deus ao seu redor, e as águas não podem sufocá-lo; e mais, tornam-se um elemento de deleite para ele, quando pela graça de Deus se regozija em meio das altas ondas.
Se querem uma prova da força de um cristão, somente têm que revisar a história, e poderão ver como os crentes apagaram a violência do fogo, fecharam as bocas dos leões, agitaram os punhos diante da pavorosa morte, se riram até do desprezo dos tiranos, e puseram em fuga aos exércitos inimigos, por meio do poder superior da fé em Deus. Rogo a Deus, meus irmãos, que lhes fortaleça este ano.
Os cristãos desta época são pessoas fracas. É algo notável que agora a grande maioria dos filhos nascem débeis., mas é certo que não temos muitos gigantes cristãos em nossos dias.
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Por aqui e por ali ouvimos de alguém, ao que somente lhe faz falta operar milagres nestes tempos modernos, e ficamos atônitos. Oh, que vocês tivessem fé como estes homens! Não creio que haja mais piedade agora do que se procurava ter nos dias dos puritanos. Creio que há muito mais homens piedosos; mas enquanto a quantidade se multiplicou, temo que a qualidade tenha sido desprezada. Naqueles dias o ribeiro da graça era na verdade muito profundo. Alguns daqueles velhos puritanos (quando lemos sobre sua devoção e sobre as horas que passaram em oração) pareciam ter tanta graça como qualquer centena de nós. O ribeiro era muito profundo. Mas agora as margens perderam sua forma e grandes pastagens foram inundadas pela água. Até ali vamos bem. Mas ainda que a superfície tenha se expandido, temo que a profundidade tenha diminuído espantosamente. E esta pode ser a explicação: que devido a que nossa piedade se tornou mais superficial, nossa força se debilitou. Oh, que Deus lhes fortaleça este ano!
4. E agora me referirei à última das quatro bênçãos: “Estabelecimento.” Não direi que esta última bênção é maior que as outras três, mas é um degrau para cada uma delas; e é estranho dizê-lo, é muitas vezes o resultado da obtenção gradual das três bênçãos precedentes. “Estabelece-te!” Oh, quantos andam por aí que não se estabeleceram jamais. A árvore que é transplantada a cada semana morrerá rapidamente. E mais, se fosse trocada, não importa quão habilmente, uma vez ao ano, nenhum jardineiro esperaria fruto dela. Quantos cristãos existem que estão sendo transplantados constantemente, inclusive quanto aos seus sentimentos doutrinários. Há alguns que creem segundo o último pregador; e há outros que não sabem em quê creem, mas creem em quase tudo o que lhes falam.
O espírito de caridade cristã, tão cultivado nestes dias, e que todos amamos tanto, tem ajudado, temo, a trazer ao mundo uma espécie de latitudinarismo; ou em outras palavras, os homens têm chegado a crer que não importa no que creiam; que ainda que um ministro diga é assim, e o outro diga não é assim, sem dúvida os dois estão corretos; que ainda que nos contradigamos absolutamente um ao outro, apesar disso, ambos temos razão. Eu não sei onde fabricaram o juízo aos homens, mas ao meu parecer, sempre se considera impossível crer em uma contradição. Não posso entender nunca como sentimentos tão contrários possam ser conformados à Palavra de Deus, que é a norma da verdade. Mas há alguns que são como um campanário sobre a torre de uma igreja, pois se voltam para onde sopre o vento. Como disse o bom senhor Whitefield: “seria mais fácil medir a lua para vesti-la, que identificar seus pensamentos doutrinários,” pois sempre estão variando e sempre estão trocando.

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Agora, eu rogo que vocês sejam livrados disto, se é essa a vossa debilidade, e que possam ser estabelecidos. Que a intolerância seja arremessada para longe de nós. Sem dúvida, eu desejo que o cristão saiba o que considera que é verdade e logo o sustente. Tomem seu tempo para examinar a controvérsia, mas uma vez que tenham decidido, que não sejam convencidos com facilidade. Seja Deus verdadeiro, ainda que todo homem seja mentiroso; e sustenham que o que esteja de acordo com a Palavra de Deus um dia, não pode ser contrário a ela outro dia; que o que foi certo na época de Lutero e na época de Calvino deve ser certo agora; que as falsidades podem variar, pois têm uma aparência multiforme; mas a verdade é uma, é indivisível e para sempre a mesma. Que outros pensem o que quiserem. Concedam maior latitude aos demais, mas vocês não se permitam a nenhuma falsidade. Permaneçam firmes e inabaláveis segundo lhes foi ensinado, e sempre busquem o espírito do apóstolo Paulo, “se alguém ensina um evangelho diferente do que haveis recebido, seja anátema”. Sem dúvida, como quero que estejam firmes em sua doutrina, minha oração é que estejam especialmente estabelecidos em vossa fé. Vocês creem em Jesus Cristo, o Filho de Deus, e descansam Nele. Mas algumas vezes vacilam; então perdem o seu gozo e consolo. Eu peço para que sua fé esteja estabelecida, que nunca duvidem se Cristo é vosso ou não, mas que digam confiadamente: “Eu sei em quem tenho crido, e estou seguro que é poderoso para guardar o meu depósito”. Oro para que estejam estabelecidos em vossas metas e propósitos.
Há muitas pessoas cristãs que têm uma ideia muito boa em suas cabeças, mas nunca a implementam, porque perguntam ao amigo qual é a sua opinião. “Não é grande coisa,” responde. Claro que não. Quem tem em alta opinião as ideias dos outros? E de imediato, a pessoa que a concebeu renuncia a ela, e a obra nunca se completa. Quantos homens em seus ministérios começaram a pregar o Evangelho, e permitiram que algum membro da igreja, possivelmente algum diácono, incitasse-lhe a orelha levando-o um pouco por essa direção. Mais tarde, algum outro irmão considerou conveniente incitá-lo em direção contrária. O homem perdeu o seu brio. Nunca se estabeleceu quanto ao que devia fazer; e agora se converteu em um simples lacaio, esperando a opinião de cada um, desejoso de adotar o que outros concebem que é o correto.
Agora, peço-lhes que estejam estabelecidos em suas metas. Vejam qual é o lugar que Deus quer que ocupem. Parem ali, não saiam apesar de todas as zombarias que tenham que suportar. Se creem que Deus lhes chamou para uma obra, façam-na. Se os homens lhes ajudam, agradeçam-nos. Se não lhes ajudam, digam-lhes que se apartem de seu caminho ou serão atropelados. Que nada os intimide. Quem quiser servir ao seu Deus deve estar preparado algumas vezes a servir-Lhe sozinho. Nem sempre lutaremos em meio às fileiras. Há momentos nos quais os Davis do Senhor devem pelejar sozinhos com os Golias, e devem tomar consigo cinco pedras do riacho em meio ao escárnio de seus irmãos, e contudo, com suas armas, eles estarão confiantes na vitória pela fé em Deus. Não permitam que lhes tirem da obra na qual Deus os pôs. Não se cansem de fazer o bem, pois ao seu devido tempo, colherão se não desfalecerem. Estejam estabelecidos. Oh, que Deus derrame esta rica bênção em vós.

 Ainda quando um homem esteja equivocado, alguém verdadeiramente admira sua retidão quando se levanta crendo que possui a razão e se atreve a enfrentar as ameaças do mundo. Mas quando um homem tem a razão, o pior que lhe pode ocorrer é que seja inconstante, que vacile, que os homens o intimidem. Lança isso para longe de você, cavaleiro da santa Cruz, e seja firme se quer sair vitorioso. O coração desfalecente jamais tomou de assalto nenhuma cidade, e você nunca vencerá nem será coroado de honra, se teu coração não se endurecer frente a cada investida e se não está estabelecido em sua intenção de honrar ao seu Senhor e de ganhar a coroa.

22 de dezembro de 2016

UM REI NASCE EM BELÉM - SPURGEON / Sermão de Natal

A Encarnação e o Nascimento de Cristo Nº 57 Pregado na manhã de domingo, 23 de Dezembro, 1855, Por Charles Haddon Spurgeon, Em New Park Street Chapel, Southark – Londres.
 "E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." Miquéias 5:2












Essa é a época do ano quando, querendo ou não, estamos obrigados a associar o natal com o nascimento de Cristo, e não posso entender como os protestantes consistentes podem ter esses dias como  sagrado. No entanto, eu desejaria que houvesse dez ou doze dias de Natal ao ano – porque há suficiente trabalho no mundo e um pouco mais de descanso não faria mal ao povo trabalhador. O dia de Natal é realmente uma benção para nós, particularmente porque nos congrega em redor da lareira de nossas casas e nos reunimos uma vez mais com nossos amigos.
Vou de imediato ao ponto que tenho que comentar-lhes. Vemos, em primeiro lugar, quem foi o que enviou Cristo. Deus o Pai fala aqui, e diz: "de ti me sairá o que governará em Israel." Em segundo lugar, de onde veio no momento de Sua encarnação?
Então, em primeiro lugar, QUEM ENVIOU CRISTO? A resposta nos é dada pelas próprias palavras do texto: "De ti", diz o Senhor, falando pela boca de Miquéias, "de ti me sairá." É um doce pensamento que Jesus Cristo não veio sem a permissão, autoridade, consentimento e ajuda de seu Pai. Foi enviado pelo Pai para ser o Salvador dos homens. Ah, amados irmãos, quem conhece ao Pai, o Filho, e o Espírito Santo como deveria conhecer-lhes, nunca coloca Um em detrimento do Outro – não está mais agradecido a Um do que com Outro – Vê a Eles todos em Belém, em Getsemani e no Calvário, Todos igualmente envolvidos na obra de salvação. "De ti me sairá." Oh cristãos, têm colocado sua segurança unicamente Nele? E, está unido a Ele?
I.                  "De ti ME sairá" No céu, houve um triste dia quando Satanás caiu, e levou consigo um terço das estrelas do céu, quando o Filho de Deus, lançado de Sua grandiosa destra dos trovões onipotentes, lançou o grupo rebelde ao fosso de perdição – porém, se pudéssemos conceber uma tristeza no céu, deve  ter sido o dia mais triste da eternidade, quando o Filho do Altíssimo deixou o seio de Seu Pai, onde havia descansado desde antes de todos os mundos. "Vá", disse o Pai, "com a benção de teu Pai sobre Tua cabeça!" Logo vem o despojar de seus vestidos. Como os anjos se reúnem em volta, para ver ao Filho de Deus tirar suas vestes! Colocou de um lado Sua coroa - disse "Pai, eu sou Senhor de tudo, bendito para sempre – porém, vou deixar minha coroa de lado, e serei como os homens mortais." Dispõe-se de sua brilhante veste de glória 
 "Pai," diz "colocarei uma roupa de barro, da mesma que os homens usam." Logo, se despe de todas Suas jóias com as quais era glorificado – coloca de lado Seus mantos bordados de estrelas e suas túnicas de luz, para vestir-se com a simples roupa do campesino da Galiléia. Quão solene deve ter sido esse despojar! Em seguida, podem imaginar a separação? Os anjos servem ao Salvador ao largo das ruas, até que se aproximam das portas, quando um anjo exclama: "Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e sairá o Rei da Glória."
Oh! Sou do parecer que os anjos devem ter chorado quando perderam a companhia de Jesus – quando o Sol do Céu lhes arrebatou toda Sua luz. Porém, o seguiram. Desceram com Ele – e quando Seu espírito entrou na carne, e se converteu em bebê, foi servido por esse poderoso exército angelical - esses que depois de terem estado com Ele no casebre de Belém, e depois de ver-lhe descansar no peito de Sua mãe, em seu caminho de volta ao alto, apareceram para os pastores e disseram para eles que tinha nascido o Rei dos judeus.

II.                 II. Agora, em segundo lugar, DE ONDE VEIO? Foi considerado bom e adequado que nosso Salvador nascesse em Belém, e isso devido à história dessa cidade, ao nome de Belém, e a posição de Belém: pequena em Judá
III.              1) Em primeiro lugar, considerou-se que Cristo nascesse em Belémdevido à história de Belém. A pequena aldeia de Belém era muito querida para todo israelita. Creio que a primeira menção que temos de Belém é triste. Ali morreu Raquel. “E aconteceu que, tendo ela trabalho em seu parto, lhe disse a parteira: Não temas, porque também este filho terás. E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou-lhe Benoni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim. Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata; que é Belém. (Genesis 35:16-20) Esse é um incidente singular: quase profético, pois Benjamim é uma figura de Jesus e não podia Maria ter chamando  seu o filho Jesus de seu Benoni? Pois ele ia ser "o filho de minha dor." Simão lhe disse: (E uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações. (Lucas 2:35) Mas, ainda que ela podia ter-lhe chamado Benoni, Deus seu Pai o chamou Benjamim, o filho de minha mão direita – O nascimento de Benjamim em Belém é quase uma profecia que Benoni: Benjamim, o Senhor Jesus, devia nascer em Belém.
IV.               
V.                Porém, outra mulher faz esse lugar celebre. O nome dessa mulher era Noemi. Ali em Belém, em dias posteriores, viveu essa mulher ,de nome Noemi, quando talvez a pedra que o amor de Jacó por Raquel tinha levantado já estivesse coberta pelo musgo e sua inscrição talvez já borrada pelo tempo.. Noemi foi uma mulher que o Senhor tinha amado e abençoado, mas ela teve uma vida difícil.  "Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso" (Rute 1:20) No entanto, ela não estava sozinha em meio de todas suas perdas, pois agarrou-se a ela Rute, a moabita, cujo sangue gentil devia se unir com a torrente pura e sem mancha do judeu, que devia gerar ao Senhor nosso Salvador, o grandioso Rei tanto dos judeus como dos gentios. O belíssimo livro de Rute tinha todo seu cenário em Belém. Foi em Belém que Rute saiu a recolher espigas nos campos de Boaz; foi ali que Boaz a  olhou, e lá que ela se prostrou em terra diante de seu senhor; foi ali que foi celebrado seu matrimônio, e nas ruas de Belém, Boaz e Rute receberam uma bênção que os fez frutíferos, de tal forma que Boaz converte-se no pai de Obede, e Obede pai de Jessé, e Jessé gerou a Davi.
VI.               
VII.           Esse último feito cinge Belém com glória: o fato de Davi ter nascido ali – o poderoso herói que matou ao gigante filisteu. Belém era uma cidade real, porque reis foram gerados ali. Ainda que Belém fosse pequena, tinha muito para ser estimada – porque era como certos principados que temos na Europa, que não são celebrados por nada a não ser terem gerado consortes das famílias reais da Inglaterra. Era um direito, então, pela história, que Belém devia ser o lugar do nascimento de Cristo.
VIII.         2) Mais adiante, existe algo no nome do lugar. "Belém Efrata." A palavra "Belém" tem um duplo significado: quer dizer "casa de pão," e "casa da guerra." Cristo não devia nascer na "casa do pão?" Ele é o pão de seu povo, de Quem recebe seu alimento. Como nossos pais comeram o maná no deserto, assim nós vivemos de Cristo aqui embaixo. Famintos frente ao mundo, não podemos alimentar-nos de suas sombras, nós precisamos de algo mais substancial, e nesse pão do céu, feito do corpo ferido de nosso Senhor Jesus, e cozido no forno de Suas agonias, encontramos um bendito alimentoNão existe alimento como Jesus para a alma desesperada ou para o mais forte dos santos
O mais humilde da família de Deus, vá a Belém por seu pão – e o homem mais forte, que come sólidos alimentos, vá a Belém por eles. Casa do Pão! De onde poderia vir nosso alimento fora de Ti? Temos provado ao Sinai, porem em seus picos afiados não crescem frutos, e suas alturas espinhosas não produzem o trigo que possa alimentar-nos. Fomos ao próprio Tabor, onde Cristo foi transfigurado, e, no entanto, ali não fomos capazes de comer Sua carne e beber Seu sangue. Porém, você, Belém, casa de pão, corretamente foi nomeada – pois ali se lhe deu ao homem pela primeira vez o pão da vida.
IX.              E também é chamada "a casa da guerra;" porque Cristo é para os homens "casa do pão", ou do contrário, "casa da guerra."
X.                 Enquanto Ele é alimento para o justo, faz guerra ao ímpio, segundo Sua própria palavra: "Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a  nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares." ( Mateus10:34-36) Pecador! Se não conheces Belém como "a casa do pão", então ela será para ti uma "casa de guerra." Se nunca bebes o doce mel dos lábios de Jesus – se não és como a abelha que sorve do delicioso e doce licor da Rosa de Saron, então, dessa mesma boca sairá uma espada de dois gumes contra ti – e essa mesma boca da quão os justos sacam seu pão, será para ti a boca da destruição e a causa de teu mal. Jesus de Belém, casa de pão e casa de guerra, nós confiamos em que lhe conhecemos como nosso pão. Oh, que alguns que não estão em guerra Contigo possam ouvir em seus corações, assim como em seus ouvidos, o hino: "Paz na terra, e indulgente Misericórdia; Deus e os pecadores reconciliados."
XI.               
XII.            Agora, vamos nos referir a essa palavra: "Efrata". Esse era o antigo nome do lugar, que os judeus conservavam e amavam. Seu significado é "Fecundidade" ou "abundância" Ah! Que adequado foi que Jesus nascera na casa da fecundidade – pois, de onde vem minha fertilidade e sua fertilidade, meu irmão, senão de Belém? Nossos pobres corações infrutíferos nunca produziram nenhum fruto, nenhuma flor, até que foram regados com o sangue do Salvador. É a sua encarnação que enriquece o solo de nossos corações. Por toda terra havia espinhas salientes, e venenos mortais, antes que Ele viesse – porem nossa fertilidade vem Dele. "Sou como a faia verde; de mim é achado o teu fruto." (Oséias 14:8) "todas as minhas fontes estão em ti." (Salmo 87:7) Se nós somos como árvores plantadas junto à corretes de águas, dando fruto na estação própria, não é porque tenhamos sido naturalmente frutíferos, mas antes, por causa das correntes de águas juntos as quais fomos plantados. Jesus é que nos faz fecundos. "Quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto" (João 15:5) Gloriosa Belém Efrata! Bem nomeada! Fértil casa de pão – a casa de abundante provisão para o povo de Deus!
XIII.          

XIV.         3) Continuando, notemos a posição de Belém. É dito que é "pequena para estar entre as famílias de Judá." Por que é dito isso? Porque Jesus Cristo sempre vai em meio dos pequenos. Ele nasceu na pequena aldeia "para estar entre as famílias de Judá." Não na alta colina de Basã, nem no monte 14 real de Hebron, nem nos palácios de Jerusalém, mas sim na humilde, porem ilustre, aldeia de Belém. Há uma passagem em Zacarias que nos ensina uma lição: diz que um varão que cavalgava sobre um cavalo vermelho, estava entre as murtas que estavam na baixada. (Zacarias 1:8-10) Agora, as murtas crescem nas baixadas – e o homem cavalga seu cavalo sempre trota ali. Ele não vai por cima da montanha – Ele cavalga entre os humildes de coração. "Olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra." (Isaías 66:2) Há alguns pequenos entre nós hoje: "pequena para se achar entre os milhares de Judá." Ninguém escutou antes o nome de vocês, não é verdade? Se os enterram e escrevem seus nomes em suas tumbas, passariam despercebidos. Os que passassem ali diriam: "esse não significa nada para mim: nunca o conheci." Não sabe muito de si próprio, nem possui uma grande opinião sobre você mesmo – talvez a duras penas possa ler. Ou, se têm algumas habilidades e talentos, é desprezado pelos homens – ou, se não é depreciado por eles, você se despreza a si próprio. É um dos pequenos. Bem, Cristo sempre nasce em Belém entre os pequeninos. Cristo nunca entra nos grandes corações – Cristo não habita nos grandes corações, mas nos pequeninos. 
Os espíritos poderosos e orgulhosos nunca têm a Jesus Cristo, pois Ele entra por portas baixas, e nunca entrará por portas altas e elevadas. Quem tem um coração quebrantado, e um espírito humilhado, terá ao Salvador, e ninguém mais. Ele não cura nem ao príncipe nem ao rei, mas sim, mas "ele sara aos quebrantados de coração e ata-lhes suas feridas" (Salmo 147:3). Que doce pensamento! Ele é o Cristo dos pequeninos. "E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel." Não podemos abandonar esse ponto sem outro pensamento aqui, quão maravilhosamente misteriosa foi essa providência que trouxe a mãe de Jesus Cristo para Belém, no mesmo momento que ia dar a luz! Seus pais moravam em Nazaré – e com que motivo teriam desejado viajar nessa hora? Naturalmente, teriam ficado em casa – não é nada provável que sua mãe teria feito uma viagem a Belém encontrando-se nessa condição especial. Porém, Augusto César promulga um edito que todo o mundo deve ser recenseado. Muito bem, então que sejam recenseados em Nazaré. Não – agradou a Ele que todos deveriam ir para Sua cidade. Mas, por que Augusto pensou nisso precisamente nesse momento em especial?  Simplesmente porque enquanto o homem pensa seu caminho, o coração do rei está nas mãos do SENHOR. (Provérbios 21:1)

17 de dezembro de 2016

NÃO TE DEIXAREI E NÃO TE ABANDONAREI --- Robert Murray McCheine


Robert Murray M'Cheyne (1813-1843)
por
D. F. Kelly

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Robert Murray M'Cheyne é amplamente considerado como um dos homens mais semelhantes a Cristo que já viveu na Escócia. Ele nasceu em Edinburgo e foi educado na Universidade de Edinburgo, onde ganhou honras em idiomas e prêmios em poesia, música e desenho. Sua conversão e chamado ao ministério seguiram a morte de seu piedoso irmão mais novo, David, que tinha orado durante muito tempo por Robert. Ele estudou para o ministério da Igreja da Escócia em Edinburgo sob os cuidados do famoso teólogo Thomas Chalmers. Durante esse período do século dezenove, um despertamento evangélico varria a Igreja da Escócia, finalmente culminando no “Rompimento”, que viu quase metade da membresia deixar a Igreja Estabelecida para encontrar a mais evangélica Igreja Livre da Escócia em 1843, o ano da morte de M'Cheyne. O ministério de M'Cheyne foi parte desse movimento eclesiástico nacional. Em 1835 ele foi um ministro assistente nas paróquias de Larbert e Dunipace, perto de Stirling. Em 1836 ele foi chamado para a Igreja de São Pedro, em Dundee, que tinha uns quatrocentos membros. Seu ministério ali foi marcado por profunda santidade pessoal, oração, compaixão pela salvação dos perdidos, poderosa pregação evangélica e aconselhamento incansável. Em 1839 ele gastou seis meses na Palestina, explorando uma possível obra missionária entre os judeus. Um reavivamento irrompeu em sua congregação durante sua ausência. Ao regressar, ele ficou impressionado com essa obra, a qual em pouco tempo se espalhou por todo o país, resultando na conversão de milhares. Ele morreu aos 29 anos de idade






VÍDEO - NÃO TE DEIXAREI E NÃO TE ABANDONAREI  ---   Robert Murray McCheine



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4 de dezembro de 2016

Graça Barata e Graça Preciosa / Dietrich Bonhoeffer









   
Há 68 anos (no dia 09 de abril de 1945) morria Dietrich Bonhoeffer, pastor e teólogo da Igreja Luterana da Alemanha.

Este erudito, ordenado e doutorado aos 21 anos, autor de vários livros, é conhecido por sua coragem e seu compromisso cristão. Quando a Igreja Católica guardou silêncio e igrejas cristãs protestantes mantiveram-se à margem, com a desculpa de "neutralidade" diante do tirano e despótico regime que pretendia levantar Hitler, Bonhoeffer foi coerente com seu discurso e levantou sua voz.

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Ele teve a oportunidade de ficar nos Estados Unidos em meio aos alvores que prognosticavam uma guerra mundial. No entanto, preferiu voltar ao seu país para cuidar do rebanho que Deus lhe havia entregue. Tinha sob sua responsabilidade um seminário que depois foi fechado pela Gestapo. Foi proibido de falar e ensinar mas, obedecendo ao seu chamado, continuou seu trabalho clandestinamente.
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Acusado de cúmplice no plano para matar Hitler, Bonhoeffer foi preso e passou seus dois últimos anos de vida em uma prisão de Berlim, aguardando sentença final. Ali se dedicou a escrever vários de seus livros, que são conhecidos até hoje. Entre eles, "O Custo do Discipulado"1, uma joia da literatura cristã, que faz uma exposição à luz do Sermão do Monte (Mateus 5). 

Seu argumento era pôr em evidência o que significa professar uma fé abstrata, legalista e desencarnada do verdadeiro compromisso e da transformação que Jesus exige como o coração do Reino de Deus para os seus seguidores. Uma fé que não toca a alma nem a consciência, um cristianismo sem Cristo e sem cruz é uma fé estéril, inútil e vazia porque, ao final, não é sustentável. A isto Bonhoeffer chamou de “a graça barata”.
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" A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado”.

73 anos depois do pastor Bonhoeffer ter escrito estas palavras em um contexto de tribulação por defender sua posição, é triste reconhecer que hoje alguns setores trilham o mesmo caminho que visa baratear a fé.

A fé se torna barata quando é oferecida como um produto de consumo para satisfazer as massas que buscam uma mensagem que se encaixe aos seus desejos pessoais. Quando é oferecida como espetáculo para um público que deseja que se adoce os ouvidos e se prometa estabilidade para seu "status quo". Quando se defende a identidade de ser filho ou filha de Deus como uma garantia para reivindicar as promessas materiais em troca de uma módica soma ou transação monetária a que alguns chamam de “lei da semeadura e da colheita” ou “pacto com Deus”.
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Nota:
1. Publicado no Brasil pela Editora Sinodal, com o título “Discipulado”.

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Alexander Cabezas Mora é costa-riquenho e coordena o setor de relações eclesiásticas de Viva da América Latina. É membro da secretaria administrativa do Movimento Cristão “Juntos con la Niñez” e integrante da Fraternidade Teológica Latino-americana.

Tradução: Ana Cristina Aço Martins.

2 de dezembro de 2016

BLAISE PASCAL - A GENIALIDADE DE UM MATEMÁTICO E FILÓSOFO CRISTÃO

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Blaise Pascal, o Gênio Francês. Filósofo, Matemático, Teólogo, Físico e Geômetra.

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É justo que Deus, tão puro, se revele apenas
aos que purifi­caram o seu coração. .

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 Blaise-Pascal

Salomão e Jó são os dois homens que mais conheceram e melhor falaram da miséria do homem. Aquele foi o mais venturoso, este o mais desgraçado dos varões. Aquele conhecia, por expe­riência, a vaidade dos prazeres; este conhecia a realidade dos males. 


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Citações Blaise Pascal: A função suprema da razão é para mostrar ao homem que algumas coisas estão além da razão -Blaise Pasca
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Os homens, não podendo curar a morte, nem a miséria, nem a ignorância, decidiram não pensar em tais coisas. .
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