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27 de outubro de 2017

FRASES DOS REFORMADORES



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9 de outubro de 2017

O PREÇO DE SER FIEL / JOÃO CALVINO

“Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes, participa das aflições do evangelho, segundo o poder de Deus,” "que nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos dos séculos,"(II Timóteo 1:8-9, )
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EMBORA Deus mostre Sua glória e majestade no evangelho, a ingratidão dos homens é tamanha, que temos que ser exortados a não nos envergonharmos desse evangelho. E por quê? Porque Deus requer a adoração de todas as criaturas. Ainda assim, a maioria delas se rebela contra Ele, e o despreza. Embora os homens sejam tão perversos a ponto de se voltarem contra seu Criador, não sejamos nós como esses tais e tenhamos sempre em mente esta porção da Escritura: a não nos envergonharmos do evangelho, visto ser ele o testemunho de Deus.


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A mente de Timóteo talvez estivesse abalada. Assim, S. Paulo lhe diz: "ainda que o mundo me despreze, ainda que zombe de mim e me odeie, você não deve ser movido por essas coisas, porque sou o prisioneiro de Jesus Cristo. Deixe que o mundo fale mal de mim, isso não me ofende. Deus concede na minha causa, pois esta é também a Sua causa. Sofro não por ter feito o mal, tendo sempre Sua verdade do meu lado. Portanto, a causa da minha perseguição é o fato de eu ter sido fiel a a Palavra de Deus".

Não diminuamos Jesus Cristo no testemunho que Lhe devemos, ao calarmos nossas bocas no momento em que se deve é manter Sua honra e a autoridade de Seu evangelho. E, ainda, quando virmos nossos irmãos em aflição pela causa de Deus, juntemo-nos a eles, e assistamo-los em sua aflição. Não nos turbemos pelas tempestades que surgem, mas permaneçamos constantes em nosso propósito, levantando-nos como testemunhas para o Filho de Deus, vendo que Ele é tão gracioso a ponto de nos usar em tão boa causa. Percebamos com clareza que os homens sofrem ou por causa de seus próprios pecados ou por causa da verdade de Deus.
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Não há pessoa alguma que não gostaria de escapar de aflições. Isso é de acordo com a natureza humana. E, embora confessemos, sem dissimular, que é uma graça ímpar que Deus nos concede ao permitir aos homens que sofram aflições mantendo Sua causa, não há um sequer de nós que não gostaria de se livrar de perseguição. Isso tudo porque não observamos a lição de S. Paulo, que diz: "o evangelho traz problemas". Jesus Cristo foi Ele mesmo crucificado, e Sua doutrina vem junta com muitos sofrimentos. Ele poderia,quisesse,  determinar   que   Sua   doutrina   fosse   recebida   sem   qualquer oposição, mas a Escritura deve ser cumprida: “Domina no meio dos teus inimigos" (Salmo 110.2).

Devemos ir até Ele sob esta condição: estar dispostos a sofrer oposição, porque os ímpios se levantam contra Deus quando Ele os chama para Si. Portanto, é impossível a nós ter o evangelho sem ter também aflição. Aquele que deseja se ver livre da cruz de Cristo não entendeu o evangelho e nem o motivo de sua própria salvação.
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Não devemos nos envergonhar de nossos irmãos. Quando ouvimos denúncias malignas contra eles, e os vemos desprezados pelo mundo, estejamos sempre com eles, e esforcemo-nos para fortalecê-los, pois o evangelho não pode ser espalhado sem muita luta.

Assim, tal como quando se acende o fogo, e tal como quando o trovão se propaga no ar, há sempre tensão quando o evangelho é pregado.

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Ora, se o evangelho traz aflição, e se é do feitio de Jesus Cristo que se realize nos membros de Seu corpo, a igreja, aquilo que Ele sofreu em Sua pessoa, e que os membros sejam diariamente crucificados, será que seria correto que nos retirássemos de tal situação?
 Vendo que toda a esperança da salvação se encontra no evangelho, devemos descansar nisso e ter em mente o que S. Paulo diz, a saber, que, para aprendermos, devemos assistir nossos irmãos quando estiverem em apuros e quando forem perseguidos pelos ímpios.
Devemos escolher ser companheiros dos nossos irmãos e sofrer as reprimendas e escárnios do mundo, ao invés de sermos honrados com boa reputação ao darmos as costas àqueles que sofrem por essa causa, que é nossa tanto quanto deles.

Inclinamo-nos a ser fracos e pensamos que seremos devorados por perseguições, assim que nossos inimigos nos assaltam. Mas a bíblia nos garante que não nos faltará o auxílio e o socorro do nosso Deus. Ele nos arma e nos dá um poder invencível para que permaneçamos firmes e estimulados. Por essa razão S. Paulo acrescenta: "segundo o poder de Deus" [v.8].
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Porém, tal como dissemos, qualquer um gostaria de ter algum disfarce ou atenuador para evitar que perseguição recaia sobre si. "Se Deus me der graça, sofrerei com alegria por Seu nome, na certeza de que é a maior bênção que eu poderia receber".

Podemos dizer: "somos frágeis e seremos rapidamente vencidos pela crueldade de nossos inimigos", mas Paulo, entretanto, remove essa desculpa ao dizer: “Deus há de nos fortalecer" e "não podemos olhar para nossa própria força". Pois é certo que se nunca entrarmos em conflito com nossos inimigos teremos medo até mesmo de nossas próprias sombras. Conscientes dessa fraqueza, vamos à solução. Devemos considerar o quão difícil é para nós aturar os nossos inimigos. Portanto, humilhemo-nos perante Deus, oremos a Ele para que estenda Sua mão e nos segure em todas as nossas aflições. Se esta doutrina fosse bem gravada em nossos corações, estaríamos mais preparados do que estamos para sofrer.

Embora o Senhor nos tenha mostrado que Seu poder sempre nos amparará, somos tentados a permitir que nossa fragilidade nos impulsione a abandonarmos a cruz e a fugir da perseguição. Mas Paulo aqui acrescenta uma lição que nos envergonha estrondosamente, caso não almejemos glorificar a Jesus Cristo sofrendo perseguição. Ele diz: "Deus nos salvou e chamou com uma santa vocação" [v.9].

Oh! Deus nos tirou do fogo do inferno! Estávamos irremediavelmente condenados, mas Ele nos trouxe salvação e nos chamou a participarmos dela. Portanto, visto que Deus Se mostrou tão liberal, voltarmo-nos contra Ele não é uma malícia vergonhosa? Atentemos para a acusação de S. Paulo contra os inconstantes, que não querem lutar contra os ataques feitos contra eles por causa do evangelho. Sem dúvida que o apóstolo pensou em consolar os fiéis do futuro e que, por isso, mostrou o que Deus já havia feito por eles.
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Portanto, se Deus já nos salvou e nos chamou com santa vocação, acaso nos deixaria pelo meio do caminho? visto que Ele já cumpriu tudo isso, pensaremos que Ele nos abandonará aqui, zombando de nós, e nos negando Sua graça, ou tomando-a nula? Não, não! Pelo contrário, devemos esperar que Ele trará Sua obra à perfeita completude.

Portanto, continuemos com bravura, pois Deus já mostrou Seu poder em nosso favor. Não duvidemos que Ele continuará a fazê-lo, e que haveremos de ter uma vitória perfeita sobre Satanás e sobre nossos inimigos, e que Deus, o Pai, já deu todo o poder nas mãos de Jesus Cristo, que é nosso cabeça e capitão, para sermos co-participantes disso.

Deus nunca falhará quando vier a necessidade. E por quê? Porque Ele já nos salvou, Ele já nos chamou com uma santa vocação, o Senhor nos tomou para Si, Ele nos fez Sua herança celeste e agora somos dEle, do Seu rebanho. Se estivermos persuadidos disso e firmes daí em diante, seguiremos sempre adiante na causa, sabendo que estamos sob Sua proteção. Ele tem força suficiente que supera todos os nossos inimigos, e que faz certa a nossa salvação.

Não devemos temer em virtude de nossa fragilidade, pois Deus prometeu nos assistir. E nisso que devemos pensar para que recebamos e apliquemos aquilo que nos é dito. O Senhor levará a nossa salvação até um fim! Ele nos ajudará no meio das perseguições e nos habilitará a superá-las. Quando nos convencermos de vez dessas coisas, não será necessário muito poder retórico para nos fortalecer contra tentações. Triunfaremos sobre todos os nossos inimigos, embora sejamos vistos pelo mundo como  pisoteados e veementemente superados. Porém, devemos atentar para esta declaração que S. Paulo acrescenta acerca da salvação mencionada por ele e da santa vocação. Ele diz: "não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça" (v.9)
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Pois Ele não olhou para nossas obras ou para nossa dignidade quando nos chamou para a salvação. Ele o fez por mera graça. Portanto seremos menos desculpáveis ao desobedecermos a Suas ordenanças, percebendo que não somente fomos comprados com o sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo, mas também que Ele cuidou de nossa salvação antes mesmo da fundação do mundo. Observemos, aqui, que S. Paulo condena nossa ingratidão, por sermos tão infiéis a Deus a ponto de não testemunharmos acerca do Seu evangelho, lembrando que somos chamados por Ele para isso. E, para expressar melhor esse propósito, o apóstolo acrescenta que isso "nos foi dado em Cristo Jesus, antes dos tempos dos séculos", antes que o mundo tivesse rumo ou começo: foi revelado na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nos é informado aqui que nossa salvação não depende de nosso merecimento. Deus nunca examinou quem éramos, nem do que éramos dignos, quando nos escolheu para Si. Mas, uma vez que os homens não podem, devido ao orgulho que neles habita, se abster de imaginar algum valor em si mesmos, eles pensam que Deus está sob a obrigação de buscá-los. Mas S. Paulo diz claramente: "propósito e graça" [v.9].

Somos, então, devedores a Ele por tudo, pois Ele nos tirou do fundo do poço da destruição, onde estávamos jogados, e nos deu toda a esperança da recuperação. Portanto, há bons motivos para que nos submetamos inteiramente a ele e confiemos em Sua benignidade, sendo totalmente tomados por ela. Depositemos nossa firmeza nesse alicerce, tal como eu disse antes, caso contrário, veremos nossa salvação perecer e desaparecer.



Fonte: Coletânea de sermões de Calvino publicada pela Wm.B. Eerdmans em 1949 nos Estados Unidos.
Tradução: Lucas Grassi Freire


8 de outubro de 2017

SALVAÇÃO SOMENTE PELA FÉ INDEPENDENTE DAS OBRAS Martinho Lutero

Sermão pregado pelo Reformador Martinho Lutero, em 11 de junho de 1536Resultado de imagem para Martinho Lutero
“Havia um homem dos fariseus que se chamava Nicodemos, um principal entre os judeus. Este veio a Jesus de noite e lhe disse: “Rabi, sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes se Deus não estiver com ele. Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade te digo se o homem não nascer de novo, não poderá ver o reino de Deus”. Nicodemos lhe disse: “Como pode um homem nascer de novo sendo velho? Pode por acaso entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe e nascer?”Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não poderá entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é Espírito. Não te maravilhes do que eu te disse: é necessário nascer de novo. O vento sopra onde quer e se ouve o seu som; mas ninguém sabe de onde vem e nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”. Perguntou-lhe Nicodemos: “ Como pode acontecer isso?” Respondeu-lhe Jesus: “Tu és mestre de Israel  e não sabe disso? Em verdade, em verdade te digo que aquilo sabemos falamos, e aquilo que temos visto testificamos, mas vós não recebeis o nosso testemunho. Se eu vos tenho dito coisas terrenas e não acreditastes, como acreditareis se eu vos falar das celestiais? Ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, o Filho do Homem, que está no céu. E assim como Moisés levantou a serpente do deserto, é necessário que o filho do homem seja levantado para que todo aquele que Nele crer, não se perda, mas tenha vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que Nele crer não se perda, mas tenha vida eterna”. João 3:1-16

COMO ALCANÇAR A SALVAÇÃO, essa é a pergunta principal da humanidade porque até hoje ainda não entendeu bem o Evangelho.

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Escreve João que  Nicodemos veio ao Senhor de noite e Cristo, lhe pregou um sermão, pois aquele homem piedoso  não sabia que fazer: quanto mais ouvia, menos entendia.
Cristo a tratou com um homem que, falando nos términos da lei judaica, era uma pessoa corretíssima e muito instruída.    Eisleben Alemanha
Aquele homem quer discutir sobre aquilo que devemos fazer e como devemos viver para sermos salvos, e espera que Cristo lhe dê uma resposta. “Porque tu” ele diz, “és mestre vindo de Deus, pois os sinais que tu fazes vão além da capacidade de qualquer ser humano. Nós os fariseus ensinamos, no campo do espiritual, a lei de Moisés. Opinas tu que há algo melhor que possa nos recomendar?” E é essa pergunta que inquieta aos homens de todas as gerações.
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I. O que tenta alcançar a salvação pelos caminhos das obras, não a alcançará
Já os antigos romanos meditavam com muita seriedade sobre qual era o caminho reto a seguir, acerca de como, por exemplo, se devia lidar corretamente com a casa e a família. Seus interesses se dirigiam diante de toda a exata determinação do que exige a “justiça”. Mas com isso se meteram em um problema que não tem solução, como eles mesmos tiveram que admitir: “excesso de justiça, excesso de injustiça.” Por qual motivo? Porque a “justiça” no sentido estrito da palavra está fora de nosso alcance. Por isso que se tem que buscar o caminho do meio e adaptar-se às circunstâncias. Nesse sentido também se costuma dizer: “acertou como os atiradores quando acertam o alvo”, quer dizer, não graças a sua pontaria, senão graças a um impacto fortuito. Pois um bom atirador e até um eventual ganhador é também aquele que chegou mais próximo do alvo. Assim o reconhecem até os juristas. Tem que se dar por satisfeitos se com seu governo e administração da coisa pública conseguem que ninguém inflija a outro injustiças muito grosseiras, ainda quando seja impossível acertar e aplicar rigidamente a justiça em sua forma pura. Porém quando chega ao poder um desses desorientados, só causa alvoroço, distúrbios e dissensões.
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Assim toda autoridade secular tem que se ater ao que é possível. Não obstante, a razão gostaria de elevar a salvação ou a uma ordem política perfeita pela via da injustiça. Porém tal coisa é impossível. Que fazer então? Quase se diria que acontece como com aquele que queria subir uma alta montanha e por não poder fazer, exclamou: “Pois bem, ficarei aqui”. No entanto, Cristo nos diz: “Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus” (Mateus 5:20).
Ali no sermão do monte o Senhor explica qual o verdadeiro cumprimento da lei, e o que significa acertar o alvo: não se irar, nem mesmo no recôndito do coração; não cobiçar nem mesmo em pensamentos a mulher ou os bens do nosso próximo. Ali se coloca diante dos nossos olhos a justiça mais perfeita. E, apesar de tudo os homens acreditam poder alcançá-la mediante o cumprimento da lei. “Não queremos nem pretendemos”, dizem, “acertar exatamente o alvo”; se o conseguem com certa aproximação, se têm por desculpados. Nós, porém, atentamos para o que nos ensina Cristo: “Ninguém pode ver o reino de Deus ao menos que tenha acertado o alvo”. E no Apocalipse lemos: “Neste tabernáculo não entrará nenhum imundo”. Que devemos fazer pois? Também exclamaremos: “Temos que ficar aqui embaixo, não podemos subir a montanha”?
Tampouco Nicodemos sabe outra coisa que esta: “Eu sou uma pessoa correta, vivo piedosamente conforme a lei e transito pelo caminho que conduz ao céu”. E agora ele quer que esse Mestre lhe expresse sua aprovação ou desaprovação – ainda que não gostaria de pensar nesta última opção, senão espera que o Senhor lhe responda: “Sim, Nicodemos, és perfeito, e ainda: Já és bem-aventurado e os demais entrariam no reino dos céus se fizessem como tu”. Porém, ocorre justamente o contrário: Cristo o bota a correr do reino dos céus: “Por certo, és um homem bom. Porém se não nasces de novo, tua justiça não te servirá de nada.” O “nascer de novo”: esta é a justiça na qual insistimos tanto em nossa pregação. Ou seja: Cristo não tem a intenção de rechaçar a lei, antes quer que ela seja cumprida. Porém”, diz “a forma como  vós a cumpríeis não tem validade. Cumpríeis a lei só em vossa imaginação, mas não na realidade. Os Dez Mandamentos são perfeitos, e quero que os cumpra. Quem quiser entrar no céu tem que cumpri-los. Porém, com o vosso conceito do ‘direito’ e com a vossa justiça, não os estais cumprindo. Não temos outra justiça melhor do que a que resultaria do meu cumprimento de tudo o que se manda nas duas tábuas da lei de Moisés. Então seríamos “justos” – porém só justos conforme a justiça dos fariseus, e não conforme a justiça exigida pela lei.
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II.  Só a regeneração nos torna participantes da salvação eterna
É-nos dito, pois: “lhe é necessário nascer pela segunda vez”. Para Nicodemos isso é chocante. Ele pensa em outras leis, alem do ponto das leis mosaicas, tais como as que achamos no papado e no judaísmo farisaico; espera que Cristo estabeleça artigos novos, leis novas, todo um código novo. Porém, nada disso: Cristo não diz uma palavra quanto a leis e estatutos novos. Pois o que possuis em matéria de leis já é mais do que podeis cumprir. Eu, em troca, os prego assim: Vós, vós mesmos precisam chegar ser outras pessoas. Eu não falo de fazer ou não fazer, senão de chegar a ser. Tu tens que chegar a ser outro homem, tens que nascer de novo. Isso será então a justiça que acerta o alvo, a justiça sem mancha nem ruga, a justiça que conseguirá entrar no céu”. Para Nicodemos, ao ouvir Jesus falar dessa maneira, lhe vem certas duvidas. Essas são palavras novas para ele. “Entrar eu pela segunda vez no ventre de minha mãe? Tolice!” Porém a essas tolices Cristo acrescenta outras piores: “não te digo que tenhas de nascer de novo de pai e mãe humanos, senão da água e do Espírito Santo”. Agora, Nicodemos fica totalmente confundido. “Que homem e mulher são esses: água e Espírito?” E como se ainda não fosse suficiente, Cristo lhe pergunta: “Tu és mestre de Israel e não sabes disso?”, o que soa como zombaria manifesta. E sem dúvida, Cristo tem que falar assim porque o assunto é totalmente novo para Nicodemos. Para explicá-lo Cristo recorre a uma ilustração como se quisesse dizer a Nicodemos: “queres que eu desenhe para que tu entendas? Digo-te porém: se não podes captar com a razão, capta-a com a fé. Pois se não acreditaste quando te falei coisas terrenas, como crerás se eu te falasse das coisas espirituais? Nós falamos o que sabemos, e o que sabemos é a verdade e vós não acreditais Pois bem: se alguém não quer crer, deixe-se!”
A nossa pregação, iniciada naquelas condições por Cristo, se apoia exclusivamente na fé. Só com a fé se pode compreender da “regeneração pela água e pelo Espírito”. O Espírito é o homem e a água a mulher. O que isso implica, não o podes medir com a tua razão. Daí o tema que pregamos seja artigo de boas obras ou de fé. E já os papistas aprenderam algo de nós ao dizer que com a fé e a graça começa a vida verdadeiramente cristã. Antes só se falava da missa privada e da invocação dos santos; agora, em troca, dizem que a fé, efetivamente, salva, porém não só a fé, senão a fé em cooperação com nossas obras. E essa cooperação, apóiam, é imprescindível. E a nós criticam duramente afirmando que proibimos as  obras e induzimos os homens à preguiça. Todavia lhes falta bastante para serem tão piedosos e estarem tão próximos da verdade como Nicodemos. Nós nunca proibimos as boas obras; mais ainda: se dizemos algo a respeito das boas obras, nossa própria gente fica logo com raiva, o qual é um claro sinal de que realmente pregamos sobre esse tema.
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E apesar disso os papistas seguem blasfemando de nós. Eles ensinam: “as boas obras têm quer vir com a ajuda da fé – vãs palavras que demonstram que esses mestres não têm noção do que é fé, boas obras, nascer do Espírito, nascer de Deus. É por isso que é necessário que estudemos com cuidado o nosso presente texto (João 3:5) e outros iguais. Aqui se fala de “nascer de novo”, não de “fazer algo novo”. Primeiro deves plantar uma arvore, e logo terás também os frutos. Segundo seja boa ou má a arvore, serão também bons ou maus os frutos. O mesmo ocorre aqui. Nós chamamos um novo nascimento, quer dizer, uma nova maneira de ser, uma nova pessoa, não somente um novo vestido ou novas obras. Quando eu era monge, minha vestimenta era distinta e também minhas obras eram; as sete horas para as orações, a missa, o crisma, o celibato – todas essas eram outras obras, muito dessemelhantes de minhas obras anteriores. Porém a simples mudança das obras não é o que vale; que mude a pessoa, que mudem os pensamentos e o ânimo: esse é o novo nascimento. Portanto não se pode sobrepor as obras à fé. Em que uma criança contribui para que seja concebida e venha à luz? Isso é obra dos pais; a criança não faz nada para que suas perninhas e todos os seus membros cresçam; não é  parte ativa nesse processo de crescimento, senão parte meramente passiva. Qual foi, nesse sentido, a nossa contribuição? Onde estão as obras cooperantes? Queria saber então de onde vem essa insistência de que se deve agregar também obras , e logo obras próprias nossas!
É verdade: a mãe leva a criatura em suas entranhas e lhe dá o calor materno; no entanto, não é obra dela que essa criatura se origine. De igual maneira quem pregamos e batizamos somos nós, no entanto, a palavra e o batismo não são nossos; somente pomos à disposição nossa boca e nossas mãos. Na realidade a palavra e o batismo são de Deus, no entanto somos chamados colaboradores de Deus (1 Coríntios 3:9).
Mas se é verdade que eu sou nascido de novo, como diz Cristo, não tenho que colaborar com nada, senão que tenho que permanecer quieto e passivo para aquele que é meu Pai e Criador me faça nascer de novo como filho seu. Nesse sentido o apostolo Paulo declara que “nós somos uma nova criação, criados em Cristo para boas obras”. Como se vê, Paulo não se esquece das boas obras, mas as menciona não por que tenham contribuído em algo, não por que sejam elas que produzem a nova criação, mas “para que andássemos nelas”.
Se é certo que minhas próprias obras contribuem para que eu seja uma nova criação, bem posso me gloriar de ser meu próprio Deus; porque o criar é obra exclusiva de Deus. Se eu colaboro, então Deus não é meu único Deus, senão que eu também o sou. Por outro lado, se Ele é o único, não o posso ser eu também, como se afirma muito claramente no Salmo: “Ele nos fez e não nós a nós mesmos; somos seu povo e ovelhas de seu pasto”. E não obstante, certa gente incorre em tremenda tolice de sustentar que a fé cria homens novos, mas com a ajuda das obras. Mas precisa de toda lógica dizer que eu me crio a mim mesmo e sou Deus junto com Deus, de modo que Ele me tem a seu lado como um Deus adjunto. Assim como eu não me formei a mim mesmo no corpo de minha mãe, senão que foi Deus quem me formou, valendo-se dos meus membros e do calor de minha mãe, assim tampouco na regeneração somos convencidos mediante nossas próprias forças e obras, senão unicamente pelas mãos e o Espírito de Deus. Em consequência, é ilícito acrescentar obras à fé; do contrário, não é Deus só o que me cria, senão que eu sou simultaneamente com ele meu próprio criador. Ao fogo do inferno com um criador que se cria a si mesmo! A Escritura me chama de uma nova criação de Deus e, não obstante, eu haveria de atribuir a nova criação a mim mesmo? De esse modo eu seria criação e criador, obra e obrador em uma mesma pessoa. A toda luz, esses são pensamentos diabólicos e ensinos de homens cegos. Devemos observar estritamente ao que aqui nos ensina o evangelista São João. Também Paulo nos chama “novas criaturas”. Da mesma maneira, pois, como não contribuo para meu nascimento corporal e pela minha concepção, senão que sou parte meramente passiva e ‘me faço’ gerar e criar, da mesma maneira tampouco as obras contribuem em nada para que o homem seja regenerado. Se não for assim, Deus já não será apenas Deus, senão que nós seremos Deus junto com Ele e seremos nossos próprios progenitores. Mas quando a criatura já está gerada, e quando a criancinha já está formada no seio materno com todos seus membros, a mãe diz: “Sinto que o nenezinho faz as obras que em seu estado pode fazer”. Porem, só o já criado dá esses sinais de sua existência, e só quando foi dado à luz move seus membros, e fica com vida, aprende a caminhar e a cantar. Mas se não tivesse sido criada previamente, agora não se moveria.
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III. O regenerado se manifesta como crente mediante a prática de boas obras.
Nossa pregação quanto à nova criação é, pois, uma vez que fomos regenerados, devemos andar em boas obras. Nesse sentido fazemos algo: pregamos; aqueles, todavia, que são convertidos não fazem nada para chegar a sê-lo, já que somos criação e obra de Deus, “criados para que andássemos em boas obras” (Efésios 2:10). Essas palavras nos falam com inteira claridade. A semelhança com uma criatura humana é evidente. A criatura deve se separar do corpo materno; antes de estar completamente formada, não contribui em nada para esse fato. Por que Deus a beneficiou de membros? Para se mover; uma vez nascida deve caminhar, ficar de pé, comer, beber, trabalhar, mandar, pois para isso nasceu. Se não fizesse nada, seria um tronco ou uma pedra. Porém deve fazer algo, para isso foi criada. A isso se refere Cristo quando disse ao fariseu Nicodemos: “Todos vós quereis ser vossos próprios criadores. Possuíeis a lei de Moisés e esforçai-vos para cumpri-la. Porem não obtereis êxito, uma vez que ainda não nascestes de novo; não possuíeis o Espírito Santo. Por conseguinte todas as vossas obras são obras do velho homem. Podeis, por exemplo, construir uma casa ou fabricar um sapato, porém tais obras não têm nada haver com o céu. Não são obras que conferem justiça a quem as faz. Também os gentios são capazes de fazê-las. Ademais trazeis oferendas, circuncidais a vossos filhos, usais as vestiduras sagradas – também isso está ao alcance de qualquer pagão.  Por isso digo que são obras do homem velho, nascido uma só vez, a saber, do seio de sua mãe. Mas se quereis fazer obras que sejam de valor diante de Deus e que tragam proveito ao próximo, precisais nascer de novo. Vós por sua vez acreditam que o fazer obras que exteriormente parecem ser boas já está assegurada a vossa entrada no céu, ainda mesmo o coração não se achando no estado devido. Porem não façais as coisas ao contrário, não comeceis pelas obras!”
Lutero diante das autoridades

Também os papistas são da opinião de que se pode merecer o céu com suas obras que acompanham a graça. É um engano. As boas obras não podem ajudar de nenhuma forma, nem como obras que precedem a graça, nem como obras que lhe correm paralelas, nem tampouco como obras que seguem a graça, senão que tudo tem que proceder do Espírito Santo e da água. “No lugar de pai e mãe vos darei água e o Espírito Santo”, reza a pregação de Cristo. Onde isso é assim, posso dizer: “minhas próprias obras não me criaram, nem me geraram como nova criação, nem tampouco poderão fazê-lo, posto que fui criado e gerado da água e do Espírito”. Também resulta agora fácil provar e julgar os espíritos fanáticos. Pois o que nasceu, o que já foi feito e criado, não tem necessidade de ser feito e criado. Como podem dizer então que as obras subsequentes à graça me geram e me criam? Fazer boas obras é necessário; correto – porém não para chegar a ser por meio delas uma nova criação. Portanto há de se diferenciar entre fé e obras; assim, aqui o Senhor nos ensina. As obras feitas antes da fé são condenadas como pecado. Em contrapartida, as obras feitas por quem já tem fé são obras preciosas e boas. Todavia, tampouco essas servem para nos converter em homens justos, senão para louvar e glorificar a nosso Pai que está nos céus (Mateus 5:16) e para causar alegria aos anjos. Pois quem por meio de boas obras e de uma pregação frutífera honra ao Pai, receberá também dele a recompensa correspondente. Se não andas em boas obras, tampouco nasceu ainda para elas (Efésios 2:10).

Onde se ensina e se vive dessa maneira, a verdade aqui ensinada por Cristo permanece vigente em toda a pureza. Cristo diz que temos que nascer, Paulo reforça que temos que ser criados por Deus. Falando em termos de comparação com uma criatura: a criatura não se gera nem se faz nascer a si mesma, senão que depois de ser criada pode fazer obras. Analogamente, a árvore frutífera depois de plantada dá frutos. Não se diz: “Se não tiver peras na árvore, essa não é uma árvore”, senão o inverso. Por isso cresce a pereira, para que dê peras, para glória e louvor de Deus o Criador, e para que nós as comamos. Assim, a obra de Deus é a que precede, e a nossa obra é a que segue. Igualmente: se não existisse ferreiro, não existiria machado, pois para que machado corte, previamente precisa ser fabricado. Só um perfeito idiota poderia dizer: “Faz-me um machado que colabore na sua fabricação, de maneira que mediante seu despedaçar e cortar se transforme em machado”. Primeiro se fabrica o machado, e só então se pode empregá-lo nos trabalhos aos quais a ele se destinam.
Sobre esse tema se discute de modo por demais obstinado desde os primórdios da humanidade. E esse é o nosso ensino no qual insistimos com toda energia, afim de que conserve o lugar correspondente na igreja e para evitar que penetrem nela pessoas que atribuem um efeito também às obras precedentes ou concomitantes. Primeiro deve estar a criação, o nascimento: logo pode seguir a obra. Nicodemos não pode compreender isso porque ele vive na crença equivocada de que obterá êxito para entrar no céu graças as suas obras precedentes. Cristo se opõe a ele com um sonoro NÃO: “o que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. Todos aqueles que ensinam algo que contrarie esse artigo são falsos mestres. Nós, todavia, cremos e damos graças a Deus pelo fato de que ao fim foi trago a luz e posto ao conhecimento de todos qual é o verdadeiro caminho da vida: “Faz com que eu seja regenerado sem a colaboração de nenhuma obra minha, mas apenas pela palavra e pela fé”. Se tal é o caso, sou filho de Deus, tenho livre acesso a casa de meu Pai, e tudo quanto faço é bom e aceito diante de seus olhos. Se meu pé escorrega, Ele me castiga.  Se eu sou uma arvore boa, levo frutos bons. Se a árvore é tomada por vermes nocivos, o Pai os extermina. Se eu sou um bom machado, sirvo para cortar; se no machado se produz uma falha, também esse mal poderá ser sanado pelo Pai. Por isso vós os fariseus estais muito distantes do alvo com vossas obras precedentes; porque dessas resulta não mais que uma justiça válida diante dos olhos do mundo e para ela vale o que acabo de dizer quanto ao atirador. A justiça proveniente da fé acerta o alvo: aponta ao centro mesmo e penetra até a vida eterna – não por nossos próprios meios, senão em união com aquele que é o Mediador, do qual se fala na parte final do evangelho (João 3:14 e similares). Fomos criados por Ele e somos recriados por Ele; por meio Dele somos uma criação perfeita, apesar de ainda não estarmos livres de faltas e debilidades.
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Isso se chama falar de forma cristã sobre a regeneração, da qual os papistas, os turcos e os judeus não têm o menor conhecimento. Estou seguro, portanto, que no Concílio[1] dos papistas rejeitarão esse artigo, já que a norma deles é julgar a obra de Deus segundo eles mesmos a entendem. Cristo, porém, sustenta invariavelmente: “O que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. É preciso, pois, deixar de lado os pensamentos próprios, a sabedoria própria, as opiniões próprias e ouvir somente a palavra por meio da qual é criado em ti um coração novo sem a tua contribuição, como o novo ser no corpo da mãe. Este texto soluciona a questão que se vem debatendo no mundo inteiro sobre como é possível uma vida bem-aventurada e feliz. Não há outro meio que a justiça efetuada pela regeneração não atinja o alvo.

Martinho Lutero