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26 de julho de 2012

JESSIE PENN-LEWIS - ÁGUAS PROFUNDAS DO REINO DE DEUS










Jessie Penn-Lewis, com 21 anos, ouviu uma pregação do Sr. Evan H. Hopkins sobre a vitória do cristão por meio da cruz de Cristo. Assim, começaria o ministério de Penn-Lewis caracterizado pela "cruz como identificação do crente com Cristo no poder de Sua morte e a glória de Sua ressurreição", tema principal dos seus discursos e dos seus livros. Até aos 30 anos de idade, Penn-Lewis vivenciou experiências cristãs maravilhosas, o que habitualmente chamamos de "obras do primeiro Amor".
Penn-Lewis também foi muito influenciada pela quietista 
Madame Guyon e pelo pastor avivalista  sul-africano Andrew Murray (1828-1917), os escritos de ambos ajudaram a experienciar a vida profunda em Deus. A maturidade espiritual de Jessie Penn-Lewis e a sua experiência com o Senhor Jesus, com a Sua cruz e com a Sua Palavra influenciaram Theodore Austin-Sparks eWatchman Nee. Austin-Sparks ficou conhecido como o herdeiro espiritual e sucessor de Penn-Lewis.
Em 1895, foi convidada para pregar em uma reunião organizada pela Missão para o Interior da China, fundada por Hudson Taylor. Sua mensagem foi muito impactante e os organizadores da reunião resolveram transcrever e imprimir sua pregação sob o título "O Caminho para a Vida em Deus", que vendeu milhares de exemplares. Jessie Penn-Lewis também desenvolveu comunhão duradoura com Andrew Murray e F.B. Meyer.

Jessie Penn-Lewis foi muito atuante como Evangelista e Conferencista, viajando para a Suécia, Rússia, Escandinávia, Finlândia, Dinamarca, Alemanha, Suíça, Estados Unidos, Canadá, Coréia, Índia e China. O seu trabalho missionário mais importante foi realizado na cidade de Madras ou Madrasta, atual Chennai, capital do Estado de Tamil Nadu, no sul da Índia.

Também, ministrou diversas mensagens no Reino Unido nas Convenções Keswick, MildmayLlandrindod Wells, principalmente mensagens sobre a Cruz e centradas em Cristo - Mateus 16:24, VRA "Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.".

Em 1909, aos 58 anos, fundou a revista The Overcomer (O Vencedor) principiando o Movimento Vencedor.

Jessie Penn-Lewis foi testemunha do 
Avivamento do País de Gales e associou os seus escritos com Evan Roberts, Líder do Avivamento. Na oportunidade, escreveram o clássico de batalha espiritual "Guerra contra os Santos" acerca das manifestações sobrenaturais provocadas por Satanás e recepcionadas como obras do Espírito Santo. Eles evidenciaram a batalha espiritual para o público cristão e, principalmente, para os obreiros do Senhor que constantemente contatam o mundo espiritual, portanto, precisam de discernimento.

Era uma mulher fisicamente frágil, mas sempre exercitava o seu espírito humano para contatar Deus. Seu ministério foi extraordinário, sempre destacando a importância da cruz de Cristo na vida e na experiência do cristão. Foi uma mulher de espírito humano forte e alma submissa ao mover de Deus. Atualmente, os seus escritos exercem influência direta em milhares de pessoas e indiretamente, em milhões, através dos escritos de T. Austin-Sparks,Watchman Nee, Witness Lee, dentre outros.

Durantes os anos de 1926 e 1927, três vezes Penn-Lewis foi levada para as portas da morte, mas devido às orações e coragem por causa do ministério, ela foi trazida de volta como um milagre. Seu corpo ficou muito fraco, mas seu espírito estava radiante.

Sua vida sempre esteve conectada com os gigantes espirituais de sua época:D.L. Moody, Hudson Taylor, F.B. Meyer, A.B. Simpson e Andrew Murray.

Jessie Penn-Lewis faleceu em 1927, na Inglaterra. Os presentes nos seus últimos momentos, quando ela entrou para a glória, sentiram a presença do Senhor na sala reinando num cenário de fé. Mary Garrard continuou com os trabalhos da revista The Overcomer (O Vencedor) e publicou uma biografia in memorian da Sra. Penn-Lewis.








Leitura: "Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-se" (Mateus 27.42).

Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-se" (Mt 27.42). Esse foi o escárnio dirigido ao Cristo que morria, quando ficou pendurado em Sua cruz naquele "distante monte verde". Palavras de deboche, mas incorporando a própria essência da vida e morte do Filho de Deus, a própria essência dos tratos de Deus com o mundo - a própria essência do Calvário. "Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito". Para salvar os outros - pecadores, rebeldes, inimigos - o Pai não pode salvar a Si mesmo de enviar, do Seu seio, o Filho do Seu amor. Para salvar os outros, o Filho não pode salvar a Si mesmo, mas deve derramar Sua alma na morte e, assim, ver Sua semente e dividir o despojo com os poderosos (Is 53.12 - EC). Para salvar os outros, o Espírito Santo não pode salvar a Si mesmo da angústia, à semelhança da tristeza e angústia do Filho no Getsêmani, em Sua entrada no coração dos que uma vez afundaram-se no pecado e são freqüentemente obstinados e desobedientes aos clamores do Filho.

Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-se. Essa expressão engloba, em poucas palavras, toda a história do caminho do Deus-Homem na terra; desse modo, Ele manifestou ao homem caído a expressa imagem ou caráter (conforme o grego, Hb 1.3) do Pai no céu. "Nisso se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado Seu Filho unigênito (...) para vivermos" (1 Jo 4.9). "Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a Sua vida por nós" (3.16). O caráter de Deus foi revelado em Seu Filho; a natureza divina foi manifestada Naquele que era a "expressão exata do Seu ser". Resumindo: salvar os outros é próprio de Deus, recusando-se salvar a Si mesmo.

Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-se. Isso não significa que Ele não tivesse o poder e os recursos para salvar a Si mesmo. Pelo contrário, Ele tinha o poder, mas não iria usá-lo! Salvar os outros quando isso não custa nada a você é algo possível até para criaturas caídas. Mas salvar os outros e recusar-se a salvar a si mesmo quando você tem condições para fazê-lo é divino. Ele não pode salvar a Si mesmo porque é contrário à natureza divina salvar o ego à custa da perda dos outros.
A Si mesmo não pode salvar-se. Palavras impressionantes, pronunciadas como deboche e pelos lábios de pecadores que crucificaram o seu Salvador. Mesmo na tentação no deserto (Mt 4.1), essa lei da Sua vida foi manifestada; ali Ele não se alimentou, porque não podia alimentar a Si mesmo, mas mais tarde, alimentou os outros (14.13-21). Ele podia utilizar todo o poder da Divindade para abençoar os outros, para alimentar os outros, para salvar os outros; mas para Si mesmo, nada! Não usou os recursos divinos para salvar a Si mesmo num momento de fome aguda, para ter uma palavra menos de desprezo ou um golpe menos do açoite, e ser apenas golpeado com a mão. Assim devem ser os filhos de Deus conformados à imagem do Filho, para manifestar Seu caráter divino, como o Filho revelou a expressa imagem do Pai. "Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-se" é a lei da vida de Jesus e deve ser a lei da vida de cada seguidor do Cordeiro.

Ter o poder para salvar a si mesmo e recusar-se a usá-lo, porque, se o usasse, os outros não poderiam ser salvos, é a vida de Jesus manifestada naqueles que Ele redimiu. Derramar sua vida pelos outros que o rejeitam e o julgam incorretamente, quando você não precisaria fazê-lo: isto é o Calvário! Ter o poder para salvar a você mesmo e não usá-lo, por significar perda para os outros: isto é o Calvário! Ser usado para libertar almas do poder de Satanás e, depois, colocar-se, como Cristo o fez, à aparente mercê da "vossa hora e o poder das trevas" (Lc 22.53): isso é verdadeiramente o Calvário!

Ó filho de Deus, Ele salvou os outros, mas a Si mesmo não pode salvar! Este deve ser o caminho para você em cada momento de tensão dolorida e tempestade para os seguidores do Cordeiro. Deus tem usado você para libertar os outros, e talvez você esteja desejando saber por que você mesmo não é libertado das lutas por fora e temores por dentro (2 Co 7.5) que estão assediando sua própria vida. Outros vêm a você em extrema necessidade, e, com seu próprio coração partido, você é solicitado a dar do seu próprio vazio e com a perda daquilo que parece ser sua própria necessidade. Você é solicitado a clamar pela vitória pelos outros que estão em angústia, quando você mesmo parece estar em angústia muito maior. No Calvário foi assim! Aquele que havia libertado outros do poder de Satanás foi entregue, como vimos, à fúria total do poder das trevas. Aquele que havia realizado obras poderosas de Deus pelos outros, jaz em impotência e fraqueza nas mãos dos homens. Sim, isso é o Calvário. Vida, poder, bênção e libertação para os outros, e nada para você mesmo, a não ser permanecer na vontade de Deus e aceitar das mãos do Pai tudo o que for do Seu agrado permitir que chegue a você.

Salvou os outros - todos os recursos em Deus e o poder de Deus para os outros! A Si mesmo não pode salvar-se - impotência, vacuidade, sofrimento, conflito e morte para Si mesmo. Essa foi a marca registrada da mais elevada manifestação do espírito do Cordeiro vista nos heróis da fé, conforme o registro de Hebreus 11; e entre esses heróis da fé, que alcançaram o lugar mais elevado nesse rol de honra, estavam mulheres que foram abatidas à morte, não aceitando o livramento, a fim de que pudessem alcançar uma melhor ressurreição (v. 35) . Sim, essa é a marca registrada mais elevada do espírito do Cordeiro. Subjugar reinos, obter promessas, fechar a boca dos leões, extinguir a violência do fogo, escapar ao fio da espada, tornar-se poderoso na guerra (v. 34) - tudo como resultado de fé num Deus Onipotente -: isso é poder; mas ser torturado e não aceitar ser resgatado (v. 35) - isso é o Calvário. A escolha voluntária para sofrer e morrer, ao invés de salvar a si mesmo, é algo mais elevado do que a fé para conquistar e subjugar.
E, se não estamos enganados, esse é o caminho mais elevado colocado diante de todos aqueles que avançam em direção ao alvo da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus no tempo presente. "Nova evidência de que Deus está operando poderosamente para levantar e estabelecer um povo realmente conformado à morte de Cristo veio a mim esta manhã - um assunto muito mais sério e poderoso do que a concessão de dons", escreveu um ministro de grande experiência e em condições de ver e conhecer de forma especial a tendência da obra do Espírito. Sim, Deus "está operando poderosamente em minha direção", dirão muitas almas profundamente provadas, quando pensam em seu próprio caso e nos caminhos estranhos e especiais nos quais estão sendo estranhamente conduzidas, a fim de poder conhecer o caminho da cruz e entrar no espírito do Cordeiro.
Dois caminhos parecem estar claramente abertos diante da Igreja de Deus, com uma escolha para cada membro do Corpo de Cristo, que tem resultados eternos. Há a conformidade ao Cordeiro, que já mencionamos antes, em relação à qual necessitamos de visão divina para discernir sua beleza e glória celestiais. Por outro lado, o caminho de salvar a nós mesmos do sentido pleno de tudo o que significa seguir o Cordeiro na terra, com a conseqüente perda da glória de participar do trono do Cordeiro. Porque está escrito: "Se com Ele sofremos, com Ele reinaremos" (2 Tm 2.12 - BJ); "se com Ele sofremos, com Ele também seremos glorificados" (Rm 8.17). O sofrimento de Cristo foi totalmente voluntário, pois Ele disse: "Eu dou a minha vida (...) Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou" (Jo 10.17, 18). E no caminho da conformidade à Sua morte, muitos que escolheram seguir o Cordeiro onde quer que Ele vá (Ap 14.4), encontram-se no caminho da cruz, o que poderia ser evitado, se quisessem! Eles poderiam aceitar o livramento e salvar a si mesmos, mas perderiam a superior ressurreição. Isso é, na verdade, o espírito do Cordeiro morto, suprido pela graça de Deus a pecadores redimidos. Tudo o que é da terra, nas vozes dos amigos e do mundo, e da própria vida deles clama: "Salva a Ti mesmo e a nós". Mas o Espírito de Cristo no interior deles os conduz no caminho do Cordeiro, pois, como Ele, não podem salvar a si mesmos. Ver um caminho de escape do sofrimento e, por sua própria livre escolha, decidir recusar-se a entrar por ele, por significar a salvação deles mesmos: isto é digno de reconhecimento diante de Deus, pois é o caminho mais próximo da semelhança com Aquele a respeito do Qual foi dito em tom de escárnio: "Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-se."
(Jessie Penn-Lewis, in A Cruz: O Caminho Para o Reino, Editora dos clássicos




DESMASCARANDO O ENGANO DE SATANÁS
Jessie Penn-Lewis


ENGANADO: DESCRIÇÃO DE TODO HOMEM NÃO-REGENERADO




A palavra "enganado" é, de acordo com as Escrituras, a
descrição apropriada de todos os seres humanos nãoregenerados,
sem distinção de raça, cultura ou sexo.
"Também éramos (...) enganados" (Tt 3.3 - NVI), disse Paulo, o
apóstolo, embora em sua condição de "enganado" ele tivesse
sido um homem religioso, andando segundo a justiça da lei,
irrepreensível (Fp 3.6).
Todo homem irregenerado é, antes de tudo, enganado
por seu próprio coração enganoso (Jr 17.9; Is 44.20) e pelo
pecado (Hb 3.13). O deus deste século acrescentou a isso o
cegar do entendimento para que a luz do evangelho de Cristo
não ilumine as trevas (2 Co 4.4). E o engano do maligno não
termina quando a vida regeneradora de Deus alcança o
homem, pois o cegar do entendimento só é removido quando
as mentiras enganadoras de Satanás são desalojadas pela luz
da verdade.
Muito embora o coração esteja renovado e a vontade
tenha-se voltado para Deus, a disposição profundamente
enraizada para o auto-engano e a presença, até certo ponto,
do poder do enganador de cegar o entendimento acabam se
revelando de muitas formas, como as seguintes declarações
das Escrituras nos mostram:
O homem é enganado se for apenas ouvinte e não
praticante da Palavra de Deus (Tg 1.22); ele é enganado se diz
que não tem pecado (1 Jo 1.8);
UMA ANÁLISE BÍBLICA SOBRE O ENGANO SATÂNICO
ele é enganado quando pensa que é "alguma coisa",
quando, na verdade, é nada (Gl 6.3);
ele é enganado quando pensa ser sábio de acordo com a
sabedoria deste mundo (1 Co 3.18);
ele é enganado quando, aparentando ser religioso, sua
língua descontrolada revela sua verdadeira condição (Tg
1.26);
ele é enganado se pensa que vai semear sem colher o
que semeia (Gl 6.7);
ele é enganado se pensa que os injustos herdarão o
reino de Deus (1 Co 6.9);
ele é enganado se pensa que o contato com o pecado
não traz conseqüências sobre ele (1 Co 15.33).
Enganado! Quanto essa palavra produz repulsa e como
cada ser humano involuntariamente se ressente de vê-la
aplicada a si mesmo, não sabendo que a própria repulsa já é
obra do enganador, com o propósito de manter os enganados
longe do conhecimento da verdade e da conseqüente
liberdade do engano! Se os homens podem ser tão facilmente
enganados pelo engano que surge de sua própria natureza
caída, quão avidamente as forças de Satanás tentarão
"ajudar" a natureza acrescentando mais engano e não
diminuindo sua influência nem um "jota"! Com que prazer
elas trabalharão para manter os homens presos à velha
criação, da qual diversas formas de auto-engano brotarão,
capacitando-as a dar continuidade a sua obra enganadora.
Seus métodos de engano podem ser velhos ou novos,
adaptados para se adequarem à natureza, ao estado e às
circunstâncias da vítima. Instigados pelo ódio, maldade e má
vontade cheia de amargura em relação à humanidade e a
toda forma de bondade, os emissários de Satanás não falham
na execução de seus planos, com uma perseverança digna de
ser imitada por quem esteja desejoso de alcançar suas metas.

SATANÁS, O ENGANADOR TAMBÉM DOS FILHOS DE DEUS
O arquienganador não é somente o enganador de todo o
mundo não-regenerado, mas também dos filhos de Deus, com
esta diferença: no engano que pratica nos santos, ele muda
suas táticas e trabalha por meio das mais precisas
estratégias, em artimanhas de erro e engano a respeito das
coisas de Deus (Mt 24.24; 2 Co 11.3, 13-15).
A principal arma em que o príncipe-enganador das
trevas se apoia para manter o mundo sob seu poder é o
engano. O inimigo planeja enganar o homem em cada estágio
de sua vida, quais sejam: 1) engano dos irregenerados que já
são enganados pelo pecado; 2) engano adaptado para o crente
carnal e 3) engano ajustado para o crente espiritual, que já
passou pelos estágios anteriores e chegou a um plano onde
estará aberto para artimanhas mais sutis. Que o engano seja
removido ainda nos dias de sua condição nâo-regenerada ou
no estágio da vida cristã carnal, pois quando o homem
emerge para os lugares celestiais, descritos por Paulo na
Epístola aos Efésios, ele se encontrará envolvido pelas obras
mais intensas das artimanhas do enganador, onde os
espíritos enganadores trabalham ativamente para atacar
aqueles que estão unidos ao Senhor ressurreto.
O ENGANO: O PERIGO DO FINAI, DOS TEMPOS
Em Apocalipse, temos a plena revelação da confederação
satânica no controle abrangente de toda a terra e da guerra
contra os santos como um todo; mas a obra do enganador
entre os principais santos de Deus c descrita de forma
especial na carta do apóstolo Paulo aos efésios, onde, em
6.10-18, o véu é removido e os poderes satânicos são vistos
em sua guerra contra a Igreja de Deus e a armadura e as
armas para que o crente individual vença o inimigo são
descritas. Nessa passagem, podemos aprender que no plano
da experiência mais elevada do crente em sua união com o
Senhor e nos "lugares elevados" da maturidade espiritual da
Igreja, as batalhas mais acirradas e intensas contra o
enganador e suas hostes serão travadas.
Portanto, conforme a Igreja de Cristo se aproxima do
tempo do fim e vai sendo amadurecida para sua
transformação pelo poder interior do Espírito Santo, mais o
enganador e suas hostes de espíritos enganadores dirigem
sua força total contra os membros vivos do Corpo de Cristo.
Um vislumbre desse ataque de espíritos enganadores sobre o
povo de Deus no final dos tempos é descrito no Evangelho de
Mateus, onde o Senhor usa a palavra enganar para descrever
alguns dos sinais especiais dos últimos dias. Ele disse: "Vede
que ninguém vos engane. Porque virão muitos em Meu nome,
dizendo: Eu sou o cristo, e enganarão a muitos (...) levantarse-
ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos (...).
Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando
grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os
próprios eleitos" (24.4, 5, 11, 24).

O ENGANO RELACIONADO COM O MUNDO SOBRENATURAL
A forma especial de engano também é apresentada como
relacionada com coisas espirituais, e não terrenas, o que
mostra que o povo de Deus, no fim dos tempos, estará
esperando a volta do Senhor e, por isso, ficará bastante
aberto a todos os movimentos vindos do mundo sobrenatural,
a tal ponto que os espíritos enganadores serão capazes de
tirar proveito desse fato e antecipar a vinda do Senhor com
falsos cristos e falsos sinais e maravilhas, ou de misturar
suas imitações com as verdadeiras manifestações do Espírito
de Deus. O Senhor diz que homens serão enganados:
1) a respeito de Cristo e Sua parousia, ou vinda;
2) a respeito de profecias, ou seja, ensinamentos vindos
do mundo espiritual por mensageiros inspirados, e
3) a respeito ao fornecimento de provas em relação aos
"ensinamentos" serem verdadeiramente de Deus, por meio de
sinais e maravilhas tão semelhantes aos de Deus e, portanto,
imitações tão exatas da obra de Deus que seriam
indistinguíveis das verdadeiras por aqueles descritos como
"Seus eleitos", os quais precisarão utilizar algum outro teste,
adicional ao julgamento das aparências, para saber se um
sinal é de Deus, se quiserem discernir o falso do verdadeiro.
As palavras do apóstolo Paulo a Timóteo, contendo a
profecia especial dada a ele pelo Espírito para a Igreja de
Cristo nos últimos dias da dispensação, coincidem
exatamente com as palavras do Senhor registradas por
Mateus.
As duas cartas de Paulo a Timóteo são as últimas
epístolas que ele escreveu antes de sua partida para estar
com Cristo. Ambas foram escritas na prisão, que foi para
Paulo como Patmos foi para João, quando ele, "em espírito"
(Ap LIO)3, viu as coisas que estavam por vir. Paulo estava
dando suas últimas orientações para Timóteo para a ordem
da Igreja de Deus até seus últimos dias na terra; ele estava
dando as diretrizes para orientar, não só a Timóteo, mas a
todos os servos de Deus, a como lidar com a casa de Deus.
Em meio a todas essas instruções detalhadas, sua visão
precisa se volta para os "últimos tempos" e, por ordem
expressa do Espírito de Deus, ele descreve em breves
sentenças, o perigo da Igreja nesses tempos finais, da mesma
forma que o Espírito de Deus havia dado aos profetas do
Antigo Testamento algumas profecias "em gestação", que só
seriam completamente compreendidas depois que os eventos
viessem a acontecer.
UMA ANÁLISE BÍBLICA SOBRE O ENGANO SATÂNICO
O apóstolo disse: "O Espírito afirma expressamente que,
nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por
obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios,
pela hipocrisia dos que falam mentiras, e que têm
cauterizada a própria consciência" (1 Tm4.1, 2).
____________________
3 "Ele estava em espírito - numa condição completamente liberada
da terra - transportado por meio do Espírito - no dia do Senhor". (Seiss)
(NE)
O RELATO DE PAULO EM 1 TIMÓTEO 4.1, 2: A ÚNICA DECLARAÇÃO
ESPECÍFICA SOBRE A CAUSA DO PERIGO
A declaração profética de Paulo parece ser tudo o que é dito
em palavras específicas sobre a Igreja e sua história no fim da
dispensação. O Senhor falou em termos gerais sobre os perigos
que Seu povo teria de enfrentar no fim dos tempos, e Paulo
escreveu aos tessalonicenses mais especificamente sobre a
apostasia e os enganos malignos do Corrupto nos últimos dias,
mas a passagem em Timóteo é a única que mostra de forma
explícita a causa especial do perigo que a Igreja enfrentaria em
seus últimos dias na terra e como os espíritos malignos de
Satanás se lançariam sobre os membros dela e, por meio de
engano, afastariam a alguns da pureza da fé em Cristo.
O Espírito Santo, na breve mensagem dada a Paulo,
descreve o caráter e a obra dos espíritos malignos, reconhecendo:
1) sua existência, 2) seus esforços dirigidos aos crentes com o
objetivo de enganá-los e, por meio de engano, afastá-los do
caminho da fé simples em Cristo e de tudo que está incluído na "fé
que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 3).
Pode-se entender, a partir do original grego, que é o
caráter dos espíritos que está descrito em 1 Timóteo 4.1-3, e
não o dos homens que eles, por vezes, usam em sua obra de
engano.4
GUERRA CONTRA OS SANTOS
O perigo da Igreja no final dos tempos é, portanto,
proveniente de seres sobrenaturais hipócritas, que fingem ser
o que não são, que dão ensinamentos que aparentam
produzir maior santidade, por meio da severidade ascética
para com a carne, mas são, em si mesmos, malignos e
impuros, e trazem para aqueles a quem enganam toda a
maldade de sua própria presença. Onde eles enganam,
ganham a posse; e enquanto o crente enganado pensa estar
mais santo e mais santificado, esses espíritos hipócritas
defraudam o enganado com sua presença e sob uma capa de
santidade tomam posse de seu terreno legal e ocultam suas
obras.
_________________
4 Pember diz que o v. 2 se refere ao caráter dos espíritos
enganadores e deve ser lido deste modo: "ensinamento direto de
espíritos impuros, que, apesar de carregarem uma marca em sua
própria consciência, como um criminoso é desfigurado - pretendem
santificar (i. e., santidade) para ganhar crédito por suas mentiras" (NE)
O PERIGO DE ESPÍRITOS ENGANADORES
AFETA A TODOS OS FILHOS DE DEUS
O perigo diz respeito a todos os filhos de Deus, e
nenhum crente espiritual ousa dizer que está livre do perigo.
A profecia do Espírito Santo declara que:
1) "alguns" apostatarão da fé;
2) a razão da apostasia será obedecer a espíritos
enganadores, isto é, a natureza da obra deles não
será declaradamente má, mas, sim, engano, que é
uma obra disfarçada. A essência do engano é que a
obra é vista como sincera e pura;
3) a natureza do engano será doutrinas de demônios,
isto é, o engano se dará numa esfera doutrinária;
4) o engano se dará pelo fato de que as doutrinas serão
entregues com hipocrisia, ou seja, serão faladas como se
fossem verdade;
5) dois exemplos do efeito dessas doutrinas de espíritos
malignos são mostrados: a proibição do casamento e a
abstinência de alimentos; ambos, disse Paulo, criados por
Deus. Portanto, o ensinamento deles é marcado pela oposição
a Deus, até mesmo em Sua obra como Criador.

25 de julho de 2012

GEORGE WHITEFIELD - O TROVÃO DE DEUS


A partir de 1737, com apenas 23 anos, George Whitefield (1714-1770) assustou a Inglaterra com uma série de sermões que transformaram a sociedade britânica. Atacado pelo clero, pela imprensa e até por uma multidão de insatisfeitos, Whitefield se tomou o pregador mais popular naquela época. Entretanto, antes disso, ele passou por situações muito semelhantes as que experimentam alguns missionários nos dias atuais. Repetidas vezes, ele teve de pregar fora dos portões do templo pelo simples fato de sua pregação apaixonada ser muito distante da usual formalidade dos pastores daquele tempo. Ele chegou a ser agredido em algumas ocasiões. Na cidade de Basingstoke, por exemplo, foi espancado a pauladas. Em Moorfield, destruíram a mesa que lhe servia de púlpito. Em Exeter, durante uma pregação para dez mil pessoas, Whitefield foi apedrejado.

Nada, porém, podia conter aquela mensagem. A influência de Whitefield cresceu de tal forma que ele era capaz de manter atentas 20 mil pessoas, encantadas com seus sermões, por mais de duas horas. Durante 34 anos, a voz de George Whitefield ressoou na Inglaterra e América do Norte. Whitefield era um calvinista firme, de origem metodista. Era um evangelista agressivo que cruzou o Oceano Atlântico 13 vezes a fim de proclamar a salvação também na América. Ele se tornou o pregador favorito dos mineiros de carvão e dos valentões de Londres porque ia até eles em vez de esperá-los dentro das igrejas.
Histórico familiar - Whitefield, um pregador fascinante, contrariou todas as teorias "deterministas". Nasceu em uma taberna em que eram servidas bebidas alcoólicas e morreu pregando a Palavra de Deus como um dos mais sérios servos de Deus de toda a História. Seu pai faleceu quando ele ainda era um bebê. Sua mãe se casou novamente, mas a nova união não melhorou as coisas para o pequeno George, que continuava a limpar os quartos, lavar roupas e servir bebidas aos hóspedes da pensão de sua mãe.


No entanto, apesar de sua família não ser convertida ao Evangelho, Whitefield gostava de ler a Bíblia. Alguns historiadores afirmam que ele foi orientado a manter contato com a Escritura Sagrada por alguns clientes que passavam pela estalagem. Outros, no entanto, preferem atribuir o interesse de George pela Palavra a um milagre de Deus. O fato é que, desde cedo, ele demonstrou talento para a oratória. Alguns anos mais tarde, quando estudava no Pembroke College, em Oxford, Whitefield reunia com freqüência pequenos grupos de colegas em seus aposentos com o propósito de orar e estudar a Bíblia. Conta-se que não eram raras as ocasiões em que os presentes recebiam o batismo com o Espírito Santo.





Os biógrafos asseveram que ele dividia seu tempo livre de tal forma a ficar, aproximadamente, oito horas por dia em devoção a Deus. Na época, ainda jovem, trabalhava como garçom em bares noturnos como meio de sobrevivência. Naquele exato período de sua vida, o futuro pregador conheceu John Wesley e foi, então, que começaram a jejuar e a estudar a Bíblia. Whitefiel. Compilou alguns dos conceitos mais famosos de Wesley, dentre eles: A verdadeira religião é a união da alma com Deus e a formação de Cristo em nós ainda muito cedo, whitefield teve de voltar
para a casa de sua mãe para poder recuperar-se de um problema respiratório que o assolou em todo o seu ministério.



Para não perder o objetivo da obra de Deus, entretanto, George Whitefield montou uma pequena classe de estudos Bíblicos e começou a visitar os pobres e doentes da região. Os membros de sua igreja não ficaram indiferentes aquele talento e, embora fosse norma não consagrar ao pastorado alguém com menos de 23 anos, Whitefield tornou-se ministro do Evangelho aos 21 anos, por insistência daquela igreja. Mesmo antes de cumprir sua determinação pessoal, de escrever cem sermões para, mais tarde, apresentá-los à igreja e pleitear sua ordenação, Whitefied aceitou o desafio.
Suas primeiras pregações como ministro do Evangelho foram tão intensas, que algumas pessoas se assustaram. Os anciões da igreja, no entanto, deram-lhe apoio e ele entendeu, naquele gesto, uma lição que escrevera para a posteridade:
Desejo, todas as vezes que subir ao púlpito, considerar essa oportunidade como a última que me é dada de pregar; e a última dada ao povo para ouvir a Palavra de Deus. Curiosamente ele, raramente, pregava sem chorar: Vós me censurais por que choro. Mas como posso conter-me, quando não chorais por vós mesmos, apesar das vossas almas mortais estarem à beira da destruição? Não sabeis se estais ouvindo o último sermão, ou não, ou se jamais tereis outra oportunidade de chegar a Cristo, admoestava.


Essa paixão irresistível pela pregação da Palavra é a melhor explicação para alguns fenômenos, ou melhor, milagres espirituais que acompanhariam a carreira ministerial de Whitefield. Em 1750, por exemplo, ele conseguiu reunir dez mil pessoas, diariamente, nas ruas de Londres durante 28 dias, em um evento que, hoje, chamaríamos de cruzadas evangelísticas. Entretanto, a diferença é que ele pregava em uma época em que não havia microfones ou quaisquer outros recursos tecnológicos para ampliar o volume de sua voz. Jornais daquela época registraram que Whitefield podia ser ouvido por mais de 1 km, apesar de seu corpo franzino e de sua voz fraca, por causa dos problemas de saúde. Isso era um milagre de Deus com certeza.
Em outra ocasião, pregando a alguns marinheiros, Whitefield descreveu um navio no olho de um furacão. O sermão foi apresentado de maneira tão real, que, no momento em que o pregador descrevia o barco afundando, foi interrompido pelo grito dos marinheiros apavorados com o que consideraram a própria visão do inferno.


Whitefleld, ao contrário do que muitos imaginavam, era um evangelista-missionário. Jamais quis abrir igrejas para levar seus milhares de convertidos. Pelo contrário: ele os orientava a procurarem igrejas locais. Isso porque, dizem seus biógrafos, sua missão evangelística tomava-o de tal forma que não havia nele qualquer interesse na abertura de templos ou em ter conforto. Nas 13 vezes em que realizou cruzadas evangelísticas nos Estados Unidos, Whitefield viajou, a princípio, para colaborar com o orfanato que abrira no estado da Geórgia. Ele adorava pregar para os órfãos e, para muitos deles, Whitefield era a única referência paterna.
Aos 65 anos de idade, já muito doente, Whitefleld ministrou durante duas horas para uma multidão que o esperava em Exeter, Inglaterra. Na mesma noite, partiu para a cidade de Newburysport, a fim de hospedar-se na casa do pastor local. Durante a madrugada, falou ainda com alguns colegas por cerca de 30 minutos e subiu as escadas para o seu dormitório. Lá, morreu, pregando a Palavra de salvação até o último minuto de vida ao seu companheiro de quarto.
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Estima-se que 80% de toda população das Colônias da América do Norte ( isto antes da tv e rádio ouviram George Whitefield pregar pelo menos um a vez. Acredita-se que Whitfield influenciou a América assim como Wesley influenciou a Inglaterra. Nãi se tem notícia de um pregador que se fez mais presente na vida dos americados do que este grande pregador da Grã-Bretanha.
George declarou “ Acima de tudo, minha mente ficou mais aberta e minha visão maior e mais completa desde que eu comecei a ler as escrituras de joelhos, pondo de lado todo outro tipo de leitura e orando sobre cada linha e sobre cada palavra que estava escrita. Isto pareceu verdadeira comida e verdadeira bebida para minha alma. Então eu ganhei mais verdadeiro conhecimento lendo e meditando no livro de Deus em um mês do que eu jamais adquiri durante toda minha vida lendo livro de homens.


“Eu não sou nada, não tenho nada e não posso fazer nada sem Deus e embora eu possa parecer um pouco belo por for a, como um sepulcro polido, por dentroeu sou cheio de orgulho, amor próprio e com todo tipo de corrupção. Entretanto, pela graça de Deus eu sou o que sou e se Deus se agradar de fazer de mim seu instrumento para fazer ainda que um pequeno bem, a Ele seja dada toda a glória. ( George Whitefield )
“Eu nào conheço nenhuma outra razão de porque Jesus me colocou em seu ministério além da razão de eu ser o chefe dos pecadores e por causa disso poder pregar sobre a graça que livremente ele dá a todos os corações malignos que se arrependem” ( Whitefield )
LIVROS E TRATADOS
01. The Seed of the Woman, and the Seed of the Serpent
02. Walking with God
03. Abraham’s Offering Up His Son Isaac
04. The Great Duty of Family Religion
05. Christ the Best


SERMÕES

Andando com Deus

George Whitefield (1714-1770)
Gn 5.24 “E andou Enoque com Deus e já não era; pois Deus o tomou para si”.
Tradução: Francisco Coelho ( monergismo.com.br )
Revisão: Vanderson Moura da Silva

São várias as desculpas e razões nas quais os homens de mente depravada amiúde
insistem para não prestarem obediência aos justos e santos mandamentos de Deus. Porém,
talvez uma das objeções mais freqüentes que fazem é esta, que os mandamentos de nosso
Deus não são praticáveis porque são contrários à carne e ao sangue; por conseguinte, ele é um
Deus severo, “ceifando onde não semeou e ajuntando onde não espalhou”. Descobrimos que
esses eram os sentimentos nutridos por aquele mau e negligente servo mencionado no capítulo
25 do Evangelho de S. Mateus, e sem dúvida é o mesmo sentimento cultivado pela geração má
e adúltera de hoje. 

O Espírito Santo, já prevendo isso, teve o cuidado de inspirar homens
santos da Antigüidade, para que registrassem exemplos de muitos homens e mulheres santos,
os quais, mesmo debaixo da dispensação do Antigo Testamento, foram capazes de
alegremente tomar sobre si o jugo de Cristo, e de considerar o serviço dele como perfeita
liberdade. A grande lista de santos, confessores e mártires registrada no capítulo 11 de Hebreus
abundantemente prova tal verdade. Que grande nuvem de testemunhas foi-nos apresentadas
ali! E todas devido a sua fé, porém, com alguns tendo um maior grau de brilho do que outros.
O protomártir Abel lidera o grupo. Em seguida, temos Enoque, não somente porque
ele é o próximo pela ordem dos relatos bíblicos, mas, também, devido a sua elevada piedade;
dele se fala de maneira extraordinária nas palavras do texto. Temos aqui um relato conciso,
mas muito completo e glorioso, tanto de seu comportamento neste mundo quanto do modo
triunfante da sua entrada no outro. O primeiro caso está encerrado nestas palavras: “Enoque
andou com Deus”. O segundo, nestas: “ele já não era, pois Deus o tomou para si”. Ele não
era; ou seja, não foi mais encontrado. Ele não foi levado da maneira comum, ele não viu a
morte; pois Deus o trasladou (Hb 11.5). Quem foi esse Enoque não transparece tão
explicitamente. Para mim, ele parece ter sido alguém de caráter público; suponho eu, visto
como Noé era um pregoeiro da justiça. E, se dermos crédito ao apóstolo Judas, ele era um
ardente pregador, pois Judas cita uma de suas profecias onde Enoque diz: “Eis que veio o
Senhor entre suas santas miríades, para exercer juízo contra todos e para fazer convictos todos
os ímpios acerca de todas as obras ímpias que impiamente praticaram e acerca de todas as
palavras insolentes que ímpios pecadores proferiram contra ele.” (Jd v.14-15). Porém, se
Enoque foi pessoa pública ou comum, o fato é que ele deu nobre testemunho através de suas
vívidas profecias.
O autor da epístola aos Hebreus nos diz que antes de seu traslado ele tinha este
testemunho, de que agradou a Deus; e o fato de ter sido trasladado foi uma prova que não
deixou nenhuma dúvida. E eu assinalo que foi sabedoria maravilhosa Deus trasladar Enoque e
Elias sob a dispensação do Antigo Testamento, para que, doravante, quando se asseverasse que
o Senhor Jesus foi levado ao céu, não parecesse de todo inacreditável aos judeus; visto que eles
mesmos confessavam que dois de seus próprios profetas haviam sido transportados centenas
de anos antes. Porém, não é meu intento deter-me mais com acréscimos e observações sobre a
breve mas abrangente análise da virtude de Enoque: o que eu tenho em vista é fazer um
discurso, à medida que o Senhor me capacitar, sobre um tópico momentoso e mui importante;
quero falar do “andar com Deus”. E “Enoque andou com Deus”. Se isso puder ser dito de
você e de mim depois de nossa morte, certamente não teremos razão alguma de nos
queixarmos de havermos vivido em vão.

Desenvolvendo o assunto proposto, eu pretendo:
1. Empenhar-me para mostrar o que está implícito nas palavras “andou com Deus”.
2. Prescrever alguns meios pelos quais, devidamente obedecidos, os crentes possam
acompanhar e manter o seu andar com Deus.
3. Apresentar algumas razões para nosso incentivo, pois, se nós nunca antes andamos
com Deus, que a partir de agora venhamos a e caminhemos com ele agora. 

1) Primeiro, tenho de mostrar o que está implícito nas palavras “andou com Deus”, ou,
em outras palavras, o que devemos entender por andar com Deus. Isso significa que o poder
predominante da hostilidade do coração de uma pessoa foi removido pelo bendito Espírito de
Deus. Talvez algo duro de se dizer a alguns, no entanto, nossa experiência diária prova o que
as Escrituras em muitas passagens afirmam que a mente carnal, a mente do homem natural
não-convertido, ou melhor, a mente do não-regenerado, tanto quanto qualquer parte dele que
permaneça não-renovada, é inimizade, não só uma inimizade, mas inimizade mesma contra
Deus; de forma que não está sujeita à lei de Deus, nem de fato pode estar. Realmente, é bem
de se admirar que alguma criatura, especialmente esta adorável criatura homem, feita imagem e
semelhança de seu Criador, possuísse qualquer inimizade, muito menos uma inimizade
predominante contra esse mesmo Deus no qual o homem vive, se move e existe. Mas, ai!
Assim o é. Nossos primeiros pais contraíram esta hostilidade quando, por ocasião da queda,
separaram-se de Deus comendo do fruto proibido, e o amargo e maligno contágio passou e se
espalhou completamente para sua descendência inteira. Esta inimizade veio à tona no esforço
de Adão ao esconder-se atrás das árvores do jardim. Ao ouvir a voz do Senhor Deus, em vez
de correr em sua direção com o coração aberto dizendo: “Aqui estou!”; ai! ele agora não queria
nenhuma comunhão com Deus e sua hostilidade ficou mais aparente através da desculpa que
deu ao Altíssimo: “A mulher (ou, esta mulher) que você me deu, ela me deu do fruto, e eu
comi”. Com efeito, dizendo isso Adão responsabiliza Deus e é como se ele tivesse dito: Se tu
não tivesses me dado esta mulher, eu não teria pecado contra ti, portanto, és o culpado da
minha transgressão”. E dessa mesma maneira essa inimizade está no coração dos filhos de
Adão. Eles de vez em quando encontram algo para se insurgirem contra Deus, dizendo ainda:
O que fazes tu? ‘Isso põe no ridículo qualquer um dos inferiores rivais de Deus’ (diz o erudito
Dr. Owen, em seu excelente tratado sobre o pecado interior). Essa exigência é como aquela
dos assírios com respeito a Acabe: “acertem somente o rei” (1Rs 22). E assim, atacam tudo que
tenha aparência de verdadeira piedade assim como os assírios atiraram contra Josafá só porque
vestia as vestes reais.
Porém, a oposição cessa quando eles descobrem que é só aparência, como os assírios
que deixaram de perseguir Josafá ao perceberem que ele não era Acabe. Essa inimizade se
revela no amaldiçoado Caim, que odiou e assassinou seu irmão Abel porque esse era amado e
favorecido particularmente por seu Deus. E essa mesma inimizade governa e prevalece em
cada homem gerado da descendência de Adão. A partir de então, a aversão à oração e aos
deveres santos já é encontrada nas crianças e muito freqüentemente nas pessoas adultas, mesmo que hajam sido abençoadas com uma educação religiosa. E todo esse pecado e
impiedade manifestos, que como um dilúvio têm inundado o mundo, são somente riachos
correndo desta fonte horrivelmente contaminada; quero dizer, a inimizade do coração do
homem desesperadamente mau e enganoso. E aquele que não pode endossar isso, não
conhece nada ainda (não de uma maneira salvífica) das Sagradas Escrituras nem do poder de
Deus, pois todo aquele que entende isso prontamente reconhecerá que antes que se possa
dizer que alguém anda com Deus, esse poder preponderante dessa hostilidade de coração
deverá ser aniquilado, pois as pessoas que entre si mantêm ódio e inimizade irreconciliável uma
contra a outra, não costumam andar juntas nem compartilhar entre si a companhia.
Atentem ao que eu digo, o poder dessa hostilidade predominante deve ser tirado,
apesar da essência deste sentimento nunca ser totalmente removida até curvarmos
definitivamente nossas cabeças e rendermos o espírito. O apóstolo Paulo, de maneira
iniludível ao falar de si mesmo, e não se referindo ao tempo em que era um fariseu, mas já
como um verdadeiro cristão, lamenta que, quando queria fazer o bem, o mal estava presente
com ele, não tendo domínio sobre ele, porém, se opondo e resistindo às suas boas intenções e,
assim, ele não podia fazer as coisas que queria, ou seja, na perfeição que o novo homem
desejava. Isto é o que ele chama “o pecado habitando nele” E é a isto que se refere Fronhma
sarko (usando as palavras do 9.º artigo de nossa igreja1): “da carne, uns apresentam sabedoria,
alguns, sensualidade, outros, fortes desejos, que ainda permanecem, sim, naqueles que são os
regenerados”. Porém, esse poder é destruído em cada alma que é verdadeiramente nascida de
Deus, e vai ficando gradualmente mais e mais enfraquecido na medida em que o crente cresce
em graça e o Espírito de Deus vai tendo ascendência cada vez maior sobre o seu coração.
Segundo, andar com Deus significa não somente que o poder da inimizade que domina
o coração do homem é retirado, mas também que a pessoa de fato é reconciliada com Deus
Pai, em e através da justiça e expiação todo-suficientes de seu querido Filho. “Podem dois
caminhar juntos se não houver entre eles acordo?” (Am 3.3). Jesus é nossa paz, bem como
aquele que media a nossa paz. Quando somos justificados pela fé em Cristo, então, e somente
então, é que temos paz com Deus e conseqüentemente só a partir daí é que podemos dizer que
andamos com Ele; o andar com uma pessoa é um sinal e uma prova de que somos amigos
desta pessoa ou pelo menos, ainda que tenhamos tido divergências, revela que nos
reconciliamos e nos tornamos amigos de novo. Esta é a grande mensagem que os ministros do
Evangelho estão proclamando. A nós é confiado o ministério da reconciliação, como
embaixadores de Deus, nós temos que rogar aos pecadores, no lugar de Cristo, a se
reconciliarem com Deus e, quando eles atendem a este gracioso convite e são realmente, pela
fé, trazidos a um estado de reconciliação com Deus, então, e só então, eles podem dizer que
estão começando a andar com Deus.

Terceiro, andar com Deus implica em estabelecer uma firme e permanente comunhão e
amizade com Ele, ou o que nas Escrituras é chamado “O Espírito Santo habitando em vós”.
Isso foi o que Nosso Senhor prometeu quando disse aos discípulos que o Espírito Santo
estaria neles e com eles, não como um caminhante, que chega para passar a noite e parte no dia
seguinte, mas para estabelecer morada, fazer sua habitação em seus corações. Isso, quero crer,
é o que o apóstolo João queria que compreendêssemos quando ele se refere a uma pessoa
permanecendo nele, em Cristo, e andando como se Ele mesmo também andasse. E é o que
particularmente significam as palavras de nosso texto: “E andou Enoque com Deus”, ou seja,
ele manteve e cultivou uma santa, firme, habitual, indubitável e ininterrupta comunhão e
amizade com Deus, em e através de Jesus Cristo. Para resumir o que foi dito nesta parte do
primeiro tópico geral, andar com Deus consiste especialmente em estabelecer um costumeiro curvar-se diante da vontade divina, numa habitual dependência de seu poder e promessa, numa
usual e voluntária dedicação total nossa à sua glória, num exame freqüente de seus preceitos
em tudo o que fazemos e numa costumeira auto-satisfação em agradá-lo em todos os nossos
sofrimentos.
Quarto, andar com Deus importa progredir ou avançar na vida divina. A idéia principal
mesma da palavra “andando” parece supor um movimento progressivo. A pessoa que
caminha, ainda que se mova vagarosamente, vai adiante e não continua no mesmo lugar. E
assim é com aqueles que andam com Deus. Eles prosseguem, como diz o salmista, “de força
em força” ou na linguagem do apóstolo Paulo: “somos transformados de glória em glória na
sua própria imagem, como pelo Senhor o Espírito”. De fato, em certo sentido a vida divina
não admite acréscimo nem decréscimo. Quando alguém nasce de Deus, para todos os fins e
propósitos ele é um filho de Deus; e ainda que viva até a idade de Metusalém, não obstante,
ainda será um filho de Deus. Porém, em outro sentido, a vida divina admite declínios e
melhoras. Daí encontrarmos o povo de Deus culpado de apostasia e perdendo seu primeiro
amor. E é por isso que ouvimos falar de bebês, jovens e pais em Cristo. Nesse sentido, o
apóstolo Paulo exorta Timóteo: “que o teu progresso seja a todos manifesto”; e o que aqui é
exigido de Timóteo em particular, o apóstolo Pedro impõe a todos os cristãos em geral: “antes,
crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Pois a nova
criatura cresce em estatura espiritual e, ainda que uma pessoa seja uma nova criatura, ainda
assim haverá alguns que serão mais conformados à imagem divina do que outros e após a
morte serão admitidos em maior grau de bem-aventuranças. Por falta de observar essa
distinção, até algumas graciosas almas cujos corações são melhores do que suas cabeças, e
também homens corruptos, réprobos no tocante à fé, têm, de forma desapercebida, incorrido
francamente nos princípios antinomistas, negando todo o crescimento da graça em um crente,
ou quaisquer sinais de graça declarada nas Escrituras da verdade. De tais princípios, e mais
especialmente das práticas resultantes de semelhantes princípios, possa o Senhor dos senhores
nos livrar!
Do que foi dito, podemos agora entender o que está encerrado nas palavras “andando
com Deus”, a saber, em ter sido de nós removida - pelo poder do Espírito de Deus - essa
inimizade que prevalecia em nossos corações; em agora vivermos realmente reconciliados e
unidos a Deus pela fé em Jesus Cristo; em nós termos e cultivarmos uma firme comunhão e
amizade com Ele; e em fazermos progresso diário no relacionamento com Deus, a fim de
sermos conformados mais e mais à imagem divina. Como isso é feito, ou, em outras palavras,
por quais meios os crentes cultivam e mantêm esse andar com Deus é o que vamos considerar
em nosso segundo tópico geral.
2) Em primeiro lugar, os crentes mantêm seu andar com Deus ao lerem sua santa
Palavra. “Examinem as Escrituras, pois elas é que testificam de mim” diz nosso bendito
Senhor. E o nobre salmista diz: “a palavra de Deus é lâmpada para os meus pés e luz para os
meus caminhos”, e estabelece-a como característica de um homem bom, o qual “tem seu
deleite na lei do Senhor, e se exercita nela dia e noite”. “Entrega-te à leitura”, diz Paulo a
Timóteo. E Deus diz a Josué: “E este livro da lei não se afaste de tua boca”. Pois tudo o que
dantes foi escrito, o foi para o nosso aprendizado. E a Palavra de Deus é útil para o ensino,
para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, e de todas as maneiras
suficiente para tornar cada filho de Deus perfeitamente habilitado para toda a boa obra. Se nós
nos envaidecermos no nosso conhecimento da Bíblia e deixarmos de fazer da Palavra escrita
de Deus nossa única regra de fé e conduta, rapidamente ficaremos expostos a todas as formas
de engano e em grande perigo de naufragarmos na fé e na sã consciência. Nosso bendito
Senhor, conquanto tivesse o Espírito de Deus sem medida, todavia, sempre foi guiado pelo “está escrito”, e com ele lutou com o diabo. A isso o apóstolo chama de “a espada do
Espírito”. Dela não podemos dizer como Davi disse a respeito da espada de Golias, que ela
nada era. As Escrituras são chamadas de os oráculos vivos de Deus: não somente porque eles
são geralmente para criar uma nova vida em nós, mas também porque a mantêm e a
desenvolvem em nossas almas. O apóstolo Pedro, em sua segunda epístola, prefere-as mesmo
a ver Cristo transfigurado no monte. Pois, depois de haver dito: ”A voz vinda do céu, nós a
ouvimos quando estávamos com Ele no monte santo”, ele acrescenta: “Temos, assim, tanto
mais confirmada a palavra profética e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha
em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração”: isto é, até
que nós deixemos este corpo e possamos então ver Jesus face a face. Até lá, nós devemos ver e
conversar com Ele através do espelho de sua Palavra. Devemos fazer do seu testemunho
nosso conselheiro e diariamente, como Maria, sentar aos pés de Jesus e pela fé ouvir sua
palavra. Então nós descobrimos, por feliz experiência, que as Escrituras são de fato espírito e
vida, comida e bebida para nossas almas.
Em segundo lugar, os crentes devem conservar e sustentar seu andar com Deus
através da oração em segredo. O espírito da graça vem sempre acompanhado do espírito da
súplica. Ele é o próprio fôlego de vida da nova criatura, o sopro da vida divina, por meio da
qual a centelha do fogo santo é acesa na alma por Deus, e não apenas é mantida, mas cresce e
se transforma em uma chama. A negligência de orar em secreto tem sido freqüentemente uma
abertura a muitas doenças espirituais e tem sido acompanhada de conseqüências fatais.
Orígenes observou que “oferecia incenso a um ídolo no dia em que saía de seu quarto sem ter
orado a Deus em secreto”. A oração é uma das partes mais nobres da armadura espiritual do
cristão. “Orai sem cessar” diz o apóstolo “com toda a sorte de súplicas”. “Orai e vigiai” diz
Nosso Senhor, “para que não entreis em tentação”. E Ele contou uma parábola a fim de que
seus discípulos orassem e não desanimassem. Não que Nosso Senhor nos queira sempre de
joelhos ou trancados em nossos quartos negligenciando os nossos deveres diários, mas o que
Ele quer dizer é que nossas almas precisam ser mantidas em atitude de oração, de modo que
sejamos capazes de dizer, como disse um bom homem em seu leito de morte, na Escócia, aos
seus amigos: ”Pudessem estas cortinas ou estas paredes falar, eles contariam a vocês que doce
comunhão eu mantive com o meu Deus aqui”. Ó, a oração! A oração! Ela eleva o homem a
Deus, e desce Deus ao homem. Ela ergue o homem até Deus e traz Deus até o homem. Ó,
crentes! Se quiserem manter seu andar com Deus, orem, orem sem cessar. Fiquem em secreto,
ponham-se a orar. E, quando vocês estiverem prestes a retornar às tarefas normais da vida
cotidiana, façam preces abundantes e enviem de tempos em tempos breves cartas para o céu
nas asas da fé. Elas irão alcançar o próprio coração de Deus e retornar para você novamente
carregadas de bênçãos espirituais.



Em terceiro lugar, santa e freqüente meditação é outro abençoado meio de um crente
conservar a caminhada com Deus. “Oração, leitura, tentação e meditação”, diz Lutero, “faz um
ministro”. E também produz e aperfeiçoa um cristão. Meditação para a alma é o mesmo que
digestão para o corpo. O santo Davi descobriu isso, daí estar constantemente ocupado
meditando, mesmo nas vigílias da noite. Também encontramos Isaque indo para o campo ao
anoitecer a fim de meditar. A meditação é uma espécie de oração silenciosa, por meio da qual a
alma é amiúde levada, por assim dizer, para fora de si mesma para Deus e, em certa medida,
como aqueles espíritos abençoados, os quais por uma espécie de intuição imediata, sempre
vêem a face de nosso Pai celeste. Ninguém, exceto essas felizes almas que estão acostumadas a
essa ocupação divina, pode dizer que bendita promotora da vida divina o é a meditação.
“Enquanto eu meditava”, diz Davi, “acendeu o fogo”. E enquanto o crente medita na obra e
na palavra de Deus, especialmente na obra das obras, na maravilha das maravilhas, no mistério
da piedade, “Deus manifestado em carne”, o Cordeiro de Deus morto pelos pecados do
mundo, ele freqüentemente sente acender o fogo do amor divino, e vê-se assim obrigado a
usar a sua língua para falar da ternura de Deus à sua alma. Sejam assíduos na meditação todos
vocês que desejam guardar e manter um íntimo e estável andar com o Deus Altíssimo.
Em quarto lugar, os crentes cultivam seu andar com Deus vigiando e observando a
maneira providencial como Deus está lidando com eles. Se cremos nas Escrituras, então
devemos crer no que o Senhor declara nelas: “Todos os cabelos de vossa cabeça estão
contados; e nenhum pardal cairá por terra (mesmo para apanhar um grão ou quando atingido
por um caçador), sem o consentimento de vosso Pai que está nos céus”. Toda cruz traz em si
um apelo, e cada particular dispensação da providência divina tem um objetivo a cumprir
naqueles aos quais é enviada. Se for de natureza aflitiva, atormentada, Deus por ela diz: “Meu
filho, mantenha-se longe da idolatria”; se for propícia, ele, com uma voz, por assim dizer,
serena, lhe sussurra: ”Meu filho, dá-me teu coração”. Se os crentes, por conseguinte, quiserem
conservar o seu andar com Deus, de tempos em tempos devem ouvir o que o Senhor tem a
dizer a seu respeito pela voz de sua Providência. Assim, encontramos o servo de Abraão
quando ele foi buscar uma esposa para seu senhor Isaque, atento e vigilante à providência
divina, e foi desse modo que encontrou aquela que estava destinada para ser a esposa de seu
senhor. “Pois uma pequena dica da providência”, diz o piedoso Bispo Hall, “é o bastante para
alimentar a fé”. E eu creio que isto será parte da nossa felicidade no céu: dar uma olhada e
relembrar os vários elos da dourada corrente que nos levou para lá; assim, creio que aqueles
que mais desfrutam do céu aqui embaixo, nos últimos minutos, relembrarão o modo como
Deus tratou com eles, no tocante às suas providenciais dispensações aqui na terra.
Em quinto lugar, para andar bem junto de Deus, seus filhos devem não apenas ficar
atento às ações da Providência Divina fora deles, mas também às do seu bendito Espírito em
seus corações. “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”, os
que renunciam a si mesmos para serem guiados pelo Espírito Santo, do mesmo modo que uma
criança pequena dá sua mão para ser conduzida pela babá ou por seus pais. Não há dúvida a
esse respeito: precisamos nos converter e nos tornar como crianças pequenas. E, embora seja a
quintessência do entusiasmo fingir ser guiado pelo Espírito sem a palavra escrita, é dever de
todo o cristão ser guiado pelo Espírito em unidade com a Palavra de Deus escrita. Por isso, eu
rogo a vocês, ó cristãos, que atentem ao mover do bendito Espírito de Deus em suas almas, e
sempre testem as sugestões ou influências toda vez que vocês a sentirem, pela infalível regra da
santíssima Palavra de Deus; e, se não se achar concordância entre elas e a Palavra de Deus,
rejeitem-nas como diabólicas e ilusórias. Tendo tal precaução, vocês se conduzirão por um
caminho intermediário entre dois extremos perigosos em que incorrem esta geração: quero
dizer, o entusiasmo, por um lado, e o deísmo e a completa Infidelidade por outro.
Em sexto lugar, aqueles que querem manter uma santa caminhada com Deus devem
andar com Ele nas ordenanças, nas providências etc. Por isso, está registrado que Zacarias e
Isabel “eram justos diante de Deus e andavam irrepreensivelmente em todos os preceitos e
mandamentos do Senhor”. E todo cristão corretamente instruído considerará os
mandamentos, não como algo desprezível, mas sim como canais condutores por meio dos
quais o infinitamente afável Jeová comunica sua graça às suas almas. O cristão reputá-los-á
como o pão das criancinhas e como seu mais alto privilégio. Conseqüentemente, ele se alegrará
quando ouvir os outros dizerem: “Vamos à Casa do Senhor”. Ele se regozijará em estar no
lugar onde mora a glória de Deus, e ficará mui desejoso de aproveitar todas as oportunidades
para manifestar a morte do Senhor Jesus até que Ele venha.
Em sétimo e último lugar, se você quer andar com Deus, você se unirá e andará com
aqueles que também andam com Ele. “Meu deleite”, diz o santo Davi, “está naqueles que me sobrepujam” em virtude. E, sem dúvida, os primeiros cristãos conservavam seu vigor e seu
primeiro amor porque se mantinham em união e amizade uns com os outros. O apóstolo
Paulo sabia disso muitíssimo bem e, portanto, exorta os cristãos a que observassem isto e que
não deixassem a sua congregação. Pois como pode alguém sozinho se aquecer? E não foi o
mais sábio dos homens que nos disse: “O ferro com o ferro se afia, assim o homem ao seu
amigo”. Logo, se olharmos a história da igreja ou observarmos com justiça o nosso próprio
tempo, eu creio que vamos descobrir que, enquanto o poder de Deus predomina, as
sociedades cristãs e as reuniões de comunhão predominam na mesma proporção. E que, à
medida que aquele declina, essas outras também, de modo imperceptível, diminuem e
definham-se ao mesmo tempo. Sendo assim, é necessário àqueles que querem andar com Deus
e viverem uma vida religiosa ajuntarem-se sempre que for oportuno a fim de estimular uns aos
outros ao amor e às boas obras.
Prosseguindo, vamos para o terceiro assunto geral proposto: propor alguns motivos
que atraiam a todos a vir e andar com Deus.
3) Primeiro, andar com Deus é algo mui apreciável. Esse é, em geral, o motivo
preponderante para estimular pessoas de todos os tipos a assumirem algum importante
compromisso. Ó, que isso de que estamos tratando incline e influencie você devidamente
quanto à questão que está agora diante de nós! Eu suponho que todos vocês achem ser uma
grandíssima honra ser admitido na reunião íntima de um príncipe terreno, que lhe confia seus
segredos e dá-lhes sua atenção em todos os tempos e ocasiões. Parece que Hamã assim pensou
quando se gabou de que fora “exaltado sobre os príncipes e servos do rei” (Ester 5.11); mais
ainda: “a rainha Ester a ninguém fez vir com o rei ao banquete que tinha preparado, senão a
mim; e também para amanhã estou convidado por ela juntamente com o rei”. E quando mais
tarde uma pergunta foi feita a esse mesmo Hamã, Et 6.6 “Que se fará ao homem que o rei
desejar honrar?”, ele respondeu, v. 8: “tragam-se as vestes reais, que o rei costuma usar, e o
cavalo que o rei costuma andar montado, e tenha na cabeça a coroa real; entreguem-se as
vestes e o cavalo às mãos dos mais nobres príncipes do rei, e vistam delas aquele a quem o rei
deseja honrar, levem-no a cavalo pela praça da cidade e diante dele apregoem: Assim se faz ao
homem a quem o rei deseja honrar.” Isso parece que era tudo o que o ambicioso Hamã podia
pedir, e o que de mais valioso ele achou que o rei Assuero, o maior monarca de toda a terra,
poderia dar. Mas, ai! o que é essa honra comparada à que recebe o mais insignificante dos
homens que anda com Deus? Pensem, senhores, é coisa pequena ter o segredo do Senhor dos
senhores com vocês e serem chamados amigos de Deus? E tal honra a possuem todos os
santos de Deus. O segredo do Senhor está com os que o temem, e “daqui em diante (diz o
bendito Jesus) não os chamarei mais de servos, mas de amigos; pois o servo não sabe o que faz
o seu senhor”. Seja o que for que vocês pensarem sobre isso, o santo Davi tinha tanta
percepção da honra que acompanha aqueles que andam com Deus que declara: “prefiro estar à
porta da casa de meu Deus do que permanecer nas tendas da perversidade”. Ó, que todos
pensemos como ele!
Segundo, assim como é digno de honra, também é muito agradável caminhar com
Deus. O mais sábio dos homens nos disse: “os caminhos da sabedoria são deliciosos e suas
veredas paz”. E eu me lembro que o piedoso senhor Henry, quando estava já para morrer,
disse a um amigo: “Você tem ouvido as palavras de muitos homens moribundos e estas são as
minhas: Uma vida vivida em comunhão com Deus é a vida mais prazerosa do mundo!” Com
segurança, confirmo que isso é verdadeiro. Deveras, fui alistado sob o estandarte de Jesus
somente há poucos anos; no entanto, eu tenho encontrado mais firme prazer em um único
momento de comunhão com meu Deus do que eu o teria ou poderia ter nos caminhos do
pecado mesmo que eu tivesse prosseguido no pecado por milhares de anos. E diante dessa
verdade, poderia eu não apelar a vocês que temam e andem com Deus? Não lhes vale um dia nos átrios do Senhor, mais que mil anos? Em guardar os mandamentos de Deus, não
encontraram vocês um presente e uma mui grande recompensa? Não tem sido a sua palavra
mais doce do que o mel ou do que o favo de mel para vocês? Ó! o que sentem quando, como
Jacó, estão lutando com Deus? Não os tem Jesus encontrado amiúde quando meditando no
campo e não tem se dado a conhecer repetidas vezes no partir do pão? Não tem o Espírito
Santo freqüentemente derramado abundantemente em seus corações o amor divino e os
enchido de uma alegria indizível, uma alegria repleta de glória? Eu sei que vocês responderão a
tais perguntas afirmativamente e de modo espontâneo reconhecerão que o jugo de Cristo é
suave e seu fardo, leve; ou (para usar as palavras de uma de nossas orações antes do
sacramento da ceia), “seu serviço é perfeita liberdade”. E que outros motivos mais precisamos
para nos animar a andar com Deus?
Parece-me que ouvi alguém dentre vocês dizer: “Como isto pode ser? Pois, se andar
com Deus, como você disse é algo apreciável e agradável, então, por que o nome do povo que
segue tal caminho é rejeitado como coisa má e por todas as partes dele se fala contra? Como é
que ele é freqüentemente afligido, tentado, privado dos meios de subsistência e levado ao
suplício? É essa a honra, é esse o prazer de que você fala?” Eu respondo: Sim. Pare por um
momento; não seja precipitado demais. Não julgue conforme a aparência, mas segundo a reta
justiça, e tudo ficará bem. É verdade, nós reconhecemos que “o povo desse caminho”, como
você, e Paulo antes de você, quando é intimado por um perseguidor, é rejeitado, tido por mau,
uma seita de que se fala contra em todos os lugares. Mas quem faz isso? Precisamente os
inimigos do Deus Altíssimo. E você julga uma desgraça eles falarem mal de você? Bendito seja
Deus, não é assim que nós aprendemos de Cristo. Nosso Mestre ilustre disse isto: “Bemaventurados
sois quando por minha causa, vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem
todo o mal contra vós”. E Ele ordenou: “Regozijai-vos e estejam sobremodo alegres”, pois
isso é um privilégio para os que são seus discípulos, e sua recompensa será grande no céu. Ele
próprio foi tratado dessa forma. E pode haver uma honra maior para uma criatura do que ser
conformada ao eternamente bendito Filho de Deus? Além do que, é igualmente verdade que o
povo desse caminho é amiúda das vezes afligido, tentado, privado de recursos para
subsistência e torturado. Mas e daí tudo isso? Isso destrói o prazer de andar com Deus? Não,
de maneira nenhuma; pois esses que andam com Deus são capacitados, através da força que
Cristo lhes vai dando, a alegrarem-se mesmo nas tribulações e a regozijarem-se mesmo quando
mergulham em tentações. E eu acredito — e posso apelar para a experiência de todos os que
verdadeira e intimamente caminham com Deus — que foram os momentos de sofrimentos,
com freqüência, os mais doces e aqueles em que eles mais se alegraram no Senhor, quando
mais rejeitados e desprezados foram pelos homens, não? Descobrimos que esse foi o caso dos
primeiros servos de Cristo, quando ameaçados pelo Sinédrio judaico e ordenados a não mais
pregarem no nome de Jesus: eles regozijaram-se por serem achados dignos de sofrer afronta
por causa de Jesus. Paulo e Silas louvaram a Deus até em um cárcere; e a face de Estevão, esse
glorioso protomártir da igreja cristã, brilhou como a de um anjo. E Jesus é o mesmo tanto
agora como o foi outrora, e cuida com amor, de forma tão doce, aliviando os sofrimentos e
aflições para que seus discípulos descubram, através de uma feliz experiência, que, quanto mais
abundam as aflições, muito mais abundam as consolações. Portanto, todas essas objeções, em
vez de destruir, somente reforçam os motivos recomendados acima, para estimular você a
andar com Deus.
Mas, supondo que as objeções fossem justas, e que aqueles que andam com Deus
fossem desprezíveis e infelizes assim como você os descreveu, não obstante, eu teria uma
terceira razão para apresentar, a qual, se pesada na balança do santuário, pesará mais do que
todas as objeções, a saber, que há um céu no final dessa caminhada. E, para usar as palavras do
piedoso bispo Beveridge, “Ainda que o caminho seja estreito, ainda assim ele não é muito longo: e ainda que o portão seja estreito, ele dá acesso para a vida sem fim”. Enoque
encontrou-o. Ele andou com Deus aqui na terra e Deus o tomou para assentar-se com Ele no
Reino dos Céus. Não que esperemos ser trasladados como ele foi: não, eu suponho que todos
morreremos a morte normal de todos os homens. Porém, depois da morte, o espírito daqueles
que andaram com Deus retornarão para Aquele que lhos deu; e na manhã da ressurreição, alma
e corpo estarão para sempre com o Senhor; seus corpos serão feitos semelhantes ao glorioso
corpo de Cristo, e suas almas preenchidas de toda a plenitude de Deus. Eles se assentarão em
tronos; eles julgarão anjos. Eles serão capazes de suportar um extraordinário e eterno peso de
glória, precisamente aquela glória que Jesus Cristo gozava junto com o Pai antes do início do
mundo. “O gloriam quantam et qualem”, disse o sábio e piedoso Arndt, no momento em que
curvou a cabeça e rendeu o espírito. O próprio pensar nisso é bastante para fazer-nos “desejar
saltar nos nosso setenta anos”, como o bom Dr. Watts expressou, e fazer-nos irromper na
zelosa linguagem do nobre salmista: “Minha alma tem sede do Deus vivo. Quando irei e me
verei perante a face de meu Deus?”. Não faço idéia de como será isto, já que a mais comum
irradiação e influxo da vida e do amor divino fazem com que algumas pessoas desfaleçam e,
por algum tempo, até percam os sentidos. Algo menos do que isso, precisamente o contemplar
a glória de Salomão, fez com que a rainha de Sebá se assombrasse; e algo menor ainda,
precisamente, o ver os carros que José enviara do Egito para buscá-lo, fez Jacó desfalecer e,
por um momento, por assim dizer, esmoreceu. Daniel, quando foi admitido a ficar a uma vista
distante dessa excelente glória, caiu aos pés do anjo como morto. E, se uma visão distante
dessa glória é assim tão excelente, o que deve ser a posse real dela? Se as primícias são tão
gloriosas, quão infinitamente excederá em glória a colheita?
E agora, o que eu devo ou, de fato, o que eu posso ainda dizer para bem estimular a
você, precisamente você, que ainda é estranho para Cristo, para que venha e ande com Deus?
Se ama a honra, o prazer e uma coroa de glória, venha, busque isso tudo exclusivamente onde
você o poderá achar. Venham, revistam-se do Senhor Jesus. Venham, apressem-se e andem
com Deus, e não façam mais provisões para a carne a fim de preencher a concupiscência dela.
Pare! Pare! Ó, pecadores! Voltem, homens não convertidos, pois o caminho pelo qual vocês
agora andam, por mais direito que possa parecer aos seus olhos cegados, terá por fim a morte,
precisamente, a destruição eterna de ambos corpo e alma. Não se atrasem mais, eu digo: Vocês
estão em perigo, eu exorto você, não dê mais um passo no seu atual caminho. Pois, o que você
sabe, ó homem, senão que seu próximo passo poderá levá-lo ao inferno? A morte poderá
agarrá-lo, o juízo o encontrará e então, um grande abismo estará entre você e a glória sem fim
para sempre. Ó, pense nessas coisas, todos vocês que não estão ainda dispostos a andar com
Deus. Ponha-as no seu coração. Reconheçam que estão naquele caminho e, na força de Jesus
Cristo, digam: Adeus, concupiscência da carne, eu não mais andarei com você! Adeus
concupiscência dos olhos e orgulho da vida! Adeus, amigos da carne e inimigos da cruz, eu não
mais andarei nem terei intimidade com vocês! Bem vindo Jesus, bem vinda sua palavra, bem
vindo seus mandamentos, bem vindo a seu Espírito, bem vindo a seu povo, doravante andarei
com vocês. Ó, que haja em você uma tal disposição! Deus colocará sua poderosa sanção e
selará isso com o grande selo do céu, o selo do seu Santo Espírito. Sim, Ele o colocará, mesmo
que desde o seu nascimento você esteja andando e seguindo os ardis e desejos de seus corações
desesperadamente maus. “Eu, o Alto e o Sublime”, diz o grande Jeová, “que habito a
eternidade, morarei com o de coração contrito e humilde, precisamente com o homem que
treme diante da minha palavra”. O sangue, o precioso sangue de Jesus Cristo, se você vier ao
Pai em e através dEle, limpá-lo-á de todo o pecado.
Contudo, o texto me leva a falar a vocês, santos, e também aos pecadores assumidos,
não-convertidos. Não preciso contar-lhes que andar com Deus não é só apreciável, mas
agradável e também proveitoso; pois vocês sabem-no, por feliz experiência, e o acharão cada dia melhor. Só me deixem despertar suas mentes puras, à guisa de lembrança e para suplicar
para vocês a misericórdia de Deus em Cristo Jesus: prestem atenção em si mesmos, andem
sempre mais perto de Deus conforme passam os dias, pois, quanto mais perto vocês andarem
de Deus, mais vocês o apreciarão, pois sua presença é vida, e ficarão mais bem preparados para
serem colocados à sua mão direita, onde há delícias perpetuamente. Ó, não sigam Jesus à
distância! Ó, não sejam tão formais, não sejam tão mortos e estúpidos no cumprimento dos
santos preceitos! Não abandonem vergonhosamente a sua congregação, não sejam avarentos
ou indiferentes para com as coisas de Deus. Lembrem o que Jesus disse da igreja de Laodicéia:
“Porque vocês não são frios nem quentes, vou vomitá-los de minha boca”. Pensem no amor
de Jesus, e que esse amor constranja-os a se conservarem próximos dEle; e, ainda que vocês
morram por Ele, não o neguem, não fiquem distantes dEle de modo nenhum.
Uma palavra aos meus irmãos no ministério que estão aqui presentes, e eu encerro.
Vocês percebem, meus irmãos, meu coração está cheio; quase diria que isso é grande demais
para dele se falar e, todavia, grande demais para sobre ele se silenciar, sem lhes dar uma
palavra. Pois o texto não fala especificamente àqueles que têm a honra de serem denominados
embaixadores de Cristo e mordomos dos mistérios de Deus. Eu fiz a observação no começo
desta elocução que Enoque, com toda a probabilidade, era um homem público e um ardoroso
pregador. Embora esteja morto, não nos fala ele para avivar nosso zelo e nos tornar mais
ativos no serviço de nosso glorioso e eternamente bendito Mestre? Como Enoque pregava!
Como Enoque andava com Deus, conquanto vivesse em uma geração má e adúltera! Então,
vamos segui-lo como ele seguia a Jesus Cristo, antes de Jesus vir, pois onde ele está, nós
também estaremos. Ele não entrou no seu descanso: no entanto, ainda por um pouco de
tempo e entraremos no nosso, e isso, muitíssimo mais rápido do que ele. Ele peregrinou aqui
embaixo por trezentos anos; mas, bendito seja Deus, os dias do homem estão agora
encurtados e, em poucos dias, nossa caminhada estará terminada. O Juiz está à porta: Aquele
que vem virá, e não tardará: e com Ele seu galardão. E, daqui a pouco, nós todos (se formos
zelosos pelo Senhor dos exércitos) brilharemos para sempre como estrelas do firmamento, no
Reino de nosso Pai celestial, para sempre e eternamente. Para Ele, o bendito Jesus e o Espírito
eterno, seja toda a honra e a glória, agora e para toda a eternidade.
Amém e Amém.



Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)




ARREPENDIMENTO

GEORGE WHITEFIELD
Arrependimento

"Se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis" (Lc 13-3)



QUANDO consideramos quão abomináveis e agravantes I são as nossas ofensas à vista de um Deus santo e justo, atraindo a sua ira sobre nossa cabeça e nos fazendo viver sob sua indignação, devíamos nos dissuadir do mal, ou pelo menos buscarmos o arrependimento e não cometer mais as mesmas coisas! Porém, o homem é tão imprudente quanto à eter­nidade e tem tão pouca consideração ao bem-estar de sua alma imor­tal, que ele pode pecar sem pensar que tem de prestar contas de suas ações no Dia do Julgamento. Se ele, por vezes, reflete sobre seu comportamento, isso não o dirige ao verdadeiro arrependimento. Ele pode, por pouco tempo, abster-se de cair "em alguns pecados grossei­ros que ultimamente vinha cometendo; mas quando a tentação vem de novo com poder, ele é levado pela concupiscência; e assim vai prometendo e resolvendo, e quebrando suas resoluções e promessas quase no momento seguinte em que as faz. Isto é altamente ofensivo a Deus; é escarnecer dEle. Meus irmãos, quando a graça nos é dada para que verdadeiramente nos arrependamos, nós nos voltamos com­pletamente a Deus; e rogo-lhes que se arrependam dos seus pecados, pois o tempo se apressa em que vocês não terão tempo, nem chama­da ao arrependimento; não há nada na sepultura para onde vamos. Mas não tenham medo, pois é freqüente Deus receber o maior peca­dor à misericórdia pelos méritos de Cristo Jesus. Isto aumenta as ri­quezas da sua graça generosa; e deveria ser um incentivo a vocês, que são grandes e notórios pecadores, para que se arrependam, pois Ele terá misericórdia de vocês, se vocês se voltarem a Ele por Cristo.

O apóstolo Paulo foi eminente exemplo disso. Ele fala de si mesmo como o principal dos pecadores", e declara como Deus lhe mostrou misericórdia. Cristo ama mostrar misericórdia aos pecadores, e se vocês se arrependerem, Ele terá misericórdia de vocês. Mas como nenhuma palavra é tão sujeita a enganos quanto o arrependimento, eu:


I.Mostrarei a vocês qual é a natureza do arrependimento.
II.Considerarei as várias partes e causas do arrependimento.
III. Darei a vocês algumas razões por que o arrependimento é necessário para a salvação. E
IV. Exortarei vocês, grandes e pequenos, ricos e pobres, uns aos outros, a buscarem o arrependimento.




I. O arrependimento, meus irmãos, em primeiro lugar quanto à natureza, é a disposição carnal e corrupta dos homens que é mudada numa disposição renovada e santificada. O homem que de fato se arrependeu é verdadeiramente regenerado; é uma palavra diferente para a mesma coisa. A mistura heterogênea de animal e Diabo aca­bou; há uma nova criatura forjada em seu coração. Se o arrependi­mento é verdadeiro, vocês são inteiramente renovados, na alma e no corpo; o entendimento é iluminado com o conhecimento de Deus e do Senhor Jesus Cristo; e a vontade, que era teimosa, obstinada e odiava todo o bem, é obediente e submissa à vontade de Deus.Quando vocês se voltam ao Senhor pelo arrependimento evangélico, então a vontade é mudada; a consciência, agora endurecida e entorpecida, é avivada e despertada; o coração duro é derretido e seus afetos incontroláveis são crucificados. Assim, por esse arrependimento, a alma é completamente mudada; vocês terão novas inclinações, novos desejos e novos hábitos.

Vocês verão o quanto somos vis por natureza — o que exige tão grande mudança a ser feita em nós, para que nos recuperemos desse estado de pecado —, e, por conseguinte, a consideração de nosso estado terrível deveria nos fazer zelosos com Deus para mudarmos nossa condição, e que a mudança implica no verdadeiro arrependi­mento. Meus irmãos, tenham em conta o quanto os seus caminhos são odiosos a Deus, enquanto vocês permanecem no pecado; quão abomináveis vocês lhe são, enquanto prosseguem no mal. Não se pode dizer que vocês sejam cristãos enquanto odeiam Cristo e seu povo; o genuíno arrependimento os mudará completamente, a incli­nação da sua alma mudará; vocês se deleitarão em Deus, em Cristo, na sua Lei e no seu povo. Vocês acreditarão que há tal coisa como sentimento interior, ainda que agora o considerem loucura e fanatis­mo, vocês não terão vergonha de serem tolos pela causa de Cristo; vocês não considerarão que estão sendo ridicularizados; o fato de serem apontados e recebidos com altos brados de: "Vem vindo outro rebanho de seus seguidores!", não os intimidará. Não, sua alma abominará tais procedimentos. O caminho de Cristo e seu povo serão sua delícia plena.

É a natureza de tal arrependimento fazer uma mudança, e a maior mudança que pode ser feita na alma. Assim, vocês percebem o que implica o arrependimento em sua natureza; denota uma aversão a todo o mal e um abandono dele. Agora prosseguirei,



II. Mostrando-lhes as partes do arrependimento e as causas que concorrem a ele.

As partes são: a tristeza, o ódio e um abandono completo do pecado.

Nossa tristeza e pesar pelo pecado não surgem meramente de um medo da ira, pois se não temos outra base senão que procedem do amor-próprio e não de um amor a Deus; e se o amor a Deus não é o motivo principal do arrependimento, o seu arrependimento foi em vão e não deve ser reputado verdadeiro.

Muitos em nossos dias pensam que o clamor: "Deus, perdoe-me!", ou: Senhor, tem misericórdia de mim!", ou: "Arrependo-me!", é arre­pendimento, e que Deus estimará isto como tal; mas, na verdade, são clamores enganosos. Não é nossa aproximação a Deus com os lábios, enquanto nosso coração está longe dEle, que Ele considera. O arre­pendimento não vem aos empurrões; não, é um ato contínuo em nossa vida: pois assim como diariamente pecamos, assim precisamos de um arrependimento diário diante de Deus para obter perdão pelos pecados que cometemos.

Não é confessar-se pecadores, não é saber que sua condição é triste e deplorável, ao mesmo tempo em que continuam nos pecados; seu cuidado e esforços devem ser obter um coração completamente afetado com isso para que vocês se sintam criaturas perdidas, pois Cristo veio para salvar os que estão perdidos. Se vocês gemem sob o peso e fardo dos pecados, então Cristo os aliviará e lhes dará descanso.

Até que sintam a miséria e condição perdida cm que se encontram, vocês são servos do pecado c suas concupiscências, sob a escravidão e comando de Satanás, fazendo sua obra vil; vocês estão sob a maldição de Deus e sujeitos ao seu julgamento. Considerem que estado terrível será na morte, e depois do Dia do Julgamento, quando vocês serão expostos a misérias tais que o ouvido não ouviu, o coração não conce­beu, e isso por toda a eternidade, se vocês morrerem impenitentes.

Mas espero melhores coisas de vocês, meus irmãos, coisas que acompanham a salvação, embora eu fale assim. Vão a Deus em ora­ção e sejam sinceros com Ele, que pelo seu Espírito Ele os convence­rá de sua condição miserável por natureza e os fará verdadeiramente sensatos. Humilhem-se, humilhem-se, rogo-lhes, por seus pecados! Tendo passado tantos anos pecando, o que vocês podem fazer me­nos do que preocupar-se em passar algumas horas lamentando e entristecendo-se pelo mesmo e serem humilhados diante de Deus?

Olhem para trás em sua vida, chamem à memória os pecados cometidos, tantos quantos possam; os pecados da mocidade como também os dos anos mais recentes. Vejam como vocês se afastaram do Pai gracioso e perambularam pelo caminho da maldade, no qual se perderam, como também ao favor de Deus, o consolo do seu Espírito e a paz de consciência. Então vão e implorem o perdão do Senhor, pelo sangue do Cordeiro, pelo mal que cometeram c pelo bem do qual se omitiram. Considerem igualmente a hediondez dos seus pecados; vejam com que circunstâncias tão agravantes os seus pecados são tratados, o quanto vocês abusaram da paciência de Deus, que deveria tê-los levado ao arrependimento; e quando descobrirem que seu coração está endurecido, implorem a Deus que o amoleça. chorem vigorosamente diante dEle e Ele tirará o coração de pedra e lhes dará um coração de carne.

Tomem hoje a decisão de deixar todas as suas concupiscências e prazeres pecaminosos; renunciem, abandonem e abominem seu anti­go curso de vida pecadora, e sirvam a Deus em santidade e justiça pelo resto de suas vidas. Se você chora e lamenta os pecados passa­dos e não os abandona, seu arrependimento é em vão; você está escarnecendo de Deus e enganando a própria alma. Você tem de despir-se do velho homem, com suas ações, antes de vestir o novo homem, Cristo Jesus.

Vocês que eram xingadores e blasfemos; vocês que eram prostitu­tas e bêbedos; vocês que eram assaltantes e ladrões; vocês que até hoje seguem os prazeres pecaminosos e as diversões da vida, rogo-lhes, pelas misericórdias de Deus em Cristo Jesus, que não mais continuem assim, mas abandonem os caminhos maus e se voltem ao Senhor. Pois Fie espera para ser gracioso para com vocês, Ele está pronto, Ele está disposto a perdoá-los de todos os pecados; mas não esperem que Cristo os perdoe do pecado, quando vocês incorrem nele e não se refreiam em obedecer as tentações. Mas se vocês forem persuadidos a se privar do mal e escolher o bem, a se voltar ao Senhor e se arrepender da maldade, Ele prometeu que os perdoará abundantemente, Ele curará sua apostasia e os amará com toda liberal idade. Decidam agora neste dia não se interessar mais em seus pecados para sempre; abandonem seus antigos caminhos e vocês serào separados; vocês têm de decidir-se contra o pecado, pois não há verdadeiro arrependimento sem a resolução de abandoná-lo. Decidam por Cristo, decidam contra o Dia­bo e suas obras, e prossigam lutando as batalhas do Senhor contra o Diabo e seus emissários: ataquem-no nas fortalezas mais fortes que ele tem, lutem contra ele como homens, como cristãos, c logo vocês des­cobrirão que ele é covarde; resistam a ele, e ele fugirá de vocês. Este­jam determinados, pela graça, neste propósito, e já terão dado o pri­meiro passo em direção ao arrependimento; contudo, tomem cuidado para que suas resoluções não se baseiem em suas próprias forças, mas na força do Senhor Jesus Cristo. Ele é o caminho, Ele é a verdade e Ele é a vida; sem a sua ajuda vocês nada podem fazer, mas pela sua graça que lhes fortalece, vocês serão capazes de fazer todas as coisas. Quan­to mais vocês tiverem consciência de sua própria fraqueza e incapaci­dade, mais pronto Cristo estará para os ajudar; e o que lhes podem fazer todos os homens do mundo, quando Cristo é por vocês? Não há que considerar o que eles dizem contra vocês, pois vocês terão o teste­munho de uma boa consciência.

Decidam lançar-se aos pés de Cristo em sujeição a Ele, e em seus braços para alcançar a salvação. Considerem, meus queridos irmãos, os seus muitos convites para ir a Ele, e por Ele ser salvo. Deus "fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos" (Is 53.6). Deixem-me convencê-los a que, acima de tudo, escolham o Senhor Jesus Cristo, resignem-se a Ele, tomem-no em seus termos; e quem quer que seja, por maior pecador que seja, hoje à noite, em nome do grande Deus, eu lhe ofere­ço Jesus Cristo. Como vocês valorizam a vida e a alma, não o recusem, mas movam-se para aceitar o Senhor Jesus. Recebam-no inteiramente, sem reservas, pois Ele deseja atuar plenamente em suas vidas, ou, caso contrário, de modo algum. Jesus Cristo deve ser sua plena sabedoria, Jesus Cristo deve ser sua inteira justiça, Jesus Cristo tem de ser sua inteira santificaçào, ou Ele nunca será sua redenção eterna.

Mesmo aqueles que tenham sido tão maus e devassos, se abando­narem agora seus pecados e se voltarem ao Senhor Jesus Cristo. Ele os receberá e todos os seus pecados serão largamente perdoados. Por que vocês negligenciariam a grande obra de seu arrependimento? Não adiem essa ação um dia mais, porém hoje, agora mesmo, aceitem a Cristo, que lhes é oferecido livremente.

Quanto às causas a esse respeito, a causa primeira é Deus; Ele é o Autor, nós nascemos de Deus (Jo 1.13), Ele nos gerou, o próprio Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. É Ele quem nos encoraja a buscar c a fazer a sua boa vontade. Outra causa é a graça livre de Deus, E pelas "riquezas da sua graça livre", meus irmãos, é que há muito tempo fomos impedidos de descer ao inferno; tão-somente porque as compaixòes do Senhor não falham; elas são novas a cada manhã e frescas a cada noite.

Às vezes, os instrumentos são muito improváveis; um pobre e menosprezado ministro ou membro de Jesus Cristo pode, pelo poder de Deus, ser o instrumento nas suas mãos para levar você ao verda­deiro arrependimento evangélico. Talvez isso seja feito para mostrar que o poder não está nos homens, mas que é inteiramente devido à boa vontade de Deus. Se há manifesto algum bem entre qualquer um de vocês pela pregação da Palavra, como acredito que haja, embora tenha sido pregado num campo, se Deus nos encontrou e nos pos­suiu, e abençoou sua Palavra, embora pregado por um eloqüente entusiasta, um menino, um louco; eu me regozijo, sim, e me regozija­rei, que os inimigos digam o que quiserem. Agora,



III. Mostrarei as razões por que o arrependimento é necessário à salvação.

E isto, meus irmãos, nos é revelado claramente na Palavra de Deus: A alma que não se arrepender e se voltar ao Senhor, morrerá em seus pecados, e o seu sangue será requerido de suas próprias mãos. É necessário, quando pecamos, que nos arrependamos; pois um Deus santo não admiti e jamais admitirá na sua presença algo que seja profano. Este é o começo da graça na alma; tem de haver uma mudança no coração e na vida antes que haja uma habitação com o Deus santo. Vocês não podem amar o pecado e Deus ao mesmo tempo, vocês não podem amar a Deus e a Mamom. Nin­guém imundo pode estar na presença de Deus; é contrário à santidade da sua natureza. Há uma contrariedade entre a natureza santa de Deus e a natureza impura dos homens carnais e não-regenerados.

Que comunicação pode haver entre um Deus sem pecado e cria­turas cheias de pecado, entre um Deus puro e criaturas impuras? Se vocês fossem admitidos ao céu com seu atual estado, em sua condição impenitente, o próprio céu seria um inferno para vocês; os cânticos dos anjos soariam como fanatismo e seriam intoleráveis a vocês. Por isso, tal estado tem de ser mudado; vocês devem ser santos como Deus c. Ele tem de ser seu Deus aqui, e vocês têm de ser seu povo, ou vocês nunca habitarão junto com Ele por toda a eternidade. Se vocês odeiam os caminhos de Deus e não podem passar uma hora a seu serviço, como acham que será cm toda a eternidade, cantando para sempre louvores àquEle que se assenta no trono e ao Cordeiro?

Esta deve ser a ocupação, meus irmãos, de todos os que são admi­tidos nesse lugar glorioso, onde nem o pecado nem o pecador são admitidos, onde o escarnecedor jamais pode ir sem se arrepender dos seus maus caminhos, sem voltar-se para Deus e a Ele se apegar. Isto deve ser feito antes que alguém seja admitido nas mansões gloriosas de Deus — que estão preparadas para todos os que amam o Senhor Jesus Cristo em sinceridade e verdade —, para que se arrependam de todos os seus pecados. Meus queridos irmãos, sinto um frio na espinha ao pensar que qualquer um de vocês não venha a ser admitido nas man­sões gloriosas no céu. Se estivesse em meu poder, eu colocaria todos Vocês — sim vocês, meus irmãos escarnecedores, e os maiores inimi­gos que eu tenho na terra — à mão direita de Jesus; mas não posso fazê-lo. Contudo, aconselho-os e exorto-os com todo o amor e ternura a lazer de Jesus o seu refúgio. Somente em sua presença há o alívio que procuram. Jesus morreu para salvar pessoas como vocês; Ele está cheio de compaixão, e se vocês forem a Ele, como pecadores pobres, perdidos e destruídos, Jesus lhes dará o seu Espírito. Vocês viverão e reinarão com este Jesus por toda a eternidade.



IV. Tenho de exortar todos vocês, grandes e pequenos, ricos e pobres, uns aos outros, a se arrependerem de todos os pecados e se voltarem ao Senhor.

Falarei a cada um de vocês; quer tenham se arrependido, quer não; sendo vocês crentes em Cristo Jesus ou incrédulos.

Primeiramente, vocês que nunca se arrependeram verdadeiramente de seus pecados e nunca abandonaram verdadeiramente suas concupiscências; não se ofendam se lhes falo claramente; porque é o amor, o amor por suas almas que me constrange a falar. Colocarei diante de vocês o perigo e a miséria, aos quais vocês estão expostos enquanto permanecem impenitentes no pecado. E que este seja talvez o meio de fazê-los buscarem a Cristo por perdão e absolvição.

Enquanto não estão arrependidos dos seus pecados, vocês estão em perigo de morte; e se morrerem, vocês perecerão para sempre. Não há esperança para todo aquele que vive e morre em seus peca­dos, pois habitará com os demônios e espíritos malditos por toda a eternidade. E como sabemos que vamos viver mais? Não estamos seguros de ver nossas casas em segurança esta noite. O que vocês querem dizer por estar à vontade e vivendo com prazer enquanto os pecados não são perdoados? Tão certo quanto a Palavra de Deus sempre é verdadeira, se vocês morrerem nessa condição, para sem­pre estarão excluídos de toda esperança e misericórdia, e se conver­terão em miséria infundada e infinita.

Quanto valem todos os seus prazeres e diversões? Eles duram apenas por um momento; não valem nada e são de curta permanên­cia. E com certeza deve ser rematada loucura buscar avidamente es­sas concupiscências e prazeres pecaminosos que fazem guerra contra a alma, que tendem a endurecer o coração e nos impedem de aceitar o Senhor Jesus. De fato, esses são os destruidores de nossa paz aqui; e, sem arrependimento, destruirão nossa paz futura.

Ó, a insensatez e loucura deste mundo sensual; se não houvesse nada no pecado, senão a atual escravidão, ele manteria longe o espí­rito engenhoso. Mas para fazer o trabalho servil do Diabo! Se fizer­mos isso, teremos seu salário, que é a morte e condenação eternas. Considerem isto, meus culpados irmãos, vocês que pensam que não é pecado jurar, prostituir-se, beber ou zombar e desdenhar do povo de Deus. Considerem o quanto suas vozes mudarão, e vocês, que reputavam por loucura a vida deles e sem honra o seu fim, uivarão e lamentarão a própria insensatez e loucura que deveriam tê-los levado a tamanha aflição e angústia! Então vocês lamentarão e chorarão a própria condição terrível, mas não terá significado, porque aquEle que hoje é seu Salvador misericordioso, se tornará seu Juiz inexorável.

Hoje Ele se deixa ser rogado; mas depois, todas as lágrimas e orações serão em vão, pois atribuiu a todo homem um dia de graça, um tem­po de arrependimento, o qual, se ele não aproveitar, negligenciando e menosprezando o meio que lhe é oferecido, não pode ser salvo.

Enquanto vocês prosseguem num curso de pecado e injustiça, rogo-lhes, meus irmãos, que pensem na conseqüência que acompa­nhará o desperdício do seu tempo precioso. Sua alma vale sua preo­cupação, pois se vocês podem desfrutar todos os prazeres e diversões da vida, na morte vocês têm de abandonar tudo; a morte porá um fim a todos os interesses mundanos. E não será lamentável ver o fim de todas as suas coisas boas aqui, todos os prazeres terrestres, sensuais e diabólicos com os quais vocês se envolveram tanto; e corroerá a sua própria alma o pensamento de que por tão insignificante interesse vocês perderam o bem-estar eterno.

A riqueza e a grandeza não estarão em nenhum lugar; vocês não podem levar nada daqui para o outro mundo. Então, a consideração da sua falta de clemência para com os pobres, c os caminhos que vocês tomaram para obter riqueza, serão um verdadeiro inferno para vocês.

Hoje vocês dispõem dos meios da graça, como a pregação da sua Palavra, a oração c os sacramentos; e Deus enviou seus ministros aos campos e estradas para convidar, para insistir que vocês entrem. Po­rém eles são pesados para vocês, que preferiram antes os seus praze­res. Não demorará muito, meus irmãos, e os prazeres acabarão, e vocês não se preocuparão mais com eles; mas então vocês quererão dar dez mil mundos por um momento daquele tempo misericordioso de graça da qual vocês abusaram. Então chorarão por uma gota da­quele sangue precioso que agora vocês pisam com os pés; então vocês desejarão por mais uma oferta de misericórdia, para que Cristo e sua graça generosa lhes sejam novamente oferecidos. Mas o choro será em vão, pois como vocês não se arrependeram aqui. Deus não lhes dará uma oportunidade para se arrependerem no futuro. Se não for no tempo de Cristo, não será no seu tempo, irmãos. Em que condição terrível vocês estarão então! Que horror e surpresa lhes possuirão a alma! Então todas as suas mentiras e juramentos, seus escárnios e zombarias do povo de Deus; todos os seus pensamentos e ações imundas e sujas; o seu tempo esbanjado em bailes, jogos e saraus; as noites inteiras que vocês gastaram jogando cartas, perdidos em bailes de máscaras; sua freqüência em tabernas e cervejarias; seu mundanismo, cobiça e inclemência lhes serão imediatamente trazidos à lembrança, e sem demora atribuídos em sua alma culpada. Como vocês suportarão o pensamento de tais coisas? Estou, deveras, movi­do de compaixão por vocês, em pensar que esta pode ser a porção de todo aquele que agora me ouve. Estas são verdades, embora terríveis, meus irmãos; estas são as verdades do Evangelho; e se não houvesse necessidade de falar assim, eu me reprimiria de boa vontade, porque não é assunto agradável para mim, mais do que é para vocês; mas é meu dever lhes mostrar as conseqüências terríveis de se persistir no pecado. Estou fazendo a parte de um hábil cirurgião que investiga uma ferida antes de curá-la. Eu lhes mostraria primeiro o perigo, para que a libertação seja mais prontamente aceita por vocês.

Considerem que por mais que vocês posponham o dia mau e se esforcem em esconder os pecados, no Dia do Julgamento haverá uma completa revelação de tudo. Naquele dia, as coisas escondidas serão trazidas à luz; e depois que todos os seus pecados forem revelados para o mundo inteiro, então vocês serão lançados no fogo eterno do inferno, que não se apaga nem de dia nem de noite; será sem inter-missão, sem fim. Então, que estupidez e disparate possuem seu cora­ção, que vocês não ficam aterrorizados pelos seus pecados. O medo da fornalha ardente de Nabucodonosor levou os homens a fazerem algo para evitá-la; e o fogo eterno não levará os homens, não levará vocês a fazerem algo para evitá-lo?

Que isto desperte e faça com que vocês se humilhem por seus pecados e implorem perdão por eles, para que vocês achem miseri­córdia no Senhor. Não vão embora, não deixem que o Diabo os apresse para sair antes que o sermão termine: mas fiquem e Jesus lhes será oferecido, pois Ele expiou todos os pecados.

Rogo-lhes que lancem fora suas transgressões, esforcem-se contra o pecado, vigiem contra ele e implorem o poder e a força de Cristo para sujeitar o poder das concupiscências que os incitam aos caminhos pecaminosos. Mas se vocês não fizerem nenhuma dessas coisas, se vocês estiverem decididos a pecar, a morte eterna será a conseqüência; vocês serão presos com horror e tremor, com horror e assombro, para ouvir a terrível sentença de condenação pronunciada contra vocês.

Então vocês fugirão e chamarão as montanhas para que caiam sobre vocês, para os esconderem do Senhor e da raiva ardente de sua ira.

Tivessem vocês um coração para se voltar dos pecados ao Deus vivo, pelo arrependimento verdadeiro e sincero, e orar a Ele em busca de misericórdia, através dos méritos de Jesus Cristo, haveria então es­perança. Mas no Dia do Julgamento, suas orações e lágrimas não terão significado algum; não lhes serão de nenhuma serventia; o Juiz não receberá suas súplicas; visto que vocês não lhe deram atenção quando Ele os chamou, mas menosprezaram a Ele e seus ministros, e não dei­xaram suas iniqüidades. Portanto, naquele dia, não ouvirá seus rogos, apesar de todos os gritos e lágrimas; pois o próprio Deus disse: "Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a minha mão, e não houve quem desse atenção; antes, rejeitastes todo o meu conselho e não quisestes a minha repreensão; também eu me rirei na vossa perdi­ção e zombarei, vindo o vosso temor (...) como tormenta, sobrevindo-vos aperto e angústia. Então, a mim clamarão, mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, mas não me acharão" (Pv 1.24-28).

Vocês podem achar que isto é fanatismo e loucura; mas naquele grande dia, se vocês não se arrependerem dos seus pecados aqui, vocês descobrirão por terrível experiência que os seus caminhos eram realmente loucura. Mas que Deus não permita que vocês cheguem a esse tempo sem se arrepender; busquem o Senhor enquanto Ele pode ser achado; clamem por Ele enquanto está perto e vocês acharão misericórdia; arrependam-se neste momento e Cristo alegremente os receberá.

O que vocês me dizem? Devo ir ao meu Mestre e lhe dizer que vocês não irão a Ele. e não seguirão nenhum dos seus conselhos? Não; não me enviem em tal incumbência infeliz. Não posso, não direi tal coisa a Ele. Antes não lhe direi que vocês estão dispostos a arre­pender-se e converter-se, a tornar-se novos homens e assumir um n(no curso de vida? Esta é a única resolução sábia que vocês podem tomar. Permitam que eu diga a meu Mestre que vocês irão a Ele e esperarão nEle. pois se não o fizerem, será a sua ruína neste tempo e na eternidade.

Na morte, vocês desejarão ter vivido a vida dos justos para que tivessem morrido a morte deles. Fiquem avisados; considerem o que está diante de vocês: Cristo e o mundo, a santidade e o pecado, a vida e a morte. Escolham agora por vocês mesmos; façam sua escolha imediatamente e que esta seja a escolha de morrer.

Se vocês não desejam morrer em seus pecados, morrer bêbedos, morrer adúlteros, morrer xingadores e zombadores, não deixem pas­sar esta noite na terrível condição em que estão. Pode ser que alguns de vocês digam: "Você não tem poder, você não tem força". Mas não lhes faltavam estas coisas que estavam em seu poder? Vocês não têm tanto poder para ir ouvir um sermão, quanto a ir a uma casa de jogos, ou a um baile, ou a um baile de máscaras? Vocês têm tanto poder para ler a Bíblia quanto para ler peças, novelas e romances; e vocês po­dem se associar tanto quanto com os piedosos, como com os maus e profanos; esta é senão uma desculpa infundada, meus irmãos, para continuar em seus pecados. Se vocês desejam ser achados no meio da graça, Cristo prometeu que lhes dará força. Enquanto Pedro estava pregando, o Espírito Santo veio sobre todos os que ouviam a Palavra-, assim vocês serão achados no caminho do seu dever! Jesus Cristo lhes dará força; Ele lhes dará o seu Espírito; vocês descobrirão que Ele será a sua sabedoria, sua justiça, sua santificaçào e sua redenção. Experimentem que gracioso, gentil e amoroso Mestre Ele é. Ele lhes será de ajuda em todas as suas cargas; e se o fardo do pecado está em sua alma, busquem-no na qualidade de cansados e sobrecarregados, e acharão descanso.

Não digam que seus pecados são muitos e muito grandes para esperar encontrar misericórdia. Não, sejam eles tantos ou tão grandes, o sangue do Senhor Jesus Cristo os limpará de todos os pecados. A graça de Deus, meus irmãos, é generosa, rica e soberana. Manasses foi um grande pecador, e mesmo assim foi perdoado; Zaqueu tinha estado longe de Deus e saiu para ver Cristo, sem outro intento que satisfazer a curiosidade; e, não obstante, Jesus o encontrou e levou salvação à sua casa. Manassés era idolatra e assassino, contudo rece­beu misericórdia; o outro era opressor e extorsionário que tinha ad­quirido riquezas mediante fraude e engano, oprimindo a face dos pobres; assim também fez Mateus e, todavia, todos eles encontraram misericórdia.

Vocês foram blasfemadores e perseguidores dos santos e servos de Deus? Assim foi o apóstolo Paulo, contudo ele recebeu misericór­dia. Vocês são prostitutas, pessoas imundas e sujas? Assim foi Mana

Madalena, e contudo ela recebeu misericórdia. Vocês são ladrões? O ladrão na cruz achou misericórdia. Não se desesperem, por mais vis e devassos que vocês sejam; eu afirmo: nenhum de vocês está sem esperança, especialmente quando Deus teve misericórdia de um mi­serável como eu.

Lembrem-se do pobre publicano, de como ele achou favor em Deus, ao passo que o fariseu orgulhoso e presunçoso, inchado com sua própria justiça, foi rejeitado. E se vocês forem a Jesus como o pobre publicano fez, com um sentimento da indignidade própria, vocês acharão favor como ele achou; hã bastante virtude no sangue de Jesus para perdoar os maiores pecadores. Então não fiquem desa­nimados, mas busquem a Jesus, e vocês o acharão pronto a ajudar em toda a sua aflição, para conduzi-los em toda a verdade, para trazê-los da escuridão para a luz e do poder de Satanás a Deus.

Não deixem que o Diabo os engane, dizendo-lhes que todas as delícias e prazeres acabarão. Não; isto está bem longe de privá-los de todo o prazer, que é uma entrada a delícias indizíveis, peculiares a todos os que verdadeiramente são regenerados. O novo nascimento é o próprio começo de uma vida de paz c consolo; e o maior deleite será encontrado nos caminhos da santidade. Salomão, que tinha ex­perimentado todos os outros prazeres, disse acerca dos caminhos da santidade: "Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas, paz" (Pv 3-17). Então com certeza vocês não deixarão que o Diabo os engane; é tudo o que ele quer, é o que ele almeja: fazer a religião parecer melancólica, miserável e fanática. Deixem-no dizer o que quiser; não lhe dêem ouvidos, não o considerem, porque ele sempre foi e sempre será mentiroso.

Que súplicas usarei para fazê-los irem ao Senhor Jesus Cristo? O pouco amor que tenho experimentado desde que fui levado do peca­do para Deus c tão grande, que eu não estaria em estado natural por dez mil mundos, e o que senti é apenas um pouco do que espero sentir. Esse pouco amor que senti é uma bóia suficiente contra todas as tempestades e tormentas deste mundo turbulento; podem os ho­mens e demônios fazer o seu pior, eu me regozijo no Senhor Jesus, sim, e me regozijarei.

E se vocês se arrependerem e forem a Jesus, eu me regozijaria por sua causa também; e nós nos regozijaríamos juntos por toda a eternidade, quando tivéssemos passado para o outro lado do sepulcro. Venham a Jesus. Os braços de Jesus Cristo estão abertos para recebê-los; Ele lavará todos os seus pecados no seu sangue e os amará livremente.

Venham, eu rogo-lhes que venham a Jesus Cristo. Que minhas palavras penetrem a sua alma! Que Jesus Cristo seja formado em vocês! Que vocês se voltem ao Senhor Jesus Cristo, para que Ele tenha mise­ricórdia de vocês!

Eu continuaria falando ate a meia-noite — sim, eu falaria até que não pudesse mais, para que servisse de meio de levá-los a Jesus. Deixem o Senhor Jesus entrar em suas vidas, e vocês encontrarão a paz que o mundo não pode dar nem tirar. Há misericórdia para o maior pecador entre vocês; busquem o Senhor como pecadores, im­potentes e perdidos, e então vocês encontrarão consolo para sua alma, e serão afinal admitidos entre os que cantam louvores ao Senhor por toda a eternidade.

Agora, meus irmãos, gostaria de dar uma palavra de exortação aos que entre vocês já foram levados ao Senhor Jesus, que já nasce­ram de novo, que já pertencem a Deus, a quem foi dado se arrepen­der de seus pecados e estão limpos da culpa: Sejam gratos a Deus por suas misericórdias. Admirem a graça de Deus e bendigam o seu nome para sempre! Vocês foram vivificados em Cristo Jesus? A vida de Deus começou em sua alma e vocês têm prova disso? Sejam gratos por esta misericórdia indizível; nunca se esqueçam de falar da misericórdia de Deus. E assim como outrora sua vida fora dedicada ao pecado e prazeres do mundo, que agora seja gasta completamente nos cami­nhos de Deus; e abracem cada oportunidade de fazer e receber o bem. Qualquer oportunidade que tiverem, façam vigorosa e pronta­mente, não adiem. Ao ver alguém apressando-se para a destruição, usem o máximo dos seus esforços para detê-lo em seu curso. Mos­trem-lhe a necessidade de arrependimento, e que sem isso ele está perdido para sempre; não façam conta se ele os menosprezar; conti­nuem mostrando-lhe o perigo em que ele está. Se seus amigos zom­bam de vocês e os menosprezam, não deixem que o desanimem. Persistam, mantenham-se firmes até o fim, e assim vocês terão a co­roa que é imutável e não desvanece.

Deixem que o amor de Jesus por vocês os conservem humildes; não sejam orgulhosos, mantenham-se junto do Senhor, observem as regras que o Senhor Jesus Cristo deu em sua Palavra e não permitam que suas instruções se percam, as quais vocês são capazes de dar. Considerem que razão vocês têm para serem gratos ao Senhor Jesus Cristo por lhes dar o arrependimento do qual vocês necessitavam; um arrependimento que opera pelo amor. Hoje vocês encontram mais prazer andando com Deus uma hora, do que em todas as delícias carnais anteriores e todos os prazeres do pecado. A alegria que vocês sentem na alma — alegria que todos os homens deste mundo e todos os demônios do inferno, ainda que se unam, não podem destruir. Então não temam a ira ou malícia deles, pois por muitas tribulações temos de entrar na glória.

Mais alguns dias, semanas ou anos e vocês estarão além do alcan­ce deles. Vocês estarão na Jerusalém celestial; ali tudo é harmonia e amor, tudo c alegria e regozijo; o cansado encontra repouso. Hoje temos muitos inimigos, mas na morte eles todos estão perdidos; eles não nos podem seguir além do sepulcro; e este é um grande incenti­vo para nós não considerarmos o escárnio e zombaria dos homens deste mundo.

Que o amor de Jesus esteja continuamente em seus pensamentos. Foi sua morte que lhes trouxe vida; foi sua calcificação que expiou seus pecados; sua morte, sepultamento e ressurreição completaram a obra; e agora Ele está no céu e intercede por vocês à mão direita do Pai. E podem vocês fazer muito pelo Senhor Jesus Cristo, que fez tanto por vocês? Seu amor por vocês é insondável. Ó, a altura, a profundida­de, o comprimento e a largura deste amor, que trouxe o Rei da glória do seu trono para morrer por nós, quando tínhamos agido tão cruel­mente contra Ele e merecíamos nada mais que a condenação eterna. Ele desceu e tomou em si nossa natureza; Ele se fez carne e habitou entre nós; Ele morreu por nós; Ele pagou nosso resgate. Com certeza isto deveria nos fazer amar o Senhor Jesus Cristo; deveria nos fazer regozijar nEIe, e não como muitos fazem e nós mesmos temos muitas vezes feito, crucificar este Jesus de novo. Vamos fazer tudo o que pu­dermos, meus queridos irmãos, para honrá-lo.

Venham, todos vocês, venham e vejam Ele estendendo a mão para vocês; vejam as mãos e os pés pregados na cruz. Venham, ve­nham, meus irmãos, e preguem seus pecados ali; venham, venham e vejam o lado dEle que foi furado; há uma fonte aberta para o pecado e para a impureza; lavem, lavem e fiquem limpos; venham e vejam a cabeça dEle coroada com espinhos — e tudo por vocês. Vocês conse­guem pensar num Jesus ofegante, sangrento e agonizante e não ficar cheios de piedade por Ele? Ele sofreu tudo isso por vocês. Venham a Ele pela fé; tomem posse dEle; há misericórdia para cada um de vocês que for a Ele. Então não demorem; corram para os braços deste Jesus e vocês serão limpos no seu sangue.

O que lhes direi para fazê-los irem a Jesus? Eu tenho lhes mostrado as conseqüências terríveis do não arrependimento de pecados; e se, depois de tudo o que eu disse, vocês decidirem persistir, seu sangue lhes será requerido das suas próprias mãos; mas espero coisas melho­res de vocês, e coisas que acompanham a salvação. Rogo-lhes que orem fervorosamente pela graça do arrependimento. Pode ser que nunca mais eu veja o rosto de vocês novamente; mas no Dia do Julgamento eu os encontrarei. Lá. vocês ou bendirão a Deus por terem sido movi­dos ao arrependimento; ou então este sermão, embora feito num cam­po, servirá de pronta testemunha contra vocês. Arrependam-se, arre­pendam-se, então, meus queridos irmãos, como João Batista e nosso próprio bendito Redentor veementemente exortaram, e voltem-se de seus caminhos maus e o Senhor terá misericórdia de vocês.

Mostra-lhes, Pai, em que eles te ofenderam; faze-os ver a própria vileza, e que eles estão perdidos sem o verdadeiro arrependimento. Concede-lhes este arrependimento; nós te pedimos que eles se vol­tem do pecado a ti, o Deus vivo e verdadeiro. Estas coisas e tudo o mais que tu consideres necessário para nós, pedimos que tu nos dês, por causa do que o querido Jesus Cristo fez e sofreu; a quem, contigo e o Espírito Santo, três Pessoas e um Deus, sejam atribuído, como é altamente devido, todo o poder, glória, força, majestade e domínio, agora, doravante e para sempre. Amém.

FONTE WWW.RESSURREIÇÃO.COM