William S. Plumer (1802-1880) foi um ministro presbiteriano norte americano, graduado pela Universidade de Princeton. Foi um escritor prolífico e, em seus dias, era conhecido como um vigoroso pregador do Evangelho. Acerca de Plummer, foi dito que "...era, acima de todos os demais de sua época, são na doutrina, perscrutador na experiência e realista na prática".
Em todas as épocas, desde que nossos primeiros pais
foram expulsos do Jardim do Éden, Deus tem insistido no arrependimento. Entre os patriarcas, Jó disse: "Por isso,
me abomino e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42.6). Sob a vigência da
Lei, Davi escreveu os salmos 32 e 51. João Batista clamou:
"Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mt 3.2).
Cristo declarou a respeito de Si mesmo que viera "chamar... pecadores ao
arrependimento" (Mt 9.13). Pouco antes de sua ascensão, Cristo ordenou
"que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a
todas as nações, começando de Jerusalém" (Lc 24.47). E os apóstolos
ensinaram a mesma doutrina, "testificando tanto a judeus como a gregos o
arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus" (At 20.21).
Portanto, qualquer sistema de religião entre os
homens que não inclua o arrependimento é falso. Matthew Henry disse: "Se o
coração do homem tivesse permanecido reto e puro, as consolações divinas seriam
recebidas sem essa dolorosa operação precedente. Mas, visto que o coração do
homem é pecador, tem de ser primeiramente quebrantado, antes de receber paz;
tem de labutar, antes de obter descanso. Para haver a cura, a ferida precisa
ser examinada. A doutrina do arrependimento é uma doutrina correta do
evangelho. Não somente o austero João Batista, que foi considerado um homem
melancólico e pessimista, mas também o amável e gracioso Jesus, cujos lábios
transbordavam doçura, pregou o arrependimento".
Embora o arrependimento seja um dever óbvio e
freqüentemente ordenado, só pode ser realizado de modo verdadeiro e eficaz pela
graça de Deus. É um dom do céu. Paulo orientou Timóteo a instruir, com mansidão,
aqueles que se opunham, na expectativa de que Deus lhes concedesse "o
arrependimento para conhecerem plenamente a verdade" (2 Tm 2.25). Cristo
foi exaltado como Príncipe e Salvador, "a fim de conceder... o
arrependimento" (At 5.31). Assim, quando os gentios foram introduzidos na
igreja, esta glorificou a Deus, dizendo: "Logo, também aos gentios foi por
Deus concedido o arrependimento para vida" (At 11.18).
Tudo isso está de acordo com o tom das promessas do
Antigo Testamento. Ali, Deus afirmou que faria essa obra em e por nós. Ouça
esta graciosa promessa: "Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós
espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.
Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis
os meus juízos e os observeis" (Ez 36.26-27)... O verdadeiro
arrependimento é uma misericórdia especial da parte de Deus. DEUS nos
dá o arrependimento, pois este não procede de nenhum outro. É impossível para a
natureza caída recuperar-se a si mesma, por suas próprias forças, assim como é
impossível arrepender-se verdadeiramente. O coração está preso aos seus
próprios caminhos e justifica sua vida pecaminosa com obstinação incurável, até
que a graça opera a mudança. Motivos para fazer o bem não são suficientemente
fortes para vencer a corrupção no coração natural do homem. Se devemos alcançar
esta bênção, isso deve ocorrer pela ação do grande amor de Deus por homens
perdidos.
O arrependimento é bastante lógico... Quando somos
chamados ao exercício de deveres que relutamos em cumprir, nos convencemos
facilmente de que tais deveres são cobrados de nós insensatamente. Portanto,
sempre é proveitoso que tenhamos um mandamento de Deus compelindo nossa
consciência, em qualquer dos casos. É verdadeiramente benéfico que Deus fale
conosco de modo autoritário quanto a este assunto. Deus "notifica aos
homens que todos, em toda parte, se arrependam" (At 17.30). A base da
ordem é o fato de que todos os homens, onde quer que estejam, são pecadores.
Nosso bendito Salvador não tinha pecado. Ele não podia se arrepender. Com essa
única exceção, desde a Queda, nunca existiu qualquer pessoa justa que não
necessitasse de arrependimento. E ninguém é mais digno de compaixão do que os
homens infelizes e iludidos que não vêem em seu coração nada do que se
arrependerem.
O que é o verdadeiro arrependimento? Essa é uma pergunta da mais elevada
importância. Merece a nossa melhor atenção. Esta talvez seja a melhor definição
já apresentada: "O arrependimento para a vida é uma graça salvadora, que o
Espírito Santo e a Palavra de Deus operam no coração de um pecador; é uma graça
por meio da qual o pecador, motivado por senso e percepção, e não somente pelo
perigo, bem como por causa da impiedade e do ódio para com seu pecados, com
base na apreensão da misericórdia de Deus, em Cristo, para com aqueles que se
arrependem, sente tanta tristeza e odeia tanto o seu pecado, que se volta deles
para Deus, intencionando e se esforçando continuamente para andar com Ele em
todos os caminhos de uma nova obediência". Quando examinamos mais
completamente essa definição, torna-se evidente que ela é correta e bíblica. O
verdadeiro arrependimento é uma tristeza pelo pecado, um tristeza que leva a
transformação. O simples remorso não é arrependimento, assim como não o é a
reforma exterior. O arrependimento não é uma imitação da virtude; é a
própria virtude...
Aquele que se arrepende verdadeiramente sente
tristeza por seus pecados; aquele cujo arrependimento é espúrio se
preocupa principalmente com suas conseqüências. O primeiro se
entristece principalmente por haver praticado o mal; o
segundo, por ter incorrido no mal. Um lamenta e admite que
merece punição, o outro lamenta que tenha de sofrer punição. Um aprova a Lei
que o condena; o outro acha que é tratado com severidade e que a Lei é
rigorosa. Para aquele que se arrepende com sinceridade, o pecado parece
bastante pecaminoso. Para aquele que se entristece segundo o mundo, o pecado
parece agradável, de algum modo; ele lamenta que o pecado lhe seja proibido. Um
diz que pecar contra Deus é algo perverso e terrível, ainda que não lhe
sobrevenha punição. O outro veria pouco mal na transgressão, se não houvesse as
dolorosas punições que certamente a acompanham. Um desejaria ser libertado do
pecado, ainda que não existisse o inferno. O outro pecaria com avidez
crescente, se não houvesse retribuição.
O verdadeiro arrependimento é adverso ao pecado,
pois este é uma ofensa contra Deus. E isso se refere a todos os
tipos de pecados. Contudo, pode-se observar que há duas classes de pecado que
permanecem com grande vigor na consciência daqueles cujo arrependimento é
verdadeiro. São os pecados de omissão e os pecados secretos. Por outro lado, em
um arrependimento espúrio, a mente inclina-se a permanecer em pecados notórios
e pecados de comissão. A pessoa verdadeiramente arrependida conhece a praga de
um coração mau e de uma vida infrutífera; a pessoa de arrependimento falso não
se inquieta a respeito do estado genuíno de seu coração, mas se entristece com
o fato de que as aparências lhe são bastante contrárias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
SE VOCÊ LEMBRA DE ALGUM HERÓI DA FÉ QUE NÃO FOI MENCIONADO, POR FAVOR MANDE UM E-MAIL PARA Gelsonlara@sbcglobal.net