EDMÉIA WILLIAMS
Igreja Anglicana
Responsável há 27 anos por um projeto social no Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, ela critica a institucionalização da fé que faz com que as igrejas recaiam na prática comercial. “Vira uma igreja indiferente, ignorante” (Foto: Andre Arruda/ÉPOCA)
Vigorosa aos 73 anos, Edméia Williams cuida, há 27, da Casa de Maria e Marta. Das 7 da manhã às 5 da tarde, a casa atende diariamente 98 crianças do Morro Dona Marta, oferecendo-lhes refeições, aulas de reforço escolar, informática, música e canto, além de material didático e roupa. O custo mensal de R$ 30 mil é bancado com doações obtidas por Edméia. O objetivo é que as crianças tenham acesso ao que não têm em casa, ganhem oportunidades de se desenvolver e, assim, consigam se desviar de um destino de violência.
A missionária Edméia faz parte do contingente de “novos luteros”. Seguidora de uma igreja que reúne no Brasil apenas 50 mil fiéis, sobretudo de classe média, Edméia é uma anglicana numa favela – nicho normalmente ocupado pelos pentecostais que tratam de abrir, nesses bolsões de pobreza, seus templos. Edméia não tem uma igreja no morro – e seu trabalho não pretende recrutar novos fiéis. Ela quer que as famílias beneficiadas por seu projeto sejam livres para fazer suas opções religiosas. Dissociada do bloco “gospel”, Edméia é crítica de um sistema que, segundo ela, chama as pessoas para serem “membros de igrejas, mas não seguidores de Cristo”. A institucionalização da fé, afirma, faz com que a igreja caia na soberba e na prática comercial. “Vira uma igreja indiferente, ignorante”, diz. “Detesto o termo evangélico. Dizem que o Rio de Janeiro tem mais de 20% de evangélicos na população, mas se tivesse 5% de discípulos de Jesus seria outra coisa.” Para Edméia, o que a fé cristã exige do fiel está no livro de Miqueias, no Antigo Testamento: “O que Deus quer de ti, homem? Que pratiques a justiça, que ame a misericórdia e que andes com integridade”.
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