“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança, domínio
próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gálatas
5:22,23).
22. Mas o fruto do Espírito. Justamente como havia condenado toda
a natureza humana como nada produzindo senão frutos nocivos e indignos, agora
nos diz que todas as virtudes, todas as boas e bem ordenadas afeições procedem
do Espírito, ou seja, da graça de Deus e da natureza renovada que recebemos de
Cristo. Como se houvera dito: “Nada, senão o
mal, procede do homem; nada de bom pode proceder senão do Espírito Santo”.
Pois ainda que às vezes surjam nos homens não regenerados notáveis
exemplos de nobreza, fidelidade, temperança e generosidade, o fato é que não
passam de marcas ilusórias. Curio e Fabricio foram famosos por sua coragem;
Cato, por sua temperança; Scipio, por sua bondade e generosidade; Fabio, por
sua paciência. Mas tudo isso era apenas aos olhos dos homens e como membros da
sociedade. Aos olhos de Deus, nada é puro senão o
que procede da fonte de toda a pureza.
Não tomo alegria, aqui,
no sentido de Romanos 14:17, mas como aquele bom humor [hilaritas] para com
nossos companheiros, o qual é o posto de melancolia. Fé é
usada para verdade, e é contrastada com astúcia, engano e falsidade. Paz contrasto
com rixas e contendas. Longanimidade é a suavidade da mente, a
qual nos dispõe a levar tudo com otimismo, não permitindo a suscetibilidade. O
restante é óbvio, pois a condição da mente se abre a parte de seu fruto.
Pode-se perguntar, porém, que juízo formaremos dos perversos e idólatras que,
não obstante, exigem extraordinária semelhança de virtudes. Pois pelo prisma de
suas obras parecem espirituais. Eis minha
resposta: nem todas as obras da carne despontam numa pessoa carnal; mas sua
carnalidade é exibida por um ou outro vício; assim como uma pessoa não pode ser
tida como espiritual pelo prisma de uma única virtude. Às vezes se fará óbvio à
luz de outros vícios que a carne reina em tal pessoa; e isso é facilmente visto em todos aqueles a quem mencionamos.
23. Contra tais coisas não há lei. Há quem entenda isso como significando simplesmente que a lei não é dirigida contra as boas obras, visto que das boas maneiras têm emanado boas leis. Mas a intenção de Paulo é mais profunda e menos óbvia, ou seja: onde o Espírito reina, a lei não mais exerce qualquer domínio. Ao modelar nossos corações segundo sua própria justiça, o Senhor nos liberta da severidade da lei, de modo que não trata conosco segundo o pacto da lei, nem obriga nossas consciências sob sua condenação. Não obstante, a lei continua a exercer seu ofício de ensinar e exortar. Mas o Espírito de adoção nos livra da sujeição a ela devida. Paulo, pois, ridiculariza os falsos apóstolos, os quais forçavam a sujeição à lei, mas que ninguém estava mais ansioso do que eles para livrar-se do jugo dela.
Paulo nos diz que a única forma pela
qual isso se faz possível é quando o Espírito de Deus assume o domínio. À luz desse fato, segue-se que eles não se preocupavam com a justiça
espiritual.
João Calvino, Extraído do comentário de Gálatas de João Calvino, publicado pela
Editora Paracletos, páginas 170 e 171. Acervo monergismo.com
Postado por Nilson Mascolli Filhoàs
frases de joão calvino
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