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7 de outubro de 2013

Robert Kalley. - Missionário escocês pioneiro no Brasil



Robert Kalley
Kalley no Brasil
Depois que sua primeira esposa, Margareth Kalley, falecera em 1851, casou-se no ano seguinte com Sarah Poulton e partiu para os Estados Unidos. Nos anos 1853-1854 ficou ministrando os refugiados madeirenses naquela nação. Enquanto nos Estados Unidos, impressionou-se com o Brasil através do livro Reminiscências de viagens e permanências nas Províncias do Sul e Norte do Brasil (pub. em 1845), do Rev. Daniel Parrish Kidder, que estivera no Brasil, onde distribuiu Bíblias.

Em 10 de maio de 1855 chegou ao Rio de Janeiro e subiu para morar em Petrópolis, na residência do Embaixador Americano. Numa tarde de Domingo, a 19 de agosto de 1855, Kalley e sua esposa instalaram em sua residência a primeira classe de Escola Dominical, contando com cinco crianças, filhos de cidadãos americanos. Foi contada a história do profeta Jonas.

Kalley escreveu para Jacksonville pedindo auxílio, vindo Wiliam Pitt, um inglês educado por D. Sarah na Inglaterra, Francisco de Souza Jardim e família, Manuel Fernandes e esposa e Francisco da Gama e família.

Kalley batizou o português José Pereira de Souza Louro em 8 de novembro de 1857. No dia 11 de julho de 1858 organizou a Igreja Evangélica Fluminense, uma igreja evangélica brasileira, sem nenhum vínculo com denominações até então existentes. Foi organizada com 14 membros, sendo batizado naquele dia o primeiro brasileiro Pedro Nolasco de Andrade.

Apesar de ter sido batizado na Igreja da Escócia (presbiteriana), Kalley não possuía vínculos com nenhuma denominação. Em certa ocasião Kalley escreveu: "eu não sou presbiteriano e nem estou em contato com qualquer tipo de igreja - sou irmão de qualquer cristão independente de sua denominação". Neste ponto, suas crenças eram bem parecidas com a dos Irmãos de Plymouth (Casa de Oração), que, no Brasil, teve origem na mesma Igreja Evangélica Fluminense. Em outros pontos, como atestado pelo Dr. Kalley no folheto "Darbismo", ele discordava dos Irmãos de Plymouth, por exemplo quanto ao Dispensacionalismo, doutrina a qual se opunha radicalmente.

Ao estabelecer igrejas no Brasil, Kalley se afastou da tradição presbiteriana, rígida em matéria de organização eclesiástica, e introduziu, quanto à forma de governo, uma estrutura congregacionalista, onde cada igreja local é independente e autônoma.

Além disso, Kalley deixou também a prática do batismo infantil, que é realizado tanto por presbiterianos quanto por congregacionais. Acerca do batismo infantil, Kalley escreveu: "As condições essenciais para o batismo eram duas: a) entender claramente a mensagem; b) de coração aberto, aceitá-la. Fé em exercício e alegria inteligente eram os pré-requisitos deste rito cristão - totalmente nulos nos recém-nascidos". Essa rejeição ao batismo infantil distanciava as igrejas que fundara de serem classificadas tanto de presbiterianas como de congregacionais. Por isso, algumas pessoas identificaram as igrejas que Kalley fundou como batistas. Quando o missionário William Bowers foi enviado ao Recife para pastorear a Igreja Evangélica Pernambucana, por um equívoco foi divulgado que ele estava sendo ordenado para o pastorado de uma igreja batista. Acerca disso Kalley se pronunciou e escreveu enfaticamente demonstrando sua desaprovação:

"Desde o início o nome da igreja tem sido, 'Igreja Evangélica', e ela é filha da Igreja Evangélica do Rio, e nenhuma das duas têm sido igrejas batistas… Eu não sou batista; não tenho nada a ver com diferenças denominacionais… Eu sabia que ele [Bowers] foi batizado como crente e que se opõe ao batismo de crianças. Eu sabia que ele não considera a imersão como essencial ao batismo cristão em água, e me dispus a conduzi-lo ao pastorado da igreja sem nenhuma inovação, e fiquei feliz por poder ajudá-lo a ir e trabalhar como ministro cristão (como eu sempre tenho sido), sem restrições denominacionais"





Era dessa forma que Kalley definia a si mesmo: um ministro cristão, sem restrições denominacionais. Ainda acerca da Igreja Evangélica Pernambucana, Kalley escreveu em outra ocasião:

"A Igreja Evangélica Pernambucana não pertence a nenhuma denominação estrangeira; não é presbiteriana porque esta considera válido o batismo romano e pratica o batismo de crianças; aproxima-se mais da denominação batista, mas prefere ter a liberdade de admitir à comunhão qualquer crente fiel e obediente ao Senhor… É, pois, uma igreja evangélica brasileira".

As igrejas fundadas por Kalley não tinham qualquer vínculo pelo qual pudesse se estabelecer uma continuidade histórica em relação a qualquer tradição denominacional até então existente. Eram igrejas com uma identidade própria, peculiar.

Kalley voltou para a Escócia em 10 de julho de 1876. Foi sucedido por João Manoel Gonçalves dos Santos no pastorado da Igreja Evangélica Fluminense e elaborou uma súmula doutrinária composta por 28 artigos conhecida como "Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo", documento cujo propósito era o de ser o que seu próprio nome expressa: breve e fundamental. O próprio Kalley afirmou: "A Breve Exposição não contém todo o ensino apostólico, mas somente as doutrinas fundamentais do Cristianismo, sobre as quais todos os crentes devem ter um conhecimento claro e inteligente, para, na frase do apóstolo S. Pedro (I Pe 3:15), estardes aparelhados para responder a todo o que vos pedir razão daquela esperança que há em vós".

Como salienta Joyce Every-Clayton, a "ênfase na importância das doutrinas essenciais do Cristianismo sempre foi típica de Kalley". E o historiador presbiteriano Alderi Souza de Matos destaca: "A teologia de Kalley pode ser descrita como um tipo de evangelicalismo amplo". Quanto à Breve Exposição, o mesmo autor afirma: "a maior parte dos artigos poderiam ser aceitos por qualquer evangélico, reformado ou não. Os elementos específicos do calvinismo, tais como a soberania de Deus, a eleição divina e a perseverança dos santos, não são enfatizados".

Os Kalley ficariam no Brasil por 21 anos, atuando como missionários e cuidando de enfermos.

Foi apenas em 1913 que as igrejas kalleyanas se reuniram para a formação de um ente associativo chamado União das Igrejas Evangélicas Interdenominacionais. Mais tarde, seria inserida a designação Congregacional como indicação da forma de governo pelo qual essas comunidades eclesiásticas eram regidas, mas sem que houvesse uma identidade histórica com os Congregacionais britânicos e norte-americanos. Assim surgiu a atual União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.



O Legado dos Kalley
Muitos dos madeirenses protestantes perseguidos iriam fundar nos anos seguintes novas comunidades no estrangeiro, sobretudo presbiterianas. Sobretudo nos Estados Unidos, no Brasil e nas ilhas de Trindade e Tobago. Destas comunidades vieram alguns missionários para Portugal, tendo sido fundada em 1870 a Igreja Presbiteriana de Lisboa de sendo o seu primeiro pastor António de Matos, um dos convertidos por Kalley no Funchal.

Kalley foi também aquele que conseguiu plantar o Cristianismo Evangélico de forma definitiva no Brasil. Seu trabalho influenciou outros missionários a trabalharem no Brasil, contribuindo para a construção do protestantismo no país, onde hoje conta com aproximadamente trinta milhões de aderentes.

fonte: Rocha de Israel


jornal o cristão

"Este impressionante jornal evangélico começou a circular no Brasil em 1892" 

Assim, no dia 20 de janeiro de 1892, aparece o seu primeiro número. O artigo de apresentação, embora sem assinatura, é da autoria do Dr. Nicolau Ricardo Soares do Couto Esher. Dele destacamos: “O seu único fim é a extensão da Palavra Divina na Pátria Brasileira, mas e principalmente, na Capital Federal, onde o indiferentismo por tudo quanto concerne a religião, avassala completamente toda a população...Venham de onde vierem. Aceitaremos com prazer todos aqueles escritos que se propuserem a combater o erro, a imoralidade, a indiferença, o vício, a incredulidade e a espalhar a Palavra de Deus; a lutar, enfim, pela Santa Religião de Nosso Senhor Jesus Cristo..."Continha oito páginas, e seu formato 15x21cm. Seus colaboradores, os Revs. João Manoel Gonçalves dos Santos, Américo Vespúcio Cabral e o Dr. Antonio Marques.Também nesse primeiro número, encontramos um artigo intitulado “Nosso Pais", cujo teor bem retrata a preocupação que os dirigentes de “O Cristão” demonstravam em relação a sua Pátria: ...Se algum dia o Brasil teve necessidade de orarmos pelo seu bem-estar, esta se oferece hoje. Portanto, irmãos e amigos, não percamos tempo e oremos pela paz interna, pelo Evangelho e que ele se estenda por toda a República e que este nosso Pais venha a ser muito próspero: e principalmente oremos por todos os que estão elevados em dignidade, como diz S. Paulo na 1ª Epístola a Timóteo, 2 v.1 e 2. Logo abaixo, foi transcrito, na íntegra, o hino “Divino_ Salvador! contempla com favor nosso País” (S&H 627 5ª Ed.).. Publicou várias traduções de excelentes livros, dentre os quais, "As catacumbas de reforma", “Diálogo entre um Católico e um Protestante”, “Preparação de Professores da Escola Dominical”, “A Segunda Vinda de Cristo” e “Alegria da Casa”, este, da autoria de D Sarah Poulton Kalley.Desde a sua fundação ate dezembro de 1913, permaneceu como propriedade da família Fernandes Braga.


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