Thomas
Chalmers (1780-1847)
Thomas Chalmers (1780-1847) foi o mais famoso dos
grandes pregadores que a Escócia
produziu. Chalmers está agora reduzido a uma mera nota de rodapé no
Evangelicalismo americano, uma triste recordação
deste inigualável Scoth.
Chalmers e seu mais conhecido sermão
O Expulsivo poder
de uma nova afeição
O intuito desta mensagem é rejeitar o moralismo, e fugir para o
Evangelho, que é a nossa única esperança na vida e morte, deixando o poder
transformador do Evangelho nos mudar, e não as nossas vãs tentativas de
"ser bom".
"Não ameis o mundo, nem as
coisas que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está
nele. "- 1 João 2:15
Um moralista não terá êxito em deixar
o seu Amor pelo Mundo. Amores mundanos precisam ser substituídos pelo
poder muito maior do amor de Cristo demonstrado no Evangelho.
Há duas maneiras em que um moralista hipócrita
pode tentar tirar de seu coração o amor que ele tem pelo mundo.
1- Tentar tirar
o mundo de sua mente e de sua vida, provando para si mesmo que o mundo jaz no
maligno
2- Estabelecer um outro amor concorrente ao amor pelo
mundo que é o amor ao próprio Deus, isto é trocar o amor antigo pelo amor novo.
Meu objetivo aqui é mostrar, que por
causa de nossa natureza, o primeiro método é totalmente incompetente e ineficaz
e jamais cumprirá o seu propósito de resgatar o coração do caminho errado.
Depois de ter realizado este
propósito, vou tentar algumas observações práticas.
O amor pode ser considerado em duas
condições diferentes.
A primeira é que, quando ele o amor é semelhante ao desejo.
A segunda é, quando o amor é indulgente.
Sob o impulso do desejo, o homem corre
para a sua satisfação. As faculdades da sua mente são colocadas na direção
constante da realização de conseguir aquilo que ele gosta e admira; e os
poderes do seu corpo estão muito longe de uma indolência, podendo ele passar
por longas horas de cansaço e desgosto,
sem contudo desanimar, pois tem em sua mente que o esforço pelo sacrifício vale
a pena.
De
maneira que, se, caso o objeto de desejo fosse removido é como que
se o motor da máquina fosse desligado, e
todo o sistema carnal fosse danificado e
perdesse o seu poder sobre o homem.
A miséria de tal condição é muitas
vezes explicada por
quem é aposentado das suas ocupações. Tal
é a demanda da nossa natureza por um sonho de consumo, que depois que o
próspero comerciante, o rico empresário chegam ao fim de suas carreira e se
aposentam, começam a definhar, ficar doentes e terem depressão. Não há mais por
que levantar cedo e trabalhar até a noite, pois
o amor pelo objeto de desejo acabou.
É vão e tolo todo esforço de tentar
tirar um ideal de alguém sem fornecer outro que fique em seu lugar. Alguém que
é apaixonado por carros, não vai deixar de ser se outra paixão não surgir em
seu lugar.
Apresentar um novo amor, um novo
afeto é sempre melhor do que simplesmente tentar abandonar uma velha afeição.
Tentar acabar com um amor por algo errado sem suplantá-lo por algo melhor nunca é sábio
O poder ascendente de um segundo
carinho vai fazer, o que nenhuma exposição da loucura e inutilidade do
primeiro, jamais poderia efetuar.
E é do mesmo jeito que devemos lutar
contra o amor pelo mundo em nosso coração.
É bastante em vão tentar fazer um
homem parar de amar o mundo, sem dar a ele um outro amor maior e mais
prazeroso.
Não basta, portanto, dissipar o
encanto do mundo, por uma palavra eloqüente, apontando todos os seus erros e
perigos. Temos que fazer o olho da alma se voltar para um outro objeto, com
um encanto poderoso o suficiente para
desapropriar todas as qualidades daquele primeiro amor doente e contaminado.
Por isso todo o discurso sobre a insignificância
do mundo é patético se não apresentarmos algo que possa ter mais significado,
algo que possa valer mais a pena do que o mundo e os seus desejos.
Então o desejo presente de apego
pelas coisas desta terra, não é para ser eliminado simplesmente e destruído, mas deve ser substituído por outro
outro desejo melhor.
Estas observações não se aplicam
apenas ao amor considerando o seu estado de desejo por um objeto ainda não obtido,
mas também se aplica ao amor considerado em seu estado de indulgência, ou gratificação
plácida, com um objeto já adquirido.
O que não pode ser destruído pode ser
desapossado
e um gosto pode dar lugar a outro, e
perder o seu domínio de afeição na mente.
Por isso, a juventude deixa de
idolatrar o prazer, porque o ídolo da
riqueza tornou-se o mais forte e obteve a ascensão em seu coração e depois até mesmo o amor ao dinheiro deixa de ter o
domínio sobre o coração de muitos, quando é arrastado por propensões políticas
ou pela fama. Outra afeição foi forjada em seu sistema moral.
Quando um prazer é arrancado de nosso
coração e outro prazer não é colocado em seu lugar, ele deixa um vazio e um buraco tão doloroso para a
mente, como a fome é para o sistema natural. A pessoa passa ter a sensação
de abandono e tristeza e de que ele estaria vivendo para nada, sem razão de viver e o peso de sua própria consciência, deixariam a
sua vida intolerável.
O CORAÇÃO PRECISA TER ALGO EM
QUE SE AGARRAR ou nunca, por seu próprio
consentimento vai se livrar de suas antigas paixões.
A indulgente falta de interesse pelas
coisas, o viver sem um ideal, o caminhar sem ter um sonho, produzem grande
miséria em um coração, assim, desprovido
de todo o gosto por aquilo que antes tinha e agora se acabou, a vida dessa
pessoa vai se tornando cada vez mais entediada, a ponto dele perder o amor pela
vida, ainda que seja um mundano. Quando um mundano consegue tudo o que quer e
não consegue amar apaixonadamente coisa alguma, então o que resta para ele é a
depressão, a loucura, o isolamento ou em casos mais graves o suicídio. A ÚNICA
ESPERANÇA PARA ALGUÉM ASSIM É ENCONTRAR UM NOVO AMOR.
A doença de tédio é a mais freqüente
na metrópole francesa, onde diversões são exclusivamente a ocupação das classes
mais altas, do que é na metrópole britânica, onde os anseios do coração são
mais
Diversificados pela variedade de negócios e na
política.
Há aqueles, por exemplo, que são consumistas de roupas e calçados.
Depois de se tornarem vítimas dessa paixão, chegará um dia em que comprar roupas e
calçados não mais os satisfarão porque foi finalmente extinto o poder de apreciação e
gratificação que aquelas compras lhes
proporcionavam. Então eles falarão como Salomão que “tudo é vaidade e aflição”
O homem cujo coração assim foi
transformado em um deserto, pode atestar a dor insuportável que deve acontecer,
quando a afeição por alguma coisa é arrancada de sua vida, sem que seja colocada outra
para substituí-la.
Não é necessário que um homem tenha
uma vida de miséria e dor a fim de se
tornar infeliz. É apenas suficiente
ele perder o amor pelas coisas pela qual ele luta e trabalha para conquistar,
que a sua própria natureza se encarregará de levá-lo ao lugar do desespero da
alma.
A palavra de Deus nos ensina
figurativamente que um quando um homem forte, faz residência em um lugar não se
afastará do lugar que conquistou a menos
que outro mais forte do que ele, venha e
o tire de lá.
Você já ouviu falar que a natureza
abomina o vácuo. Assim também é a natureza
do coração, que quando se depara por uma perca de algo que lhe é estimado,
entra em um processo de morte emocional, muitas vezes fatal.
Então, para arrancar o domínio
de um vício, de um pecado oculto ou de um mau hábito em nosso coração a única
maneira é arrumar um poder mais forte que o vício, que o pecado oculto e que o
mal hábito para desalojar a paixão antiga e SUBSTITUÍ-LA POR UM NOVO AMOR.
O mundo é o lar do homem natural, que
ainda não nasceu de novo. Ele não tem um gosto nem um desejo que não aponte
diretamente para o sistema mundano. Não há absolutamente nada espiritual em um homem nascido de Adão.
Tudo o que ele ama e deseja estão na
esfera deste mundo. Ele não ama nada acima dele, e ele não se preocupa com
nada além dele; e dizer para ele parar de amar o mundo, é como passar uma sentença de
expulsão
em todos os seus desejos e sonhos
internos.
Para estimar a magnitude e a
dificuldade de tal entrega, vamos pensar apenas na árdua missão que vamos ter
em convencer um homem não cristão a para de amar as riquezas, que são apenas uma das coisas do
mundo. Seria como pedir a ele para por fogo em sua própria casa. Evidentemente
que jamais ele iria concordar com tal idéia ainda que fosse para salvar a sua
vida, ele ainda iria se relutar em seu interior. Mas, ele faria isso de
bom grado, se lhe fosse garantido que teria uma nova propriedade de valor dez
vezes maior da que tinha atualmente.
Não é suficiente apenas compreender a
inutilidade do Mundo; Mas deve o discípulo valorizar a preciosidade das coisas
de Deus
O amor do mundo não pode ser apagado
por uma mera demonstração da inutilidade do mundo.
Mas ele será apagado quando a
dignidade e sublimidade do amor de Cristo for claramente demonstrada.
O coração não pode ser levado a cortar
relações com o mundo, através de um simples ato de renúncia.
Se existe um trono no EGO, ele deve
ter um ocupante, um tirano que até agora
reina e ocupa injustamente o centro de todo coração incrédulo, e o nome dado a
este ser é “ homem natural, carne, velho homem, velha natureza, natureza não
regenerada, ego, vontade própria” entre outros.
E este tirano não sairá de lá se
simplesmente receber uma ordem, ainda que seja uma ordem com autoridade
espiritual. Mas quando surgir na mente humana a certeza e a convicção de que um
novo Senhor e Rei, com muito mais capacidade, excelência, sabedoria e poder
pode reinar sobre nossas vidas então a fé se torna viva e o homem começa a dar
lugar para Deus reinar em seu coração.
Então o Espírito Santo começará a
expulsar o velho morador e destruir o velho coração, colocando um NOVO EM SEU
LUGAR.
Por isso o amor por Deus e o amor pelo
mundo são irreconciliáveis. E essa verdade, irá sempre desencadear o encanto
que acompanha a pregação eficaz do evangelho. O amor de Deus e o amor do
mundo, são duas afeições, não apenas em um estado de rivalidade, mas em um
estado de inimizade e que são tão inconciliáveis, que eles não podem habitar
juntos no mesmo coração.
Então, temos que a expulsão do amor pelo
mundo em nosso coração, surge em primeiro lugar no processo de regeneração
espiritual. Isto é, quando o nosso
espírito é libertado da escravidão do pecado e da morte através da fé que há em Cristo Jesus, o Espírito
de Adoção é derramado sobre nós, e então nosso coração, é colocado sob o
domínio do grande amor de Deus. E é esse domínio de Cristo que expulsa o amor
pelo mundo de nossa alma.
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