27 de agosto de 2013

PHILIPP JACOB SPENER FUNDADOR DO PIETISMO ALEMÃO


Philipp Jacob Spener,




Teólogo alemão considerado o pai do Pietismo, era um autodidata que cedo percebeu o fato da reforma não estar completada. Em sua vida, entrou em contato com importantes teólogos e seus livros, tendo estes exercido influência direta em suas obras posteriores.

Sendo seguidor de Lutero, seguiu  um pouco de sua doutrina, como a salvação e justificação concedidas pela graça de Deus, mediante a somente e todas as questões que foram essenciais à Reforma do século XVI. Achava o cristianismo de sua época muito decadente, pois os pastores e membros de suas igrejas eram muito acomodados e frios com relação à vida espiritual.

Também se considerava apto a continuar a Reforma de Lutero, passando a fazer pregações e reunindo os collegia pietatis, minúsculos grupos de pessoas que se propunham a estudar e debater a Bíblia. Com isso, surgiram os Movimentos de Comunhão do século XVII, que, apesar de não se desfiliarem das igrejas instituídas, contribuíram mais tarde para que emergissem o Pietismo Clássico, o Pietismo Radical, os Movimentos de Avivamento do século XIX nos Estados Unidos e o Movimento carismático do século XX.

Spener tinha em mente o fato de que não adiantava ir à igreja e viver dançando, indo ao teatro e participando de jogos. Que aqueles que tinham abraçado a fé cristã, mas tinham esfriado, tinham que ser levados a um renascimento, do contrário estariam perdidos. Suas idéias também tiveram início ao ler obras do teólogo J. Arndt e ao estudar com o professor Christian Danhauer na faculdade teológica de Estrasburgo.

Cronologia

Nascido em Rappoltsweiler na Alsácia no dia 13 de janeiro de 1635, treinado por uma madrinha devota que se utilizava de livros de devoção como "Arndt's True Christianity", Spener foi convencido da necessidade de uma reforma moral e religiosa no Luteranismo germânico.

Ele estudou teologia em Strasbourg, onde os professores da época (especialmente Sebastian Schmidt) tinham inclinação para o "Cristianismo prático" ao invés da disputa teológica. Ele posteriormente passou um ano em Genebra, e foi poderosamente influenciado pela rígida disciplina eclesiástica e pela vida moral estrita aí prevalescente, e também pela pregação e piedade do professor Antoine Leger e dos pregador jesuíta convertido ao protestasntismo Jean de Labadie.


O Pietismo , foi um movimento distinto na Igreja alemã, originando-se através de Spener que promovia reuniões religiosas em sua casa  em que pregava seus sermões, expondo passagens do Novo Testamento e induzindo os presentes a participar na discussão de questões religiosas que surgiram. Em 1675 publicou o Pia desideria ou , cujo título deu origem ao termo "Pietists".

Nesta publicação ele fez seis propostas como o melhor meio de restaurar a vida da Igreja:


1.  Sério e profundo estudo da Bíblia em reuniões privadas, em ecclesiolae ecclesia ( "igrejas dentro da Igreja");

2. O Cristianismo sendo o sacerdócio  universal, os leigos devem partilhar no governo espiritual da Igreja;

3. O conhecimento do Cristianismo deve ser alcançado através da prática;

4.               Ao invés de ataques aos incrédulos e heterodoxos , dar um tratamento simpático e gentil a eles;

5. Uma reorganização da formação teológica das universidades, dando maior destaque à vida devocional;

6.               Um estilo diferente de pregação, ou seja, no lugar de retórica agradável, a implantação do cristianismo, no interior ou novo homem, que é a alma da fé, devendo trazer frutos para a vida.



  • Este trabalho produziu uma grande impressão em toda a Alemanha e, embora um grande número de teólogos e pastores luteranos ortodoxos tenham sido profundamente ofendidos por Spener  em seu livro, as suas reivindicações foram admitidas e muito bem justificadas. Consequentemente, um grande número de pastores imediatamente adotaram as propostas de Spener.
  • fonte: http://personalidades-do-mundo.webnode.com.br

Peter Cartwright Grande pregador americano


Peter Cartwright (1785-1872)





Cartwright desenvolveu seu ministério entre os anos de 1803-1871, e foi o maior pregador de seu tempo. Ele pregou não menos de 25 mil vezes, e dirigiu encontros em acampamentos por 52 anos para cerca de 10.000 pessoas por encontro. Durante o tempo em que esteve atuando, o movimento metodista passou de 65.000 para dois milhões de seguidores.

Em relação à educação e formação teológica, foi um duro crítico. Observemos algumas de suas posturas:

- Censurou o treinamento teológico;

- Repudiou os seminários;

- Desprezou a aprendizagem nos livros;

- Zombou dos pregadores que falavam o inglês correto;

- Creditou o fracasso de algumas denominações ao treinamento teológico erudito;

- Criticou os pastores que pregavam lendo os sermões;

Texto extraído dos escritos de  Peter Cartwright

" Utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para

 toda boa obra," (2 Tm 2.21.)



Aqui, ó pai, está tua argila de moldar!


Põe teu torno a girar, a chiar e a operar.

Remove de mim, com tua hábil mão,

As aparas, as pedras, a palha e a areia.

E, com esta argila rendida a ti, cria um vaso !



           


Quando Deus quer burilar um homem,  em formas toscas de argila.

E fazê-lo executar a missão para o qual foi criado,  que só Deus compreende,
E capacita-lo; Enquanto o dorido coração chora,

Quando Deus quer moldar um homem,                 Erguendo as mãos em súplica.

Para que se torne um vaso de honra;   como Deus o enverga, sem quebrar,

Quando Deus deseja, de todo o coração,             Assumindo o controle da vida de alguém.

Criar um ser tão forte e corajoso, assim como Ele é!

Que deixe o mundo todo admirado,  e de como Deus usa a quem ele quer,                      

Observa o que ele faz, moldando-o a cada passo!

Os meios que emprega!  Cada um dos  atos  de Deus são sábios e perfeitos.

Ver como ele  aperfeiçoa esse homem é inspiração para todos!

Aquele a quem elege!  A conhecer mais do esplendor divino.

Vê como martela e o machuca,  Deus sabe o que está fazendo.e com golpes fortes o transforma, até ser formada nele a plenitude do varão perfeito, que é Cristo Jesus, o Senhor. 



                          -

ORLANDO BOYER Autor do livro HERÓIS DA FÉ




















 Orland Spencer Boyer (Conhecido como Orlando Boyer pelos Brasileiros) foi um pastor pentecostal, missionário, tradutor e escritor de livros evangélicos norte-americano. Seu livro mais conhecido, Herois da Fé, teve mais de 300.000 exemplares vendidos desde o seu lançamento.

Nascimento e a primeira viagem ao Brasil

Orland Boyer nasceu em Bedford, uma pequena cidade do sul do estado de Iowa, estado-unidense de predominância luterana, no dia 05 de março de 1893. Em 1927, chegou ao Brasil, indicado pelo Conselho Missionário da Igreja Unida em Cristo, denominação à qual pertencia.Foi casado com Ethel Beebe (casou-se em Março de 1914). Em Pernambuco, os Boyer passaram um ano estudando a língua portuguesa, aprimorando-se na maneira de falar com os nordestinos. Em Mata Grande, sertão de Alagoas, passaram quatro anos abrindo trabalhos. Boyer alcançou o domínio da língua nos diálogos com os brasileiros durante as viagens a pé ou a cavalo, como um evangelista. De Alagoas, seguiu para o Ceará. Pioneiramente, abriu trabalhos ao longo da via férrea em 14 localidades cearenses.

 


 Os missionários Virgil Smith e Bernhard Johnson, que também estavam no Brasil e eram de outra denominação, convenceu o casal Boyer a pregar a Bíblia no Brasil através da doutrina pentecostal. Em 1930, Virgil e sua esposa Ramona foram feitos reféns de Lampião e seu bando. Orlando Boyer foi comunicado que, para obter a libertação do amigo, teria de pagar uma elevada quantia. Em razão das dificuldades econômicas da época, Orlando Boyer conseguiu reunir apenas uma fração mínima da quantia exigida. Mesmo assim, ele foi ao encontro de Lampião, embora soubesse que corria perigo de morte. Ao chegar ao encontro dos cangaceiros.  Orlando Boyer se ajoelhou humildemente e sugeriu uma proposta ousada. Ao ouvir Smith falar que Jesus  sacrificou a si próprio para dar a vida à toda humanidade, o líder dos cangaceiros libertou o casal refém. Após o ocorrido, retornou aos Estados Unidos em maio de 1935. Lá, sua esposa recebeu o batismo pentecostal em uma reunião em Oklahoma. Pouco tempo depois, na igreja de Peoria, em Tulsa, ele fez o mesmo. Os dois se filiaram à Assembléia  de Deus em Oklahoma. Foi o Departamento de Missões da mesma igreja que os enviou novamente ao Brasil.




 Boyer recomeçou seu trabalho em Camocim, no Ceará, em 1938. Passou dez anos pregando no estado. Depois, rumou para Santa Catarina, onde permaneceu três anos pregando e traduzindo textos para o português. Foi nesse período que Orlando Boyer foi convidado a ministrar suas pregações através da CPAD


. Ele continuou no Brasil,até que doença de sua esposa o levou de volta aos Estados Unidos. Lá, a Ethel faleceu em 14 de outubro de 1967. Voltou ao Brasil, aonde faleceu,aos 85 anos de idade.

 


Obra e pregação

Orland Boyer ensinava aos seus fiéis que fizessem longos períodos de oração afim de obter gratificação futura. Dono de um poder retórico impecável, pregou principalmente às camadas mais pobres da população brasileira, de baixo nível de educação, utilizando muitos sofismas
. Ele publicou 131 obras, sendo 16 de sua autoria e as outras traduções por ele feitas. Seus livros até hoje são bastante lidos pelo público evangélico. De suas obras destacam-se Âncora da Alma, Pequena Enciclopédia Bíblica, Espada Cortante (dois volumes), Esforça-te para Ganhar Almas, Daniel Fala Hoje, Visão de Patmos e Heróis da Fé.

Repercussão e críticas

Boyer é pouco conhecido pelo público brasileiro em geral,sendo a repercussão de seu nome predominante sobretudo com os protestantes. A maioria dos evangélicos que leem a obra do norte-americano são da Assembleia de Deus,denominação pela qual administrou pregações pelo Brasil. Porém Orland Boyer também é lido por evangélicos de outras denominações,inclusive tradicionais,sendo que em menor intensidade. . Para os seus seguidores,Boyer é considerado um homem que agiu de forma hulmide,que adotando um ideal de pobreza.

26 de agosto de 2013

Martin Niemöller. Herói da Resistência alemã contra os nazistas


Martin Niemöller. Herói da Resistência alemã. 6 de março. Aniversário de seu falecimento

"Primeiro vieram atrás dos comunistas,
mas eu não era comunista
não ergui a voz.

Logo depois vieram pelos socialistas e os sindicalistas,
mas como nenhuma das duas coisas,
tampoco ergui a voz(contra).

Depois vieram atrás dos judeus,
e como eu não sou judeu,
tampouco ergui a voz

E quando vieram atrás de mim,
já não restava ninguém que levantasse a voz
para me defender.
"

Martin Niemöller é, talvez, a figura emblemática da resistência alemã ao Terceiro Reich. Havia nascido em Lippstadt, Westphalia, em14 de janeiro de 1892. Foi tenente de um submarino durante a Primeira Guerra Mundial e por seus serviços recebeu a condecoração 'Pour le Mérite'.

Finalizada a contenda dedicou suas horas ao estudo da teologia. Em 1924 foi ordenado pastor. Entre 1931 e 1937 teve a seu cargo a igreja Berlim-Dahlem e, como muitos outros alemães protestantes, deu as boas-vindas ao nazismo quando assumiu o poder em 1933. Acreditava, como acreditou a maioria no começo, que Hitler encarnava o renascimento do nacionalismo alemão, mitologia desvalorizada por conta da derrota e dos acordos de Versailles.

Sua prematura autobiografia, 'Do submarino ao púlpito´ ('Vom U-Boot zur Kanzel'), de 1933, foi profusamente elogiada pela imprensa por suas idéias e prosa patrióticas.

Niemöller compartilhava com o regime nazi o desprezo pelos comunistas e pela República de Weimar sobre a qual ele mesmo diz que só havia dado à Alemanha 'catorze anos de obscuridade'.

Desencanto e desobediência

Mas rapidamente, contudo, em meados de 1934, a ilusão de Niemöller se desvaneceu quando Hitler subordinou a Igreja Evangélica da Alemanha com a colaboração de Ludwig Müller, o bispo do Reich. Instaurou-se um tipo de neo-paganismo. O Antigo Testamento foi abanadonado. Todos os pastores foram obrigados a jurar lealdade ao Reich sob a ordem de 'Um Povo, Um Reich, Uma Fé'. Aqueles que se opuseram a aberração foram presos e muitos morreram nas câmaras de gás. 'O Nacional-Socialismo e o Cristianismo são irreconciliáveis', repetia Martin Bormann, à sombra de Hitler.

Com o objetivo de preservar a independência da Igreja Luterana dos avanços do poder totalitário, Niemöller fundou em 1934 a Liga Pastoral de Emergência (Pfarrernotbund)e assumiu a condução da Igreja Confessional (Bekennende Kirche), movimento opositor que se diferenciou claramente dos cristãos simpatizantes do nazismo.

Em março no Sínodo Geral de maio de 1934, a Igreja Confessional se declarou como a legítima representante do protestantismo na Alemanha e atraiu para as suas fileiras mais de sete mil pastores. Com conhecimento de causa de quais eram os planos que a autoridade tinha para ele, Niemöller disse em um de seus últimos sermões no Reich: 'Devemos usar nossos poderes para nos libertamos do braço opressor da autoridade assim como o fizeram os Apóstolos de outrora. Não estamos dispostos a guardar silêncio por mando do homem quando Deus nos ordenar a falar.'

Hitler, furioso com a atitude de aberta rebeldia do outrora elogiado ministro da fé, ordenou sua prisão no 1º de julho de 1937. Levado a juízo em março de 1938, Niemöller foi considerado culpado de ações subversivas contra o Estado e o condenou a sete meses de reclusão e a pagar uma multa de dois mil marcos.

Logo após de cumprir a pena, Niemöller continuou praticando sua tenaz desobediência e foi novamente preso. Desta vez a condenação foi mais dura e resultou em ter que passar sete anos preso no campo de concentração de Sachsenhausen sob a figura legal de 'custódia preventiva' e, por ordem de Hitler, como 'prisioneiro pessoal do Führer'. As tropas aliadas o libertaram em 1945. Nesse mesmo ano e durante uma de suas aulas, já restituído à vida acadêmica, um aluno, atordoado pelo relato de Niemöller sobre o sucedido na Alemanha, perguntou-lhe como tudo isso havia sido possível. Logo depois de meditar alguns segundos, respondeu-lhe com o famoso poema que inicia este artigo.

Em 1947 foi eleito presidente da Igreja Protestante em Hessen e Nassau, cargo que ocupou até seu retiro em 1964, com a idade de setenta e dois anos.

Pacifista consumado, dedicou os últimos anos de sua vida a pregar sobre o perigo das armas nucleares, atividade que o conduziu a múltiplos encontros com políticos e organizadores do bloco soviético. Morreu em Wiesbaden, em 6 de março de 1984.

fonte:http://holocausto-doc.blogspot.com.br/2007/10/martin-niemller-heri-da-resistncia-alem.html

14 de agosto de 2013

Lyman Beecher Aboliconista Americano


Lyman Beecher      (12 de outubro de 177510 de janeiro de 1863), abolicionista e clérigo presbiteriano americano.




Um dos alunos de Timothy Dwight, Lyman Beecher (1775-1863), dedicou-se a arregimentar as forças do reavivamento em organizações permanentes que visavam evangelizar e reformar os Estados Unidos. Graças aos seus esforços, e aos de pessoas com a mesma visão, foram fundadas entidades como a Junta Americana para Missões Estrangeiras (1810), a Sociedade Bíblica Americana (1816), a Sociedade de Colonização para escravos libertos (1817), a União Americana das Escolas Dominicais (1824), a Sociedade Americana de Tratados (1825), a Sociedade Americana de Educação (1826), a Sociedade Americana para a Promoção da Temperança (1826), a Sociedade Americana de Missões Nacionais (1826) e muitas outras organizações. Essas agências deram ao Segundo Despertamento uma duradoura influência institucional que o primeiro não produziu.









Liman teve uma filha que foi mais famosa que ele, trata-se de Harriet Beecher Stowe, dela falou Abraam Linconl:

Esta mulher e este livro foram as causas da guerra entre o norte e o sul nos EUA.

Quem é Harriet Beecher Stowe?

Harriet Beecher Stowe nasceu em 1811, nos EUA. Era filha do pregador evangelista Lyman Beecher e durante alguns anos trabalhou como professora. A sua primeira publicação foi um livro sobre geografia para crianças. Em 1836, casou com um professor de teologia, Calvin Stowe. Durante a vida, Harriet escreveu poemas religiosos, livros de viagens, histórias para jornais locais, romances para crianças e também para adultos. Conheceu e correspondeu-se com Lady Byron, Oliver Wendell Holmes e George Eliot. “A Cabana do Pai Tomás” é o seu livro mais conhecido e um poderoso símbolo de liberdade: a exaltação de princípios contra a escravidão contribuiu para precipitar a Guerra Civil Americana.
 Após a publicação deste livro, Harriet foi convidada para falar sobre a escravatura na América e também na Europa. Em 1856, publicou uma segunda novela sobre o tema, “Dred”. A abolicionista Harriet Beecher Stowe morreu com 85 anos, em 1896, em Hartford Conneticutt.

12 de agosto de 2013

LILIAS TROTTER - MISSIONÁRIA NA ARGÉLIA


Lilias Trotter e a Linguagem que Ninguém Conhece



Enquanto escrevo isto, a minha mulher Noël está em Knoxville, Tennessee, onde foi falar numa conferência de mulheres. Entre os seus temas ela tem uma biografia de Lilias Trotter. Trotter foi para a Argélia em 1888 como missionária e fundou a Algiers Mission Band. Uma das coisas mais notáveis sobre ela é que era uma pintora bastante talentosa antes de sair para África, uma das melhores artistas do século XIX, de acordo com John Ruskin. Desistiu desta carreira em troca de viagens perigosas em regiões muçulmanas onde ganhou convertidos entre os árabes, os franceses, os judeus e africanos negros.

Noël indicou-me um dos seus perspicazes pensamentos. Ele tem profundas implicações para a propagação da fé cristã no nosso mundo deveras secular. Citá-lo-ei e depois farei alguns comentários. Cautela, pois não é simples de entender no início. Ela escreveu em 1929,

Quando queremos uma palavra de humildade, esperança ou santidade, só podemos buscá-la nos clássicos, vagamente conhecidos por leitores comuns. Nós escrevemos para um povo ainda não espiritualmente nascido; as palavras só serão entendidas quando as realidades nas quais elas se firmam necessitem serem expressas. Temos de construir uma linguagem espiritual contra a época em que será desejada (I. Lilias Trotter, por Blanche AF Pigott, [London: Marshall, Morgan & Scott Ltd, nd], pp . 129-30)



Não se trata apenas de apresentar um Evangelho em palavras que as pessoas podem compreender, mas de dar-lhes a semente de uma linguagem espiritual em que as coisas que o Espírito Santo ensina possam ser expressas. A carência disso parece ser inversamente proporcional à riqueza da linguagem no respeito aos assuntos seculares... As palavras para as realidades espirituais têm de ser enxertadas na linguagem coloquial, esperando a seiva da nova vida para uni-las numa torrente através delas. (ibid., p. 137)

Pense por um instante em como as palavras se relacionam com a realidade. A palavra "dor de cabeça" existe porque essa experiência existe. Uma pessoa que nunca teve uma dor de cabeça só pode adivinhar o que a palavra se refere. Pode tentar fazer uma analogia: Talvez seja como uma náusea na cabeça. Ou pegue na palavra "cavalheirismo." Se um homem não tem essas tão nobres inclinações não importa quantas definições usemos, ele não saberá, na realidade, do que estamos falando.

Ou perguntemos: "Por que é que existe a palavra obsequioso?" Ela existe porque ao longo do tempo as pessoas mais exigentes viram um tipo de atitude e comportamento que precisavam de uma palavra para descrever. Se você ainda não viu e sentiu este tipo de comportamento, então ouvir sinônimos tais como adulador, bajulador, ou lisonjeiro não vão despertar esse conhecimento.

O que Lilias Trotter disse foi que as palavras referentes a realidades espirituais devem ser usadas mesmo quando a audiência - a cultura, a época - não tenha nenhuma experiência com a qual preencha os termos. "As palavras vão ser compreendidas quando as realidades para as quais se destacam venham a precisar de expressão. Temos de fazer uma linguagem espiritual [que sirva] o tempo em que será necessitada."

Imagine tentar comunicar a realidade da "santidade" e "reverência" a um bando de criminosos que apenas têm desprezo para com a religião e sem pano de fundo religioso. Imagine dizer-lhes que a palavra de Deus é "doce", ou que o "mansos" herdarão a terra, ou de que a fé apreende a "luz do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo." Estas realidades são absolutamente preciosas e cruciais. Elas não podem ser facilmente contidas ou transmitidas numa linguagem criada e definida sem essas experiências espirituais.

Noutras palavras, Lilias Trotter estava alertando contra a ideia de que todas as realidades cruciais podem ser comunicadas na linguagem e categorias que as pessoas trazem para o evangelho. Para ter certeza, o esforço deve ser feito para ajudar as pessoas a ver a nova realidade, usando como ponteiros as palavras que eles já conhecem. No dizer dela, "As palavras para realidades espirituais têm de ser enxertadas no coloquial." Mas o que vai fazer com que o entendimento aconteça será o despertar da nova vida espiritual, preenchendo as palavras enxertadas com a realidade. Então, como ela diz, "A seiva da vida nova [irá] uni-las numa torrente através delas."

Então, como ela conclui, não podemos simplesmente assumir que a linguagem secular pode compreender a realidade espiritual que queremos comunicar. Ao invés disso, devemos "dar-lhes a semente de uma linguagem espiritual em que as coisas que o Espírito Santo ensina possam ser expressas." Existem conceitos, palavras e categorias que talvez tenham de ser introduzidas (enxertadas em algo familiar), de modo a que as realidades preciosas possam ser entendidas. "As palavras serão entendidas quando as realidades para as quais se destacam venham a necessitar de expressão". Quando a "riqueza da língua para todas as finalidades seculares" é superior, ela diz, haverá pobreza da língua para fins espirituais.

Assim, apliquemo-nos a conhecer a realidade por detrás de toda a linguagem bíblica. E trabalhemos em construir tantas pontes para o nosso mundo quantas possamos para que os significados as possam atravessar. Mas não temamos em usar a linguagem espiritual da Bíblia onde ela é estrangeira. Quando todos os nossos esforços na comunicação forem feitos, Deus criará a realidade e preencherá as palavras.

Parábolas da Cruz (1ª parte)
I. Lilias Trotter : Revista À Maturidade - Inverno de 1986
Publicação: 20/07/2009
http://www.celebrandodeus.com.br/imagens/icones/Startright.gif"Para aqueles que se voltam em direção a Ele, para a redenção...".
A morte é o portão da vida
Houve uma profunda percepção nestas antigas palavras. Porque o pensamento natural do homem a respeito da morte é o de um triste fim, em degeneração e decomposição. E ele está correto, do seu ponto de vista, pois a morte, como punição do pecado, é um fim.
Porém, é bastante diferente o pensamento de Deus na redenção do mundo. Ele toma a própria morte, que entrou com a maldição, e a torna em caminho de glória. A morte se torna um começo, em vez de um fim, pois ela se torna o meio de liberação de uma nova vida.
Assim sendo, a esperança que reside nessas lições de morte e vida em forma de parábolas, tem significado somente para aqueles que se voltam em direção a Ele, para a redenção. Para aquele que não se voltaram, a morte permanece inevitável, irrevogável, em toda a sua terrível sentença. Para estes não há nenhum raio de luz que venha através dela.
“A morte de Cruz – a hora triunfante da morte – este foi o ponto onde o portão de Deus se abriu. É a este portão que nos achegamos vez após vez, à medida em que a nossa vida se desenrola e é através dele que passamos, ainda aqui na terra, para a nossa jubilosa ressurreição, para uma vida cada vez mais abundante, pois a cada momento o morrer é ainda mais profundo. A vida cristã é um processo de livramento de um mundo para outro e a “morte”, como em verdade tem sito dito, “é o único caminho para fora de qualquer mundo em que estejamos”.
“A morte é o portão da vida”. É assim que ela é vista por nós? Temos nós aprendido a descer uma vez e outra ao amontoado das suas sombras, em tranqüilidade e confiança, sabendo que há sempre “uma melhor ressurreição” além?
É nos estágios do crescimento de uma planta, no seu desabrochar, florescer, e na produção de sementes, que essa lição veio a mim; a lição da morte em seu poder libertador. Ela veio não como meras imagens extravagantes, mas como uma das muitas vozes com as quais Deus fala, trazendo força e alegria do Seu Santo lugar.
Não podemos traçar o sinal da Cruz na primeira insinuação da nova aurora da primavera? Em muitos casos, como no caso da castanheira, antes que uma única velha folha perca o brilho, os brotos do ano seguinte podem ser vistos, no cume dos ramos e dos galhos, formados à sua própria semelhança; em outros, os brotos das folhas parecem levar a suas marcas ao se romperem através da haste vermelho-cor-de-sangue. De volta aos primeiros estágios da planta, o toque carmesim deve ser encontrado nas folhas com sementes, nos novos brotos e até mesmo nos brotos escondidos. Olhe para o fruto do carvalho, por exemplo, quando ele quebra a sua concha e veja como o broto de árvore leva a sua marca de nascença: é o vermelho-cor-de-sangue, através do qual o aspecto do raio solar surge, saindo das trevas, e o sol nasce saindo da noite. As próprias estrelas, a ciência nos diz, reluzem com esta mesma cor ao nascerem, no universo, das antigas estrelas que morrem.
Que seja também verdadeiro no mundo da graça, assim como o é na Natureza, que cada alma que entre na verdadeira vida, leve no seu princípio este selo carmesim; deve haver o “aspergir do Sangue de Jesus Cristo” individual. Que cada alma saia através do Portão da Cruz.
E aqui está o indispensável. A morte é o único caminho para fora do mundo de condenação em que residimos. Encerrados neste mundo, é vã qualquer batalha para sair dele por esforço próprio; nada pode revogar o decreto: “a alma que pecar, esta morrerá”.
A única escolha que resta é esta: Ou será a nossa própria morte sob a antiga liderança de Adão, segundo todo o significado que Deus dá a essa palavra, ou será a morte de outro em nosso lugar, sob a liderança de Cristo.
É quando chegamos ao desespero, quando nos sentimos imobilizados esperando a nossa ruína, que a glória e a beleza do caminho de escape divino, amanhecem sobre nós, e nos submetemos a Ele neste caminho. Toda a resistência se quebra, à medida em que a fé se firma no fato: “Ele me amou e se entregou por mim”. Recebamos a expiação tão duramente ganha, e saiamos para dentro da vida, não somente perdoados, mas purificados e justificados.
A morte para a penalidade do pecado é o caminho para uma vida de justificação
À medida em que saímos livres, descobrimos que do outro lado da Cruz uma nova existência realmente começou; que o amor do Crucificado tocou as fontes do nosso ser – estamos em outro mundo, sob um céu aberto. “Cristo sofreu pelos pecados, o Justo pelos injustos, para que pudesse nos trazer a Deus”.
Será que você, que lê essas palavras, é alguém que está tentando lutar para sair desta vida natural, para entrar na espiritual, por algum outro caminho que não seja este caminho da Cruz? Isso é tão impossível quanto seria passar de hoje para amanhã, sem fazê-lo através da noite. Sua batalha é uma batalha contra Deus. Renda-se e aceite as Suas condições. Renda-se agora!
Mas, por mais abençoada que possa ser esta passagem para uma vida de paz com Ele, ai da alma que estaciona, pensando que o alvo foi alcançado, e mingua, constituindo-se, por assim dizer, um broto atrofiado. Santidade, não segurança, é o objetivo do nosso chamamento.
E acontece então, que a pressão de uma nova necessidade de livramento é logo sentida por aquele que é leal a voz de Deus em seu coração. As duas vidas estão ali juntas, uma recém-nascida e frágil, a outra forte com um crescimento anterior. “A carne milita contra o espírito e o espírito contra a carne”, e o poder da vontade é dividido entre as duas vidas, tal como a seiva que flui parcialmente para as velhas folhas condenadas e parcialmente para os tenros rebentos.
Consequentemente, há o conflito de um reino dividido contra si mesmo: algumas vezes elas lutam lado a lado, até que o clamor é arrancado – “Ó, desventurado homem que sou; quem me livrará?”
E novamente aqui, quando o ponto de desespero é alcançado, e chegamos a ver que nossos esforços em busca da santidade são tão inúteis quanto os nossos esforços em busca da aceitação para com Deus, é que a porta de escape se abre outra vez.
Glória seja dada a Deus, pois há um caminho definido que conduz para fora da prisão da vida de luta e derrota, pecado e arrependimento, onde tantas almas se debatem por anos, após resolvida a questão do perdão. E este caminho é, novamente, o caminho de morte.
Um estágio de morte deve vir sobre a planta, antes que as novas folhas possam crescer e florescer. Deve haver uma escolha deliberada entre o antigo crescimento e o novo; um deve dar lugar ao outro; o fruto do carvalho tem que chegar ao ponto em que deixe de sustentar a pobreza da sua antiga existência, e permita que toda a seiva vá para o novo rebento; o galho deve retirar sua seiva da folha do ano anterior, e deixa-la fluir para o rebento deste ano.
E antes que a alma possa realmente entrar em uma vida de santidade, com todas as suas abençoadas e infindáveis possibilidades, uma escolha semelhante deve ser feita: todo pecado conhecido deve ser deliberadamente abandonado, para que a marcha ascendente possa ter pleno desenvolvimento.
“Mas”, você diz, “tenho tentado uma vez e outra abandonar o pecado; tenho orado e tenho feito propósitos, mas a vontade encontra seu caminho de volta pelos antigos canais, e mantém vivo o passado, antes que eu o perceba”.
Olhe para a nossa parábola. Os botânicos dizem que em volta do caule da folha, no outono, forma-se uma camada de células de parede fina denominada, “a camada da separação”. Estas células comprimem e rompem as células mais velhas, e, por sua vez, se desintegram até que, sem nenhum esforço, a folha se desprende num corte tão perfeito como se feito por uma faca. A planta sentencia a folha à morte, e os ventos de Deus executam a sentença.
Mas, onde está a barreira que podemos colocar entre nós e a velha natureza? Onde está a sentença de morte que podemos pronunciar sobre ela?
Estamos novamente de volta à cruz! É ali, ao nosso alcance. “Nosso homem velho foi crucificado; pois quem está morto está justificado do pecado”.