SERMÃO DE NATAL Spurgeon
SPURGEON
PARTE 1
"Onde está aquele que é nascido Rei dos judeus? Porque vimos a
sua estrela no oriente e viemos para adorá-lo" Mt 2.2
As boas novas foram dadas a conhecer a uns simples pastores de Belém, enquanto que os doutores da lei e os estudiosos e religiosos da época não souberam nada sobre o maior de todos os acontecimentos: O NASCIMENTO DO MESSIAS
Também para alguns sábios, uns magos que eram estudiosos das estrelas e dos antigos livros proféticos do longínquo oriente. Não seria possível dizer que tão longe se encontravam de seu país de origem;
Poderiam ter vindo da
Pérsia, da Índia, de Tártaro, ou ainda da misteriosa terra de Sinim, conhecida
hoje por nós como a China. Se assim foi, estranho e ordinário deve ter sido a
língua daqueles que adoravam ao redor do Menino de Belém.
Por que o
nascimento do rei dos judeus foi dado a conhecer a esses estrangeiros e não aos
mais próximos da própria casa? Por que o Senhor selecionou aos que estavam a
centenas de milhares de kilômetros de distância, enquanto que os filhos do
reino, em cujo próprio seio nasceu o Salvador, eram estranhamente ignorantes de
Sua presença? Vejam aqui, outra vez, outro exemplo da soberania de Deus.
Tanto nos pastores
como nos magos do oriente que se juntaram em torno do Menino, vejo como Deus
dispensa Seus favores como deseja, e, vendo-o, exclamo: “Te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste nessas coisas
aos sábios e dos entendidos, e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque
isso lhe aprouve”.
A soberania nesses
casos se vestiu com as roupas da misericórdia. Foi uma grande misericórdia que
considerou o humilde estado dos pastores, e foi uma misericórdia de longo
alcance a que reuniu desde terras assentadas em trevas um grupo de homens
feitos sábios para salvação. A misericórdia, levando suas resplandecentes
joias, esteve presente com a soberania divina no humilde albergue de
Belém.
Vamos procurar
aprender agora uma lição prática da história dos magos que vieram do oriente
para adorar a Cristo. Se Deus o Espírito Santo nos instrui, poderemos extrair
um ensino que nos conduza converter-nos em adoradores do Salvador e em ditosos
crentes Nele.
Notem,
primeiro, sua pergunta. Que muitos de nós
nos voltamos inquisidores a respeito do mesmo assunto: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus?” Notem, em segundo
lugar, um estímulo: “porque nós vimos
sua estrela.” Devido que tinham visto a estrela, eles tiveram a valentia de
perguntar: “Onde Ele está?” E logo, em terceiro lugar, seu exemplo:
“Viemos a adorá-lo”.
I. Consideremos SUA PERGUNTA: “Onde está aquele?”
Muitas coisas são
evidentes nessa pergunta. É claro que quando os magos fizeram essas pergunta,
tinham em suas mentes um vivo interesse. O rei dos judeus tinha nascido, porem
Herodes não perguntou: “Onde ele está?” somente depois ele fez a pergunta
com um espírito mal intencionado. Cristo nasceu em Belém, perto de Jerusalém;
no entanto, ao longo de todas as ruas da cidade santa não havia pessoas que
perguntassem: “Onde ele está?”.
Meus queridos
ouvintes, quero crer que existem aqui pessoas querendo saber onde está Jesus,
porque, nos vemos forçados a lamentar amargamente o desinteressa da humanidade
pelo Bendito Senhor.
Desprezado e
rejeitado entre os homens, os seres humanos não vem Nele nenhuma formosura para
desejá-lo; mas existe um povo que o ama e que procura por ele diligentemente e
que sai a recebê-lo; para eles, Ele lhes dá poder de serem feitos filhos de
Deus. Portanto, é uma feliz circunstância quando existe evidência de um
interesse.
Nem sempre existe
um interesse evidente nas coisas de Cristo, ainda mesmo em nossos ouvintes
regulares. Ir à adoração pública se converte em mero hábito mecânico; vocês se
acostumam a estarem sentados durante uma parte do serviço, e a se colocarem de
pé e a cantar em outra parte, e a escutar o pregador com uma aparente atenção
durante o discurso; porem, estar realmente interessado, anelar saber de que
tudo isso se trata, especialmente saber se possuem parte Nele, se Jesus veio
dos céus para salvá-los, se nasceu de uma virgem por vocês, fazer essas
perguntas pessoais com profunda ansiedade, está longe de ser uma prática
generalizada; queira Deus que todos os que têm ouvidos para ouvir ouçam de
verdade.
Quando um
homem escuta com profunda atenção a palavra de Deus, quando pesquisa o livro de
Deus e se entrega a uma meditação profunda com intenções de entender o
Evangelho, temos muita esperança nele.
Porem, no caso dos
magos, vemos não somente uma amostra de interesse, mas sim a confissão de uma crença. Eles perguntaram: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus?”, Oh, que
vocês pudessem ir desde esse ponto de fé para outro e se convertessem em
ardentes crentes em Jesus. Esses magos tinham tanta fé que criam que Cristo
tinha nascido, e que tinha nascido sendo Rei. Muitos que não são salvos sabem
que Jesus é o Filho de Deus, porém não o servem.MAS E VOCÊ, SE VOCÊ SABE QUE
JESUS É O SEU REI, ENTÃO PORQUE NÃO O SERVE?
Vocês ocupam
certamente a posição de pessoas altamente favorecidas. . Valorizem o que já
receberam. Quando os olhos de um homem estiveram cerrados longamente nas
trevas, se o oculista lhe dá um pouco de luz, ele está muito agradecido por
isso, e tem a esperança de que o olho não esteja destruído, que talvez graças a
outra operação lhe possam tirar as escamas, e a luz plena possa entrar a plenos
raios no entenebrecido globo ocular. Oh alma, que logo passará para o outro
mundo, que está tão segura de perder-se a menos que tenha a luz divina, que
está tão segura de ser lançada às trevas exteriores onde há pranto, gritos e
rugir de dentes, você deve estar agradecida por uma fagulha de luz celestial;
valorize-a, entesoure-a, tenha ansiedade a respeito dela para que possa chegar
a algo mais, e quem sabe se o Senhor irá abençoá-la com a plenitude de Sua
verdade?
Quando a grande
ponte sobre as cataratas do Niágara foi construída, a dificuldade consistia em
passar a primeira corda através da ampla corrente. Eu li que puderam fazer isso
lançando uma pipa ao ar e a deixando-a cair na ribeira oposta. A pipa
transportou um pedaço de laço, e o laço ia atado a uma corda, e tal corda ia
atada com um cabo, e o cabo ia atado com outro cabo mais forte. E pouco a pouco
chegaram de um lado a outro do Niágara e concluíram a construção da ponte. De
igual maneira, Deus trabalha gradualmente. É um belo espetáculo ver um pouco de
interesse nos corações humanos a respeito das coisas divinas, ver algum pequeno
anseio por Cristo, algum fraco desejo de saber quem Ele é e o que Ele é, e se
está disponível para o caso do pecador. Essa fome conduzirá a um anseio
veemente de mais coisas, e esse anseio veemente será seguido por outro, até
que, por fim, a alma encontrará seu Senhor e ficará satisfeita Nele. Portanto,
no caso dos magos, havia evidência de um interesse e de certa medida de
profissão de fé, como espero que exista em alguns dos presentes aqui.
Alem disso, no caso
dos magos, vemos uma admitida ignorância. Os estudiosos
nunca desdenham fazer perguntas, porque são homens sábios; sendo assim sábios
perguntaram: “Onde ele está?”. Pessoas que tomaram o nome e grau de sábios, e
são consideradas nessa categoria, algumas vezes pensam que é abaixo de seu
nível confessar algum grau de ignorância; porem, aqueles que são realmente
sábios não pensam assim; estão demasiadamente bem instruídos para ignorarem sua
própria ignorância. Muitos homens poderiam ser sábios somente com estarem
conscientes de que eram néscios. O conhecimento de nossa ignorância é a escada
da porta do templo do conhecimento. Alguns pensam que sabem, e por isso nunca
chegam a conhecer. De terem conhecido que estavam cegos, logo teriam sido
conduzidos a ver, porem, como diziam: “Vemos”, sua cegueira permanece.
Amado ouvinte,
vocês precisam encontrar um Salvador? Gostaria de bom grado que todos seus
pecados fossem apagados? Gostaria de ser reconciliado com Deus por meio de
Jesus Cristo? Então, que não lhe dê vergonha perguntar, admita que não sabe ou
conhece. Como poderia saber se o céu não lhe ensinasse? Como poderia alcançar o
conhecimento das coisas divinas a menos que lhe seja dado de cima? Todos nós
temos de ser instruídos pelo Espírito Santo, ou seremos néscios para sempre.
Saber que devemos ser instruídos pelo Espírito Santo é umas das primeiras
lições que o próprio Espírito Santo nos ensina. Admita que você necessita de um
guia, e pergunte diligentemente para que ache um. Clame a Deus pedindo-lhe que
o guie, e Ele será seu instrutor. Não seja altivo nem autossuficiente. Peça
pela luz celestial, e você a receberá; por acaso não é melhor que peça a Deus
que lhe ensine em vez de confiar em sua própria razão desvalida? Dobra, então,
seu joelho, e confessa sua propensão ao erro, e diga: “Ensine-me Tu o que não
sei”.
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