A Fé dos Humanistas*
Autor: Francis Schaeffer**
Tradução: Felipe Sabino de
Araújo Neto
Revisão: Walter Andrade Campelo
Revisão: Walter Andrade Campelo
Duas Colunas
Duas colunas
distinguiam a Igreja cristã primitiva de qualquer outro sistema religioso.
A primeira dizia respeito ao
fundamental problema da autoridade. Em tal Igreja só
existia uma autoridade final: a Bíblia, a Sagrada Escritura. Isto se depreende claramente dos
ensinamentos de Jesus, de Paulo e da totalidade do Novo Testamento. Entre os
leitores do presente tratado, muitos crerão que a Igreja primitiva estava certa
em sustentar este conceito da Escritura; porém, até mesmo aqueles que não o
aceitam, deveriam compreender que tal foi o conceito da Igreja, para assim
entender intelectualmente a mesma.
Os primeiros cristãos criam
que a Sagrada Escritura lhes dava uma autoridade externa ao âmbito do
relativista, mutável e limitado pensamento humano. Assim, com esta visão da
Palavra, tinham o que consideravam uma autoridade não humanista.
A outra coluna da Igreja
primitiva que a diferenciava de todos os demais sistemas religiosos era sua
resposta à pergunta: Como se achegar a Deus?
Se Deus existe e é santo, perfeitamente santo,
vivemos num universo moral.
Se Deus não existe ou se é
amoral ou imperfeito, vivemos, conseqüentemente, num universo relativo com relação
à moral.
Por outro lado, se Deus é
perfeito, e mantém sua total perfeição, então, como é óbvio que nenhum homem é
moralmente perfeito, todos eles estarão condenados.
A única coisa que poderia
resolver este dilema, verdadeiramente básico, acerca de se o universo é moral
ou amoral, seria o ensinamento da Bíblia e da Igreja primitiva.
Tal ensinamento foi que Deus
nunca diminuiu o nível de Suas normas, que Ele exige perfeição e que,
portanto, Ele é completamente moral;
E que, porém, por causa do
amor de Deus, veio Jesus Cristo como Salvador, e realizou uma obra infinita e definitiva
na cruz, de maneira que o homem já pode se achegar ao Deus totalmente santo e
perfeito, apoiado nesta obra perfeita e consumada, pela fé e sem obras humanas
relativas, esta é a segunda coluna.
Uma vez que se ensina a exigência
por parte de Deus de perfeição total, se mantém a existência de um universo
moral; e ao se ensinar a obra perfeita do Salvador, segue-se que não
necessariamente todos os homens sejam condenados. Assim, qualquer elemento
humanista e egoísta é destruído; jamais nenhum outro sistema - seja religioso,
seja filosófico - deu semelhante resposta.
Assim, pois, as duas colunas distintivas
da Igreja primitiva eram um golpe combinado e completo contra o humanismo. A autoridade ficava fora da mutável jurisdição
humana e assim, o acesso pessoal de cada indivíduo ao Deus eternamente santo se
baseava, não nos atos morais ou religiosos relativos do homem, mas na absoluta
e definitiva obra (e por ser Ele Deus, infinita) de Jesus Cristo.
Tudo isto fazia
que o homem fosse arrancado do centro do universo, donde havia intentado situar
a si mesmo, quando se rebelou contra Deus na histórica queda no Éden, e destruía
o humanismo, atacando-lhe no seu próprio coração.