A
HISTÓRIA DOS VALDENSES
Por J. A. Wylie (1808-1890)
London: Cassell and Company, 1860
Por J. A. Wylie (1808-1890)
London: Cassell and Company, 1860
CAPÍTULO 2
Os valdenses, suas missões e martírios
Seu Sínodo e Faculdade – Seus Dogmas Teológicos – A sua versão do Novo Testamento – A Constituição da sua Igreja – Seus Trabalhos Missionários – A grande difusão de suas doutrinas
Os valdenses, suas missões e martírios
Seu Sínodo e Faculdade – Seus Dogmas Teológicos – A sua versão do Novo Testamento – A Constituição da sua Igreja – Seus Trabalhos Missionários – A grande difusão de suas doutrinas
– Os valdenses do norte da
Itália foram um povo remanescente da era apostólica e a prova disso, além deles
não terem sido alcançados pelo catolicismo, eram ferozes combatentes das heresias
romanas, além disso, somente com a bíblia conseguiram confeccionar um conjunto
de doutrinas, dignos de admiração, conforme um livro antigo valdense chamado
Nobla Leycon pode testificar
Eles criam:
-Na morte expiatória e a
justificação de Cristo foi a sua verdade cardeal.
-Na doutrina da Trindade
- A queda do homem, a encarnação
do Filho
- Na autoridade perpétua do
Decálogo como dado por Deus
- Na necessidade da graça divina
para praticar boas obras, a necessidade de santidade, a instituição do
ministério, a ressurreição do corpo e a bem-aventurança eterna do céu.
A irrepreensibilidade dos valdenses se tornou
um provérbio, de modo que se alguém que normalmente fosse isento de vícios do
seu tempo era como a certeza de ser suspeito de ser um Vaudes. [O Nobla Leycon)
tem a seguinte passagem: - "Se há um
homem honesto, que deseja amar a Deus e reverenciar Jesus Cristo, que não faça
calúnia, nem jure, nem minta, nem comete adultério, nem mata, nem rouba, nem se
vinga de seus inimigos, eles num instante dizem que ele é um Vaudes e digno de
morte"].
As acusações contra os valdenses incluíram uma
lista formidável de "heresias". Eles sustentavam que não houve
verdadeiro Papa desde o dia de Silvestre; que os ofícios temporais e dignidades
não são encontrados entre os pregadores do Evangelho, que as indulgências do
papa eram uma fraude, que o purgatório era uma fábula; relíquias eram simplesmente
ossos podres que haviam pertencido a não se sabia quem; que ir em peregrinação
não servia para nada, senão para esvaziar as economias, que a carne podia ser
consumida em qualquer dia, se o apetite lhe conviesse; que água benta não foi
nem um pouco mais eficaz que a água da chuva; e que a oração em um celeiro era
tão eficaz como se oferecida em uma igreja. Eles foram acusados, por outro
lado, de zombar da doutrina da transubstanciação, e de ter falado de forma
blasfema de Roma como a prostituta do Apocalipse. [Veja uma lista de várias
heresias e blasfêmias sobre os valdenses pelo Inquisidor Reynerius, que
escreveu por volta do ano 1250, e extraído por Allix (cap. 22).]
A Igreja
dos Alpes, na simplicidade de sua constituição, pode ser considerada como tendo
sido um reflexo da Igreja dos primeiros séculos. Todo o território incluído nos
limites valdenses foi dividido em distritos. Em cada distrito foi colocado um
pastor, que conduzia o seu rebanho para a água viva da Palavra de Deus. Ele
pregava, dispensava as ordenanças, visitava os enfermos e catequizava os
jovens. O sínodo se reunia uma vez por ano. Era composto por todos os pastores,
com igual número de leigos, e seu lugar de reunião mais frequente foi o vale da
montanha isolada na cabeça de Angrogna. Às vezes até cento e cinqüenta
pastores, com o mesmo número de membros leigos, compareciam. Podemos
imaginá-los sentados, pondo-se nas encostas do vale gramíneo - a venerável
companhia de humildes, instruídos, sérios homens, presidida por um simples
moderador (o cargo ou a autoridade era desconhecida entre eles), e suspendendo
suas deliberações e respeitando os assuntos de suas igrejas e a condição de
seus rebanhos, apenas para oferecer suas orações e louvores ao Eterno, enquanto
a neve dos majestosos picos olhava de cima para eles desde o firmamento
silencioso. Não havia necessidade, na verdade, de um santuário magnífico, nem
de ostentação de rituais místicos para fazer a sua augusta assembléia.
Os padres raramente enfrentavam os argumentos
dos missionários valdenses.
Manter a
verdade em suas próprias montanhas não era o único objeto desse povo. Eles
tinham relações com o resto da cristandade. Tinham o desejo de conduzir as
pessoas para fora da escuridão, e voltar a conquistar o reino que Roma tinha
dominado. Eles eram evangelistas, assim como uma igreja evangélica. Era uma
velha lei entre eles que todos os que fossem ordenados em sua Igreja deviam,
antes de ser elegível para um cargo na sua igreja, servir três anos no campo
missionário. Os jovens em cujas cabeças os pastores impunham as mãos não se
viam em perspectiva de um rico benefício, mas de um possível martírio. Seu
campo de missão eram os reinos que estavam espalhados aos pés de suas próprias
montanhas. Saíam dois a dois, ocultando seu caráter real sob o disfarce de uma
profissão secular, comumente como comerciantes e feirantes. Levavam sedas,
jóias e outros artigos, que nesse tempo não era facilmente compráveis em
mercados distantes, e eram bem recebidos como negociantes onde teriam sido repelidos
como missionários. A porta da casa de campo e no portal do castelo do barão
ficava igualmente aberta a eles. Mas o seu discurso era mostrado principalmente
na venda, sem dinheiro e sem preço, a mercadoria mais rara e mais valiosa do
que as jóias e sedas, que havia conseguido a entrada deles. Eles tiveram o
cuidado de levar consigo, escondido entre os seus produtos ou sobre as suas
roupas, porções da Palavra de Deus, comumente a sua própria transcrição, e para
isso chamavam a atenção dos moradores. Quando viam o desejo de possuí-la, eles
livremente faziam uma doação quando os meios de compra estavam ausentes.
Não houve reino do sul e Europa
Central que esses missionários não entraram, e onde não deixaram vestígios de
sua visita nos discípulos que fizeram. No oeste, penetraram na Espanha. No sul
da França encontraram companheiros congênitos – os Albigenses, pelo quais as
sementes de verdade foram abundantemente espalhadas sobre Dauphine e Languedoc.
No leste, descendo o Reno e o Danúbio, eles influenciaram Alemanha, Boêmia e
Polônia, com suas doutrinas, sua trilha sendo marcada com os edifícios de culto
e as estacas de martírio que surgiram em torno de seus passos. Mesmo na cidade
das sete colinas que não tinham medo de entrar, espalharam as sementes no solo
desagradável, para ver se por ventura algumas viessem a enraizar-se e crescer.
Seus pés descalços e trajados com roupas de lã grossa os tornaram figuras
marcadas, nas ruas de uma cidade que se vestia de púrpura e linho fino, e
quando a sua real incumbência foi descoberta, às vezes por acaso, os
governantes da cristandade tiveram mais cuidado, em seu próprio caminho, pela
eclosão da semente, regando-a com o sangue dos homens que haviam o semeado
[McCrie, Hist. Ref. na Itália, p. 4].
Assim a Bíblia naqueles tempos,
velando a sua majestade e missão, viajando em silêncio através da cristandade,
entrando em casas e corações, fazia ali a sua morada. De sua imponente sede,
Roma olhou com desdém sobre o livro e os seus portadores humildes O olhar
penetrante de Inocêncio III detectou o perigo que estava a surgir. Ele viu nos
trabalhos desses homens humildes o início de um movimento que, se autorizadas a
continuar ganhando força, varreria para longe tudo o que eles tinham tomado à
custa de laboriosas intrigas por séculos para conseguir. Ele imediatamente
começou as terríveis cruzadas, que destruiu os semeadores, mas regou a semente,
e ajudou a trazer na sua hora marcada, o ressurgimento da igreja apostólica,
com a reforma de Lutero, da qual os Valdenses foram precursores.
Fonte: www.discernimentobiblico.net/valdenses%20cap2.html
.Obrigado por disponibilizar esse material. Deus o abençoe
ResponderExcluirMuito bom
ResponderExcluir