Fernanda Brum
Em entrevista
exclusiva ao Portal lagoinha.com, Fernanda Brum fala de sua experiência com o
aborto e do trabalho do AMGI – Uma ONG que tem como objetivo a preservação da
vida. A
maior parte do público que acompanha a vida e o ministério de Fernanda Brum
conhece o seu testemunho de vida. Muitas mulheres que já passaram pela mesma
experiência (o aborto) ou sonham em ser mãe tem a conquista e o milagre de Deus
na vida da pastora como uma inspiração para prosseguir. Hoje, mãe de dois
filhos, Isaac e Laura, Fernanda conta, nessa entrevista, como foi passar pela
amarga e dolorosa experiência do aborto espontâneo. Ela já sofreu 4 perdas e relata
como foram difíceis os procedimentos cirúrgicos realizados para limpar o seu
útero. “Tive indicação médica porque os
corações dos embriões pararam de bater, sem causa aparente. Eu tomava
medicamento para induzir a eliminação espontânea do embrião. Algumas vezes,
lembro-me de ter voltado da anestesia gritando: ‘Meu bebê, meu bebê!’”. - detalha Fernanda. Fernanda concedeu essa entrevista
quando esteve em Belo Horizonte (MG), para participar do evento “Noite a Favor
da Vida”, promovido pelo Ministério AMGI - Apoio às Mulheres numa Gravidez
Indesejada - da Igreja Batista da Lagoinha. Além da sua experiência com o
aborto, Fernanda fala sobre sua parceria e seu trabalho com o AMGI. Ela
que defendeu e defende a causa da Igreja Perseguida em seu CD “Profetizando às
Nações”, trouxe para o seu “currículo” mais uma causa a ser defendida: o fim do
aborto. “Não somos dos
que abortam. Somos dos que adotam. O aborto é uma violência terrível contra a
mulher e contra a criança”. E deixa um recado para aqueles que decidem
sobre essa prática: “Não temos como
convencer uma mulher a não abortar com uma lei somente. É preciso o poder do
Espírito Santo, o único que convence, o único que se move e o único que nos
move a ter compaixão”.
Lagoinha.com (LC): Como se sente por ter participado mais
uma vez de um evento como esse do AMGI de porte e peso de valorização da
vida?
Fernanda Brum
(FB): Fico
muito feliz de enxergar por esse prisma. E o privilégio de estar aqui é porque
eu enxerguei isso. Tem gente que não enxergou ainda. E é pelo Espírito que a
gente enxerga certas coisas. Estou muito feliz de estar incluída, de ser útil.
Tem mérito nenhum nisso. O mérito, na verdade, é do AMGI, de estar na frente,
cuidando, lá na ponta, de cara com as mulheres. Estou aqui só para abanar uma
fogueira do Espírito. Eu quero que pegue fogo no Brasil todo.
LC: Essa iniciativa de sua participação e parceria com o AMGI se deu também por conta de sua própria experiência e seu testemunho em relação ao aborto?
FB: Principalmente.
Eu passei a odiar o aborto depois que perdi quatro crianças. Eu acho que uma
mulher só sabe o que é o aborto depois que aborta. Na verdade, nem precisa
passar por isso, para saber que é ruim. Mas quem passou pelo drama, pela dor e
pelo terror do aborto, conhece-o bem a fundo. As minhas experiências me fizeram
odiar o aborto com todas as minhas forças. Odeio o aborto e amo as mulheres!
Não quero que elas passem por isso. Se eu pudesse evitar, eu evitaria. De
alguma maneira, essa é a minha contribuição do beija-flor que traz um pouquinho
de água numa mata incendiada. A minha parte tem sido feita e espero que cada um
faça a sua própria parte.
LC: Em breves linhas, só para que as pessoas
saibam, o que diria de sua experiência e seu testemunho e como lidou com
tudo isso?
FB: Eu lidei
muito mal com tudo isso. Tive quatro experiências. Em todas foi preciso
realizar a curetagem, com exceção da primeira. Nessa, me abstrai. Não entendi,
não levei a sério, não tive a noção exata do que tinha acontecido. No segundo,
é que caiu a ficha de que havia uma criança morta dentro de mim. Era sempre
assim: gerava-se até três meses e depois parava de bater o coração. Com três
meses, o embrião já se tornou um feto. Era uma expectativa muito grande, porque
havia mudanças no corpo. Eu sentia vontade de comer mais, desejo, enjoo,
aquelas coisas comuns em grávida. De repente, o coração do bebê parava. Eu só
descobria o ultrassom de rotina. Os dois abortos depois que tive o Isaque foram
os mais difíceis. Isso porque eu já tinha tido uma criança mexendo dentro de
mim. Eu já sabia o que era uma gravidez. A expectativa de ter outro filho era
tão maravilhosa... A certeza de que estava curada, de que isso não iria se
repetir, e ... De repente, a decepção de viver, de novo, a mesma coisa. Depois
de ter tido fé, de ter sido curada e de ter recebido o Isaque. Não tem
explicação o que eu vivi. O último foi mais duro, porque eu fiquei com o feto
morto algum tempo na minha barriga. Enquanto eu caminhava em um shopping para
ter dilatação, e as pessoas me viam e me perguntavam: “Olha, como vai? Você está grávida?” E eu respondia: “Nãããooo!… Estou grávida, mas o bebê
está morto”. E elas retrucavam: “O que está fazendo então aqui?” Foram situações bem dramáticas,
difíceis e de muitador física também. Porque o aborto dói... As contrações, a
curetagem, o pós-operatório, o Endométrio todo mexido. E em uma nova gravidez,
o bebê colar numa parede que foi mexida é um milagre. Eu não desejo que ninguém
viva isso, nem espontaneamente, nem propositadamente. Foram seis gestações ao
todo, sendo quatro abortos espontâneos, dois antes do Isaac e dois depois do
Isaac. Hoje, tenho o Isaac e a Laura, minha última gestação.
LC: Uma
palavra para mulheres que tiveram uma história semelhante a sua.
FB: Perseverem
e procurem a medicina. Mas em primeiro lugar, procurem o Senhor. Deus pode usar
a medicina para nos abençoar, mas, no meu caso, a única coisa que utilizei da
medicina foram de óvulos de hormônios que o medico pediu que eu utilizasse para
aumentar a capacidade de implantação do embrião. Mas não tive nenhum tipo de
ajuda como fertilização in vitro. Até procurei, mas quando o fiz, já estava grávida. Não sou
contra. Acho até que as pessoas devem procurar a ciência. Mas, em primeiro
lugar, ao Senhor, porque é Ele quem sopra a vida. E não tem ciência que dê
jeito se Deus não soprar a vida. Perseverem e sigam em frente.
LC: Para
mulheres que passaram por uma situação de aborto quando desejavam ter um filho,
Deus pode parecer irônico. E você passou por isso. O que diria para elas que,
nessa hora, acreditam que Ele está tão longe?
FB: Eu tinha
um pavor de não amar a Deus. Quando estava passando por essas situações, além
do drama que eu vivia, o tempo todo me perguntava: “Será que eu amo a
Deus ainda?” Era meu desespero, mas sempre descobria que O amava e ficava
em paz. Eu não estava nem falando com Deus. Estava “de mal” com ele, de certa
forma, ou magoada naquele tempo. Mas eu sempre me perguntava se O amava. Meu
maior medo era deixar de amá-Lo. E isso eu não consegui porque Ele não deixou
de me amar. Mas as pessoas devem falar com Deus com muita certeza, muita
clareza. As pessoas não podem ignorar suas dores e, num momento desses, elas
devem conversar com Ele no seu quarto, em secreto, tudo aquilo que pensam. Foi
assim que fui curada, falando tudo que sentia para Deus. Porque os que choram,
serão consolados. Não podemos ignorar o luto. Ele tem um tempo para se organizar,
fazer morada e depois ir embora. Se você não encara o luto, você fica com ele
para sempre dentro de você.
LC: Para
mulheres que não tiveram um aborto espontâneo, mas optaram por ele, já o
praticaram e, hoje, convivem com a tormenta, a dor, o peso e a condenação
própria e dos outros, o que diria?
FB: Procurem
um líder evangélico, um pastor, uma pastora, uma mulher principalmente e que
tenham esse perdão liberado da boca deles. Isso faz toda a diferença. Eu atendo
mulheres assim e ouço a história delas. Elas choram, se arrependem, a gente ora
junto, eu as libero. Uma das minhas “ovelhas” (é assim que a gente chama quem
está sendo pastoreado) agora está grávida e passou por uma situação bem
parecida. Engravidou, quando não esperava e a gente orou acerca disso. Nenhuma
condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus. O sangue de Jesus não é
suco. É de verdade. E ele nos perdoa de todo o pecado.
LC: Uma
palavra para quem vive uma experiência de uma gravidez inesperada ou indesejada
e cogita a possibilidade do aborto.
FB: Procure o
AMGI correndo. Lá tem socorro, amigas, gente para ajudar em tudo. Desde que
você realmente queira ser ajudada. Sempre digo que a mulher tem direito sobre
seu corpo até receber o homem sobre ela. Depois disso, ela perdeu o direito
sobre seu corpo, e principalmente sobre o corpo alheio. Há uma lei hoje do
nacituro que protege o embrião. O governo, a Câmara, os deputados liberam um
advogado em favor do feto. Então, se souber de alguém que quer abortar, por
favor, chame um advogado, porque a lei paga, para ajudar e defender os direitos
daquele bebê na barriga da mãe. É um negócio tão sério isso. Procure o AMGI. Lá
tem como a gente ajudar. E Deus está em tudo isso. Às vezes, Ele coloca uma
porta aberta como essa para uma mulher que nem queria ter um filho e a cura
dessas mágoas de ser mãe. Todo mundo que procura o aborto tem uma mágoa de ser
mãe e um peso a respeito disso. Tenho certeza que o Espírito Santo pode ajudar.
Emocionalmente, intelectualmente, até por meio de psicólogos não evangélicos
que conhecemos. Muitos trabalham lindamente na recuperação de uma mãe dessas
que está numa gravidez indesejada, para aceitar o bebê e para entender o que
está sentindo naquele momento. É um caminho e todos nós temos que ajudar.
LC: Uma
palavra de incentivo e apoio ao trabalho do AMGI e a toda sua equipe.
FB: Não
desistam, porque o trabalho de vocês não é em vão. No céu vamos descobrir quantos
homens e quantas mulheres de Deus ficaram sobre a Terra e cumpriram com o seu
propósito para esse tempo por causa do AMGI. Façam isso de coração inteiro e
que Deus renove as forças de cada um, voluntários e funcionários, e que vocês
sejam felizes e realizados no ministério que foi sugerido pelo Espírito Santo a
todos vocês, a todos nós.
LC: Uma
palavra para mulheres que sonham um dia ser mãe, mas temem por isso ou por
causa de histórias como essas.
FB: As
pessoas têm o direito de não ter filhos. Não sou radical a ponto de achar que
quem não quer ter filhos tem problema. As pessoas têm o direito de ter filhos
ou não. Porém, aquelas que não querem por medo, precisam repensar ,porque o
medo paralisa tudo. Vai paralisar de ser mãe, mas também vai paralisar de ser
esposa, profissional e em várias áreas. O problema é o medo. Então, não deixe
de ter um bebê por causa de medo. Vença o medo e seja feliz no teu sonho.
Se você não vai ter um bebê, então entreguem às coisas de Deus. Trabalhe mais
na obra de Deus, dedique-se mais na igreja.
LC: Dá para
dizer, por tudo que faz hoje a favor da vida, que você fez da sua luta a sua
lida?
FB: Eu acho
que fiz das minhas maiores tragédias o meu maior ministério. Acho que é por aí.
LC:
Uma palavra para o marido, Emerson, e aos filhos Isaque e à Laura.
FB: Ahhhhh!…Eles
são os meus amores, a trilha sonora do filme da minha vida. (Risos). Eu amo demais esse povo que Deus me deu. Eu vivo para o
Senhor e para eles.
Lagoinha.com:
Uma palavra final de agradecimento a tudo que viu e ouviu em relação ao evento,
ao AMGI, e à sua vida e seu ministério.
Fernanda Brum:Minha vida é
agradecer (risos) porque sou muito feliz naquilo que eu faço. Sou muito grata
a Deus porque Ele me escolheu para fazer algo maravilhoso, que é levar a
Palavra dele. Em todo o tempo, a minha vida é de ação de graças. E agradeço a
Deus pelos amigos que ganhei, pelas pessoas que aqui estão comigo e que, de uma
maneira tão intensa, têm vivido o mesmo sonho, que é o de levar o
evangelho a toda criatura, seja ela grávida ou não, uma abortante ou não,
criança, velhos, empresários, ricos, pobres, seja quem for. Estamos aqui
nesse tempo vivendo o derramar do Espírito Santo, porque todas essas pessoas
estão na mesma visão. Fonte: Lagoinha.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
SE VOCÊ LEMBRA DE ALGUM HERÓI DA FÉ QUE NÃO FOI MENCIONADO, POR FAVOR MANDE UM E-MAIL PARA Gelsonlara@sbcglobal.net